Debora Ozório empresta sua arte para debates femininos: 'Conectada com meus desejos' 6v332q

Destaque como Celeste em Garota do Momento, Debora Ozório celebra, em entrevista à CARAS Brasil, a possibilidade de debater temas revelantes a476g

30 mai 2025 - 11h05
A atriz Debora Ozório
A atriz Debora Ozório
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection / Caras Brasil

Visceral, entregue e versátil são adjetivos que podem descrever Debora Ozório (28). Uma atriz que se doa ao personagem de uma maneira que o corpo não entende e reage com vermelhidão. Na pele da Celeste, na global Garota do Momento, a artista prova, mais uma vez, que não está aqui a eio e celebra a possibilidade de jogar luz sobre temas como machismo, feminismo e relações abusivas. r1qn

"Espero ser uma mulher que abre caminhos para esses diálogos, essas pautas, essas bandeiras, que podemos ser o que quisermos ser", afirma Debora Ozório, em papo exclusivo com a Revista CARAS no hotel Laghetto Life Style, no Rio de Janeiro.

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Nascida no Rio de Janeiro, Debora Ozório começou no teatro aos 10 anos. Ela estreou na televisão em 2016, com uma pequena participação na novela Totalmente Demais (Globo), e se tornou nacionalmente conhecida após interpretar Olívia em Além da Ilusão e Petra em Terra e Paixão, ambas tramas da emissora global. Leia trechos da entrevista a seguir.

Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection
Foto: Marcio Farias | Beleza: Vivi Gonzo | Styling: Zelenka | Agradecimentos: LifeStyle Laghetto Collection

Uma vez, sua personagem Celeste disse que queria tomar as rédeas da vida. Em qual momento você tomou as da sua?

Acho que veio de forma muito fluida para mim. O encontro com a arte, sem dúvida, soma muito para isso, a maturidade. Cada coisa tem seu tempo. Sempre fui muito dona de mim, sempre fui conectada com os meus desejos, com o que acredito. A terapia é um ponto alto e forte para isso também, de a gente se manter nesse propósito, na ideia de que temos que ser fiéis a nós mesmos, mesmo que isso traga consequências que às vezes a gente fale: 'Não estava preparada para sentir isso!'. Mas vamos sentir, é vida, né?

É romântica como a Celeste?

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Tenho meu lado romântico, mas sou mais pé no chão do que ela, até por uma questão de maturidade. Tenho 28 anos, a Celeste 17. Tem a questão da época também, da criação que uma mulher recebia, do que acreditavam ser ideal. A gente já conquistou muito nesse caminho, como mulheres livres, vamos ando por outros processos, mas tem algumas semelhanças com a Celeste. A gente sempre empresta algo nosso para o personagem.

Conquistamos muito dos anos 1950 pra cá, mas existem questões na novela sobre machismo, feminismo e racismo que, infelizmente, são atuais.

É interessante dar voz a isso, porque a gente já caminhou bastante, mas você vê que tem pessoas que se identificam, que ainda am por essas coisas. O bonito da dramaturgia é podermos levantar debates. Só de a gente ter esse espaço para falar sobre isso já é um avanço.

A novela mostra que não era fácil ser mulher nos anos 1950. E hoje, ainda é difícil?

Com certeza. A gente tem muitos padrões que ainda são repetidos, é muito estrutural. Ainda tem muita coisa impregnada, então não tem como não ser difícil. A corda sempre arrebenta para o nosso lado. E por isso acho importante construirmos personagens e mulheres também, na vida normal, que abram esses caminhos, que são fortes, que ficam na linha de frente para ter esses diálogos, esses ensinamentos. Quem fica na linha de frente, com certeza, sofre muito, mas é necessário. Vejo avanços, que bom, porque o sentido da vida é esse, é movimento, é progresso. Estamos aqui para progredir. Espero ser uma mulher que abre caminhos para esses diálogos, essas pautas e bandeiras, de que podemos ser o que quisermos ser.

Sempre pensou assim?

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Eu vim de uma família de muitas mulheres, então, o feminismo nasceu em mim de uma forma natural. Sempre fui ensinada que eu podia ser o que quisesse, falar o que quisesse, me comportar da maneira que fizesse sentido para mim. Mas a geração que me ensinou não viveu isso. Minha mãe, minhas tias, viveram um outro tempo em que elas não podiam ser exatamente como são. Elas podiam ter me ensinado a viver como elas, mas não, elas aprenderam por outro lado. Sempre foi muito natural para mim ser educada como uma mulher livre.

No início da novela, a Celeste viveu um relacionamento abusivo. Como foi contar essa história? Mexeu com você?

Por ser uma novela das 6, a gente trabalha com limitações, o que é muito interessante porque a gente dá um outro olhar. Por exemplo, a Petra, de Terra e Paixão, sofreu um abuso, que é diferente de ter um relacionamento abusivo. Com a Celeste, a gente foi contando os sinais mesmo, esses que quem está envolvido não se dá conta sempre. Para o próprio público e as mulheres que am por isso se identificarem, entenderem, compartilharem de tamanha culpa que sentem achando que está sempre sendo sobre si. O relacionamento abusivo é muito silencioso, perigoso e eu me senti extremamente honrada em poder dar voz a essa questão, que é muito recorrente. É uma responsabilidade. Fiquei comovida de poder falar com tantas mulheres sem estar falando diretamente, sabe?

Você se considera uma atriz versátil?

Tenho isso como objetivo. Gosto bastante do que estou construindo e acho que personagens diferentes só acrescentam para a minha trajetória. Estou focada nisso na hora da construção mesmo, na hora de pensar naquele projeto, de me envolver, de aceitar. A Celeste, de Garota do Momento, foi um contraponto interessante com a Petra. No meio desse caminho, ainda gravei um filme. É um objetivo mesmo construir personagens diferentes e é interessante ver a reação do público entendendo que sou a atriz que fez aquele outro personagem. Isso me realiza.

Você vem pegando personagens de destaque e, com isso, vem a fama. Como lida com ela?

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Sou muito discreta, mas encaro da forma mais natural possível. Como minha trajetória foi muito gradativa, todas as outras consequências vieram de forma gradativa também e, assim, me sinto pronta para cada o, cada conquista, cada degrauzinho. Não me assusta, eu correspondo da maneira que acredito ser possível e que é boa para mim.

Não é a fama que te move, é a arte mesmo, não é?

Me encontrei com esse ofício jovem e de uma forma muito sem querer. Aprendi a ser apaixonada pelo que faço e não pelo que o trabalho me traz. Sou muito encantada em contar histórias, viver personagens, falar sobre assuntos importantes. E, acima de tudo, respeito meu ofício, entendo a importância que ele tem e não estou nessa área por alguma outra razão. Vejo como um resultado da trajetória mesmo, de como as coisas vêm acontecendo e como os personagens vão crescendo, vão chegando. Sou dedicada ao meu trabalho, acho que merece essa atenção, porque penso em uma carreira a longo prazo. Penso em ficar velhinha, morrer fazendo isso, então só com paixão mesmo, porque também não é um trabalho fácil. 

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Caras Brasil
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