Demissão de diretores da Globo teve polêmicas: “pontapé na bunda”, “fui sendo tirado” 1h5u1t
Amigos e depois rivais, Boni e Clark deram valiosa contribuição para a emissora se tornar uma das melhores do planeta 1b1x3k
Desde sua fundação, em abril de 1965, a Globo teve apenas seis diretores-gerais. O atual, Amauri Soares, no cargo desde junho de 2023, fez carreira no jornalismo do canal. 1w6i32
Ele enfrenta a pressão dos índices baixos de audiência — especialmente na faixa das novelas das 21h — no ano de festividades do 60º aniversário da TV criada por Roberto Marinho.
Dois antigos diretores revelaram mágoa pela saída involuntária da Globo. O primeiro foi Walter Clark. Ele entrou quando a emissora estava no ar havia oito meses.
Ajudou a expandir as coberturas ao vivo, a exemplo da enchente de fevereiro de 1966 no Rio, quando mandou colocar as câmeras na porta do canal para mostrar a destruição e criou uma campanha de solidariedade aos desabrigados.
Clark contratou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para remodelar a programação. Juntos, ajudaram a formatar programas históricos como o ‘Jornal Nacional’ e o ‘Fantástico’.
Geniais e geniosos, começaram a disputar poder. Em sua autobiografia, ‘O Campeão de Audiência’, escrita com o jornalista Gabriel Priolli, o pioneiro da TV reclamou do tratamento que recebeu da direção da Globo. “Fui saindo, fui sendo tirado. Primeiro pelas beiradas, depois do centro.”
A demissão aconteceu em 1977. Após o baque, Clark ou por outros canais até morrer de infarto, aos 60 anos, em 1997.
Coincidentemente, naquele mesmo ano, Boni sentiu na pele a mesma situação. Acabou abruptamente sua era dourada como vice-presidente da emissora.
“Fui ‘saído’. Sempre imaginei que um dia fosse parar, mas nunca imaginei que fosse por decisão dos outros. Pensei que fosse dar o aviso-prévio”, disse a Igor Coelho no podcast ‘Flow’.
“Construímos aquela coisa e demos para eles (a família Marinho) de presente. Eu merecia um carinhosinho, um afago. Não precisava ser um jantar de 400 pessoas, mas precisava que asse a mão na minha cabeça, ou batesse um tapinha nas minhas costas, ‘obrigado’. Mas eu recebi um pontapé na bunda.”
Para muitos artistas e executivos de TV, Boni foi o melhor diretor que a Globo já teve, responsável pela construção do elogiado padrão de qualidade. A impressão é reforçada a cada nova crise de audiência e também pela percepção (fiel à realidade ou não) de que o canal era melhor antigamente.
Os outros diretores-gerais do canal líder de audiência foram Marluce Dias da Silva, Octávio Florisbal (falecido em 2024) e Carlos Schroder. Este último, que deixou o cargo em 2020, voltou em abril deste ano à empresa como membro do Conselho de istração.
