A sa Gisèle Pelicot foi escolhida em uma votação da qual participaram 10 mil jovens, de 84 países, incluindo a França. O prêmio Liberdade foi entregue ao filho dela, Florian Pelicot, que representou a mãe na cerimônia ocorrida nesta terça-feira (3) em Caen, na Normandia, norte do país. g6061
O nome de Gisèle Pelicot foi escolhido por seu compromisso com a luta contra a violência sexual, segundo um jornalista da AFP presente na cerimônia.
Em lágrimas, diante de 4 mil jovens e 25 veteranos americanos da Segunda Guerra Mundial, Florian Pelicot expressou sua grande emoção. "Este prêmio toca profundamente minha mãe. Obrigado em nome dela. Mãe, eu te amo muito", disse. Segundo ele, todo o dinheiro do prêmio (€ 25 mil, o equivalente a mais de R$ 160 mil) será destinado à Associação de Mediação e Apoio às Vítimas de Avignon (AMAV), cidade onde ocorreu o julgamento.
Em um comunicado, Gisèle Pelicot disse que o fato de os jovens, por meio deste prêmio, combinarem liberdade com respeito ao próximo, atenção ao consentimento e diálogo, a enchia de alegria e confiança no futuro. Depois de contar sua história aos tribunais e enfrentar dezenas de seus algozes, Gisèle Pelicot vai publicar um livro. A mulher, que foi vítima do marido, Dominique Pelicot, lançará suas memórias em janeiro de 2026.
O caso da sa chamou a atenção do mundo. Gisèele Pelicot sofreu dezenas de estupros ao longo de uma década, sob sedação, nas mãos de seu ex-marido e de pelo menos cinquenta estranhos que ele recrutava na internet.
Criado em 2019 em associação com o Instituto Internacional para os Direitos Humanos e a Paz, o Prêmio Liberdade visa "conscientizar sobre liberdade, paz e direitos humanos", de acordo com a região da Normandia. Anualmente, "o prêmio convida jovens de 15 a 25 anos na França e em todo o mundo a indicar uma pessoa ou organização engajada na luta pela liberdade", especificou o governo da região.
Esperança nos jovens 39q5
Ouissem Belgacem, presidente do júri, escritor e ex-jogador profissional de futebol comprometido com a luta contra a homofobia, disse que Gisèle Pelicot "transformou a dor em luz". Ele também afirmou ter "perdido a fé nos adultos", mas que sentia "grande esperança nos jovens que se levantam em prol do povo palestino, cujo direito à vida foi roubado".
Sob aplausos da plateia em pé, ele também prometeu "rezar pelo retorno de todos os reféns" mantidos em Gaza. A Associação Belga de Pessoas Afetadas pela Guerra (WAPA), que ajuda crianças prejudicadas por conflitos armados, e Melati Wijsen, uma ativista indonésia de 24 anos que luta contra o impacto do plástico no meio ambiente, foram as outras duas indicadas ao prêmio.
(Com AFP)