Carmo Dalla Vecchia sobre criar filho longe das telas: 'O mundo dele é concreto' r5h56
Em entrevista à CARAS Brasil, o ator Carmo Dalla Vecchia revela como protege o filho do excesso de telas e defende uma criação com afeto e diálogo 2r94k
O ator Carmo Dalla Vecchia, conhecido por seu trabalho na TV e no teatro, abriu o coração ao falar sobre paternidade e os desafios de criar um filho longe da dependência tecnológica. Casado com o autor João Emanuel Carneiro e pai de Pedro, de 5 anos, ele revelou em entrevista à CARAS Brasil como lida com a criação do pequeno em tempos de excesso de telas. 4a6c14
"É um dia a dia muito ativo corporalmente. Ele faz natação, faz judô, então não tem muito como as mídias eletrônicas entrarem na vida dele e dominarem o tempo dele 24 horas por dia. Esse controle já é mais fácil de ser feito, porque quando ele está na natação, no judô, quando está envolvido em atividades ou quando eu o levo para brincar, eu tomo esse cuidado", contou.
Carmo também critica a qualidade do conteúdo atual para crianças: "Às vezes percebo que a qualidade do que ele quer ver já é muito diferente da que eu via na minha infância. Quando eu era criança, assistia Tom e Jerry, revisitava os mesmos desenhos várias vezes e não me importava. Era Corrida Maluca, Sítio do Picapau Amarelo, histórias com narrativas, por mais infantis e bobas que fossem. Hoje, percebo que eles entram num looping de videozinhos de 15 segundos. E como criança gosta de repetição, se deixar, ele fica 15, 20 minutos vendo a mesma coisa. Aí eu digo: 'Filho, vamos assistir um desenho', porque senão a criança acaba perdendo a paciência para aproveitar."
Qual é o impacto do excesso de tecnologia nas crianças, segundo o ator? 3oq1f
Para ele, o excesso de telas afasta as crianças da realidade: "O mundo do meu filho é muito mais concreto. A gente mora em casa, então a nuvem é a nuvem, a montanha é a montanha, a árvore é a árvore, não é tudo digitalizado. Eu tento ter esse cuidado, sem negar que a tecnologia existe. Mais do que isso, eu procuro conversar, perguntar: 'Filho, vamos tentar fazer isso? Por quê?' Porque eu e o pai dele não queremos que ele se torne uma criança alienada, presa a uma tela, sem se comunicar, sem falar com as pessoas. Isso é muito triste."
Carmo chegou a citar um exemplo dentro da própria família: "Teve uma cena que eu assisti certa vez: o filho de uma prima minha... A gente foi ao aniversário do filho de outra prima, que estava completando um ano de idade. Quando eu vi, esse menino estava no meio da piscina de bolinhas com o celular na mão, jogando. Eu pensei: 'Acabou o mundo, né?' Porque ele estava no meio de uma área de brincadeiras, mas completamente absorto no celular. No caso dele, percebi que era uma situação muito grave, sutilmente grave, mas ainda assim muito grave."
Como impor limites sem abrir mão do afeto? 1491e
Para o ator, impor limites exige presença e dedicação: "Talvez fosse uma questão de falta de limite na educação. Mas, para impor limites a uma criança, não adianta só brigar ou simplesmente dizer 'não'. Você tem que oferecer o outro lado também. Você dá o limite, mas também dá a brincadeira, joga com ela, conversa, faz programas juntos. Dá muito mais trabalho, sim, impor limite, do que simplesmente largar a mão e dizer 'cala a boca' e entregar o celular."
E ele completa: "Essa questão do diálogo é real. Tem que ter conversa. Sempre tive essa prática e percebi que funciona. Acho que muitas pessoas se enganam. Elas não conversam com os filhos porque pensam: 'Ah, são crianças, não vão entender.' Mas não é assim. Às vezes os pais subestimam os filhos ou não têm paciência para sentar e conversar."
A paternidade mudou a vida de Carmo Dalla Vecchia? 6r5l36
Carmo se emociona ao falar sobre o momento em que se tornou pai: "Eu tive muita sorte na minha paternidade. Não sei se isso veio de mim ou dele. Talvez eu estivesse muito preparado para oferecer o meu tempo a uma criança quando ele chegou. Para mim, não era um sacrifício. Eu queria muito. E quando ele chegou, eu já tinha 49 anos. Não tinha 20. Talvez, se eu tivesse 20, 22 anos, teria sido mais difícil. Nessa idade, a gente está cheio de ambições, querendo conquistar o mundo — e talvez não queira dar tanto do seu tempo para uma criança."
Segundo ele, o segredo é oferecer tempo de forma genuína: "Só que o tempo que você oferece para uma criança tem que ser dado com alegria. A criança sente isso com muita facilidade. Quando ela sente que não está recebendo afeto, acaba tentando cobrar isso dos pais com birra, com discussão. E aí os pais dizem que a criança é difícil. Mas, na verdade, muitos não souberam olhar para o filho, não souberam dar atenção. E a verdade é que nem todo mundo está preparado para ser pai ou mãe."
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