Estudantes de Harvard planejam protestos durante formatura para contestar suspensão de vistos 85v27

Universitários estrangeiros relatam medo e confusão após governo Trump suspender as entrevistas de visto. Harvard contesta tentativa de interferência do governo em sua autonomia. 1h6954

29 mai 2025 - 07h26

Universitários estrangeiros relatam medo e confusão após governo Trump suspender as entrevistas de visto. Harvard contesta tentativa de interferência do governo em sua autonomia. 1h6954

Estudante posa para fotos antes de cerimônia de formatura em Harvard nesta quinta-feira, 29 de maio de 2025.
Estudante posa para fotos antes de cerimônia de formatura em Harvard nesta quinta-feira, 29 de maio de 2025.
Foto: REUTERS - Brian Snyder / RFI

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Publicidade

A tradicional cerimônia de formatura da Universidade de Harvard, marcada para esta quinta-feira (29), acontece em meio à tensão e à expectativa de protestos. O clima no campus se agravou após o governo Trump anunciar, na terça-feira (27), o congelamento das entrevistas de visto para estudantes estrangeiros. Como consequência, mais de 300 alunos se reuniram em um protesto no campus da prestigiada instituição. 

Agravando ainda mais o ambiente já tenso, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou na noite desta quarta-feira (28) que a istração Trump trabalharia para revogar "agressivamente" os vistos de estudantes chineses. Segundo ele, o alvo seriam universitários com supostos vínculos com o Partido Comunista Chinês ou acadêmicos de áreas consideradas "críticas", como ciência, tecnologia e engenharia.

O governo chinês condenou nesta quinta-feira a decisão do governo Trump de congelar os vistos a estudantes estrangeiros, classificando a medida de "irracional". Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, a justificativa dos Estados Unidos de proteger os direitos nacional não a de um "pretexto ideológico". 

Mais de 277 mil chineses estavam matriculados em universidades americanas para o ano letivo de 2023-2024. Eles são superados apenas pelos estudantes indianos, segundo um relatório divulgado pelo Departamento de Estado americano, e representam uma fonte importante de recursos ao sistema de ensino superior do país. 

Publicidade

Universidade aciona Justiça para preservar autonomia 614k6r

Em resposta à escalada de restrições, a Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo federal, defendendo seu direito à autonomia na issão de estudantes estrangeiros. A universidade alega que as novas diretrizes representam uma interferência indevida em sua missão educacional e ameaçam a diversidade que marca sua comunidade acadêmica.

A primeira análise do caso acontecerá nesta quinta-feira, conduzida pela juíza distrital Allison Burroughs, em Boston, em um tribunal localizado a poucos metros do local onde ocorre a formatura. A decisão tomada no tribunal poderá ter impacto direto sobre o futuro dos estudantes estrangeiros que planejam retornar de seus países de origem para o próximo semestre letivo.

A diretora de serviços de imigração de Harvard, Maureen Martin, afirmou em um documento apresentado à Justiça que a nova política provocou "medo profundo, preocupação e confusão" entre os universitários. Alguns estudantes consideram a possibilidade de se transferir para universidades em outros países, enquanto outros relatam medo de comparecer à própria cerimônia de formatura.

Formaturas viram espaço de protesto  3566x

No ano ado, a cerimônia de formatura da Harvard já havia sido marcada por protestos: centenas de alunos deixaram o evento após a universidade negar o diploma a participantes de um acampamento pró-Palestina. Neste ano, a expectativa é de que novas manifestações voltem a ocorrer, desta vez com foco na tentativa de interferência do governo Trump no funcionamento da universidade.

Publicidade

Com 27% de seus alunos vindos do exterior, Harvard tornou-se um símbolo da resistência contra a tentativa do governo federal de alinhar as universidades às suas diretrizes ideológicas. Como medida preventiva, Harvard cancelou todas as celebrações de afinidade — eventos de formatura voltados a grupos como estudantes negros, latinos, asiáticos e LGBTQIA+ — após uma diretriz do governo Trump que proíbe o uso de verbas públicas em cerimônias que promovem "segregação racial", segundo a Casa Branca.

"A Harvard não fornecerá mais financiamento, equipe ou espaços para celebrações de afinidade", informou a universidade em seu site oficial. Alguns desses grupos, no entanto, continuam realizando eventos com financiamento privado.

  4m4h11

A RFI é uma rádio sa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações