Maior ameaça à Globo não é Record, SBT nem Bolsonaro 5xw3
Emissora líder na TV aberta vê um gigante do entretenimento digital ganhar cada vez mais território e ‘roubar’ talentos 1b593w
Apesar de registrar nos últimos meses queda de audiência em horários nobres, como o do ‘Jornal Nacional’ e o da novela das 21h, a Globo continua líder isolada no ranking da Kantar Ibope. 4wq22
Na média das 7 à meia-noite, o canal carioca tem mais do que a soma dos índices de Record TV e SBT juntos. Derrotas pontuais, como nas transmissões de futebol na emissora de Silvio Santos, não ameaçam o império global.
No momento, as atrações mais vistas nas 3 redes são, respectivamente, a edição especial de ‘Império’ (média de 27 pontos), a inédita ‘Gênesis’ (12 pontos) e a reprise de ‘Coração Indomável’ (7 pontos).
O último susto que o canal do bispo Edir Macedo deu na inimiga Globo foi em 2015, quando a trama bíblica ‘Os Dez Mandamentos’ impôs derrotas com ampla vantagem numérica na aferição de público. O capítulo com exibição da abertura do Mar Vermelho ficou 9 pontos à frente.
Já o SBT não desestabiliza a concorrente há mais tempo. O último fenômeno aconteceu no final da década de 1990, quando a primeira versão brasileira do folhetim infantojuvenil ‘Chiquititas’ venceu várias vezes o ‘JN’.
Hoje, a maior ameaça à Globo não são as rivais de sinal aberto tampouco os canais pagos, afetados pela redução no número de s em razão dos cortes no orçamento de milhões de famílias em crise econômica. O grande adversário é a Netflix.
A gigante americana do streaming atrai cada vez mais pagantes. Recente vazamento de documento revelou que possui 19 milhões de clientes no Brasil. A expectativa é registar aumento relevante de novos contratos até o final do ano, apesar da perda de poder de compra no País.
No trimestre de julho a setembro, a empresa contabilizou globalmente mais 4,4 milhões de s e prevê a chegada de outros 8,5 milhões até dezembro. O lucro no período foi de 1,5 bilhão de dólares, cerca de R$ 8 bilhões.
Com fôlego financeiro aparentemente infindável, a Netflix investe cada vez mais em produções nacionais e na contratação de ex-estrelas da Globo. Já levou protagonistas como Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e Marco Pigossi. A comediante Ingrid Guimarães acaba de fazer a mesma troca.
A companhia segue o plano de lançar conteúdos brasileiros mensalmente: de séries ficcionais e documentários a filmes e reality shows. “As melhores histórias em todos os gêneros e formatos para diferentes gostos”, informou em comunicado à imprensa.
Essa ambição fez a Netflix olhar para as novelas, o terreno sagrado onde a poderosa Globo reina absoluta desde a década de 1960. A empresa vai investir em produções de média duração, até 50 capítulos, como ‘Verdades Secretas 2’, lançada com alarde midiático na quarta-feira (20) no Globoplay.
Fala-se em negociação da provedora de streaming gringa com autores e diretores que deixaram a emissora carioca recentemente. Não faltam talentos disponíveis para reproduzir o ‘padrão Globo de novelas’ no catálogo da Netflix brasileira. O público sinaliza interesse crescente no consumo desse formato de ficção no on-line.
Em 2022, os principais desafios da TV da família Marinho são a renovação de sua concessão (a decisão inicial é do presidente Jair Bolsonaro), a recuperação do lucro (encolheu 77% de 2019 a 2020) e enfrentar a expansão ambiciosa da Netflix.
Enquanto isso, o Globoplay segue em ascensão. Teve aumento do número de contratos e no faturamento. A receita entre abril e junho foi 68% maior do que no mesmo período de 2020. O mercado estima que poderá atingir R$ 1 bilhão este ano.
A plataforma que completa 6 anos em novembro se tornou imprescindível para a saúde financeira do grupo, a criação de nova geração de telespectadores e assegurar a relevância da Globo no universo digital.
