Hamas diz aceitar liberação de reféns, mas exige mudanças no plano de cessar-fogo dos EUA para Gaza 6j727

Grupo não fez uma rejeição explícita nem uma aceitação clara dos termos dos EUA, que, no entanto, avaliaram contraproposta como "inaceitável". 2f6418

31 mai 2025 - 18h37
Palestinos inspecionam os danos no local de um ataque israelense a uma casa em Jabalia, norte de Gaza. Foto: 30 de maio de 2025
Palestinos inspecionam os danos no local de um ataque israelense a uma casa em Jabalia, norte de Gaza. Foto: 30 de maio de 2025
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O Hamas respondeu à proposta de cessar-fogo dos EUA afirmando estar preparado para libertar dez reféns israelenses vivos e 18 reféns mortos em troca de vários prisioneiros palestinos, solicitando também algumas mudanças no plano. 4vp36

O grupo reiterou suas exigências por uma trégua permanente, a retirada completa de Israel de Gaza e garantias de fluxo contínuo de ajuda humanitária. Nenhuma dessas exigências constava da proposta em discussão.

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O Hamas não fez uma rejeição explícita nem uma aceitação clara dos termos dos EUA, que, segundo Washington, Israel aceitou.

O Hamas afirmou ter apresentado sua resposta ao rascunho americano proposto por Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, para o Oriente Médio.

Em um comunicado, Witkoff afirmou: "Recebi a resposta do Hamas à proposta dos Estados Unidos. É totalmente inaceitável e só nos leva para trás. O Hamas deve aceitar a proposta que apresentamos como base para as negociações futuras, que podemos iniciar imediatamente na próxima semana."

"Essa é a única maneira de fecharmos um acordo de cessar-fogo de 60 dias nos próximos dias."

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Um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou: "Embora Israel tenha concordado com o esboço atualizado de Witkoff para a libertação de nossos reféns, o Hamas continua a manter sua recusa."

O Hamas, um grupo considerado terrorista nos EUA, Reino Unido e na União Europeia, afirmou insistir em um "cessar-fogo permanente" e na "retirada completa" das forças israelenses da Faixa de Gaza.

O grupo exigiu um fluxo contínuo de ajuda para os palestinos que vivem no enclave e afirmou que libertaria dez reféns vivos e os corpos de 18 reféns mortos em troca de "um número acordado" de prisioneiros palestinos em Israel.

Mas o Hamas agora se encontra na posição mais complexa e difícil que já enfrentou desde o início da guerra.

Sob intensa pressão de 2,2 milhões de pessoas que vivem nas piores condições de sua história e dos mediadores, o movimento não consegue aceitar uma proposta americana que, ao que tudo indica, é menos generosa do que as ofertas anteriores que rejeitou diversas vezes, a última delas em março.

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Naquela época, Khalil al-Hayya, alto funcionário do Hamas e negociador-chefe do grupo, declarou inequivocamente que o movimento não concordaria com acordos parciais que não garantissem o fim completo e permanente da guerra.

No entanto, o Hamas também se vê incapaz de rejeitar a mais recente oferta dos EUA de imediato, ciente de que Israel está se preparando para intensificar sua ofensiva terrestre em Gaza.

O movimento não possui capacidade militar para impedir ou mesmo resistir seriamente a tal ataque.

Preso entre essas duas realidades, o Hamas, na prática, respondeu à proposta americana não com uma resposta, mas com uma contraproposta inteiramente nova.

Os detalhes completos do plano americano não foram divulgados e não foram confirmados, mas os seguintes pontos-chave estão supostamente incluídos:

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- Pausa de 60 dias nos combates

- Libertação de 28 reféns israelenses — vivos e mortos — na primeira semana e a libertação de mais 30 assim que um cessar-fogo permanente for estabelecido

- Libertação de 1.236 prisioneiros palestinos e dos restos mortais de 180 palestinos mortos

- Envio de ajuda humanitária para Gaza por meio da ONU e outras agências

Os termos oferecidos tinham o aval de Israel — a Casa Branca garantiu isso ao obter a aprovação do país antes de encaminhar a proposta ao Hamas.

É improvável que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esteja disposto a negociar as mudanças desejadas pelo Hamas.

Ele está sob pressão para trazer os reféns de volta para casa e disse estar disposto a aceitar um cessar-fogo temporário para isso.

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Mas o governo israelense sempre insistiu no direito de retomar a ofensiva militar, apesar da demanda central do Hamas por garantias de que a trégua temporária seja um caminho para o fim da guerra.

Netanyahu disse que a guerra terminará quando o Hamas "dep as armas, não estiver mais no governo [e] seus líderes forem exilados de Gaza".

O Ministro da Defesa, Israel Katz, foi mais direto nesta semana. "Os assassinos do Hamas agora serão forçados a escolher: aceitar os termos do 'Acordo Witkoff' para a libertação dos reféns — ou serem aniquilados", disse ele.

Mais cedo neste sábado (31/5), o Ministério da Saúde de Gaza, istrado pelo Hamas, informou que 60 pessoas foram mortas e outras 284 ficaram feridas nas últimas 24 horas em ataques israelenses.

Isso não inclui os números de hospitais localizados na província do norte da Faixa de Gaza devido à dificuldade de o à área, acrescentou o órgão.

Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 foram feitas reféns.

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Pelo menos 54.381 pessoas foram mortas em Gaza desde então, incluindo 4.117 desde que Israel retomou sua ofensiva em 18 de março, de acordo com o Ministério da Saúde.

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