Trilogia recorda tráfico de escravos no Rio de Janeiro 4nu5t

Cidade foi um dos principais destinos no mundo 28d4h

11 jun 2025 - 14h34
(atualizado às 15h34)

Descoberto por acaso em 1996, um sítio histórico no centro do Rio de Janeiro se revelou como o Cemitério dos Pretos Novos, que funcionou entre 1774 e 1830 como local de sepultamento de escravos trazidos ao Brasil, onde estima-se que 40 mil pessoas tenham sido enterradas. j6xu

Trilogia foi publicada pelo Instituto Pretos Novos
Trilogia foi publicada pelo Instituto Pretos Novos
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

No total, foram mais de 4 milhões, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os africanos trazidos em correntes para o país sul-americano entre o século 16 e meados do século 19, equivalente a mais de um terço do tráfico mundial de escravos e o número mais alto em termos absolutos.

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A memória histórica é agora mantida viva também por uma trilogia publicada pelo Instituto Pretos Novos, organizada pelo pesquisador João Carlos Nara Jr., por iniciativa de Merced Guimarães, a proprietária da casa onde os restos emergiram durante obras de reforma e que hoje foi transformada em museu.

Os três volumes, "A Morte no Valongo", "O Cais e o Cemitério", 'Silêncios que Gritam", são testemunhos marcantes da escravidão africana no Rio de Janeiro, onde adolescentes entre 15 e 20 anos, vindos principalmente de Angola, Congo e outros países da África centro-ocidental, desembarcavam no Cais do Valongo, na zona portuária da cidade.

A paróquia responsável pela área era a Igreja de Santa Rita, joia da arquitetura rococó na América Latina e que, sem espaço disponível para enterrar os corpos, alugou um terreno onde os escravos eram sepultados em camadas, a ponto de muitos ossos terem sido cobertos por apenas um punhado de terra, como relatou em 1814 o naturalista alemão Georg Wilhelm Freyreiss, que mencionou "inumações à flor da terra, insuficientes para garantir a higiene dos locais".

Em um trabalho de reconstrução hercúleo, Nara digitalizou os dois livros da igreja, preservados pela cúria do Rio de Janeiro e que registravam informações dos mortos (1812-1818 e 1824-1830), das quais, além da idade, sexo e origem, também é possível extrair as causas da morte, na maioria dos casos por doença. Restos sem nome, identificados nos livros apenas pela marca de ferro quente na pele.

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