O que a filha da juíza nos ensina sobre privilégio branco 3y404n
A socialização de pessoas negras e brancas no brasil determina a forma que elas se comportam perante a sociedade 1o6h37
Esta semana, foi amplamente compartilhado um vídeo onde uma mulher branca ameaça policiais dizendo ser filha de uma juíza. Tudo começa quando a médica, Paula Gonçalves Carneiro fala com os PMs para conseguir uma vaga para estacionar seu carro. 1u3050
Durante a filmagem, feita pelos agentes, ela chega a falar: “Me prende porra. Me prende! Eu quero ver você me prender. Tu é macho ou não é?”. Em outro momento, a mulher senta na viatura impedindo que a patrulha fosse feita.
Enquanto a filha da juíza está sentada na viatura, uma outra mulher, que parece ser uma amiga, conversa com os militares que se explicam, dizendo que a médica precisava sair para que a equipe pudesse trabalhar.
Mais um caso onde o privilégio branco é esfregado na cara da sociedade. Não posso dar certeza, afinal, não sou de direito, mas me pareceu haver ali um desacato a autoridade, direção e bebida, fora o impedimento do trabalho de servidores públicos.
A situação acima me lembrou do empresário que falou para uma equipe da polícia: “Você é um merda de um PM que ganha R$ 1000 por mês, eu ganho R$ 300 mil por mês. Eu quero que você se foda, seu lixo do caralho. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta. Aqui é Alphaville". Detalhe, os policiais foram até lá após uma denúncia de violência doméstica.
Muita gente acha que situações como essa não é privilégio racial e sim de classe, mas para além do dinheiro pessoas brancas são a esmagadora maioria nos espaços de poder, e a possibilidade daquela pessoa branca ter o facilitado a outras pessoas que possam acarretar problemas na carreira desses agentes como responder na corregedoria, terem seus anseios de patente dificultados e até mesmo ser afastado do serviço, fazem com que eles automaticamente recuem.
Observem no caso da filha da juíza, ela não mostrou um documento sequer com o nome da mãe para que os PMs acreditassem piamente e não agissem da maneira correta. Só a brancura propicia que a narrativa dela seja aceita sem maiores questionamentos. A reação dos caras foi filmar para se precaver.
E, eu nem pretendo falar: “vocês acham mesmo que uma mulher negra, naquele mesmo cenário, iria ser tratada daquela forma">Para finalizar, observem que todos esses casos só chegaram ao conhecimento do grande público porque foram filmados. E o advento da filmagem deixa óbvio que esse recurso colabora com a justiça ao oprimido. A diferença é que na favela, e com preto, a câmera está na mão da população e em Alphaville, com gente branca, a câmera está na mão da polícia.