
Rainha das rainhas, Paolla Oliveira dá adeus a Grande Rio e faz história no carnaval 1594g
Comunidade destaque o legado e a humildade da atriz: "Bebe até cerveja em copo de plástico" 4p294d
Paolla Oliveira, de 42 anos, pode ostentar um feito muito raro de ser conquistado: o respeito e a iração do grande público por suas atuações no carnaval. A rainha de bateria da Grande Rio, a que mais tempo ocupou o cargo na escola de Duque de Caxias (RJ), anunciou que este ano será a sua última vez à frente do posto. 715j71
"Rainha das rainhas", "eterna", "fantástica", "autêntica" e "poderosa". Adjetivos usados pela comunidade para descrever a atriz durante os últimos ensaios antes do adeus. Um adeus que pegou muitos de surpresa, que deixou a Invocada - apelido da agremiação de Duque de Caxias - triste, mas bastante agradecida pelo legado que a paulistana deixa escrito no carnaval carioca.
"Uma rainha que abraçou a comunidade, assim como a comunidade abraçou ela. Não vem em todos os ensaios, mas sempre que esteve presente fazia questão de estar com os componentes, dançar com os ritmistas. Ela construiu um legado muito grande", destaca Joice, diretora de harmonia.
"Eu vou me despedir desse posto, mas jamais do carnaval. Jamais da Grande Rio. O carnaval mora em mim", disse Paolla, que também não esconde o quão a despedida é doída. Ela já apareceu em público chorando algumas vezes, uma delas durante o discurso de despedida na quadra da escola, que estava lotada de integrantes. "Eu amo todos vocês", disse ela, com os olhos cheios de lágrimas.
Uma relação de proximidade que pôde ser notada pela equipe do Terra em todos as vezes que presenciou um ensaio da escola com a Paolla. Educada e solicita, ela costuma sempre conversar e tirar fotos com a comunidade.
"Uma rainha fora da curva. Bebe cerveja no copo de plástico e está em quase todas as festas da bateria. Se tem festa, Paolla está no meio, Paolla confraterniza com os ritmistas. Vai fazer muita falta", diz uma integrante da bateria.
A história de Paolla com a Grande Rio teve início em 2009, quando desfilou pela primeira vez como Rainha de Bateria. Em 2010, ela também esteve à frente dos ritmistas. Na ocasião, em um desfile como 'musa dos garis'. Após dez anos afastada, retornou ao posto em 2020 vestida de Cleópatra.
"É uma reestreia com sabor de estreia até porque 10 anos depois eu nem sei mais o tamanho da avenida, não sei se eu consigo, como é que vai ser, é tudo novo, então é uma reestreia com sabor de estreia", declarou a atriz sobre a sensação de desfilar novamente em 2020.
Cinco anos depois, a popularidade, a identificação com a escola e com o universo do samba cresceram ainda mais. Entretanto, Paolla não usa de sua influência para interferir nos rumos que a Grande Rio irá tomar sem sua presença. Pelo contrário, a artista opta por uma postura de acolhimento e confiança para a nova mulher, ainda não escolhida, que irá ostentar a coroa.
"A escola sabe o que fazer, a escola está aí há 35 anos. Com certeza, vai ser uma boa escolha. Não haverá substituta, não acredito em substituta. A mulher que vier vai ocupar seu lugar e seu posto" -- Paolla Oliveira
Resiliência, empoderamento e prestígio 4h2o24
Uma relação tão longa em uma posição de tanto destaque, claro, não foi construída somente com bons momentos. Se hoje Paolla irá encerrar sua trajetória na Sapucaí sendo uma unanimidade no quesito talento, charme e atitude, houve fases em que ela foi criticada por 'não ter samba no pé', além de ter sido alvo constante, nos últimos anos, de internautas que criticavam sua forma física.
Resiliente, a musa não entrou a fundo em tais polêmicas. O caminho foi justamente o do empoderamento, da aceitação e da capacidade de inspirar outras mulheres. Sendo assim, desde 2024, a atriz tem falado sobre 'corpo real', enfatizando que o corpo de carnaval é o aquele que cada pessoa tem.
"Ela é a nossa inspiração", disse uma integrante da escola durante um ensaio de rua realizado em 16 de fevereiro, poucos minutos após o anúncio de Paolla. "Já estamos sentindo saudades", completou outra. "Ela sempre foi e sempre será a nossa rainha", ressaltou um terceiro.
E para o futuro, os desejos da integrante da ala das baianas Ivonildes para Paolla resume bem os anseios de toda uma comunidade: "Essa mulher pode e vai chegar onde ela quiser, porque é poderosa".
O envolvimento sincero de Paolla com o universo do carnaval ao longo dos anos, fez com que o prestígio, o carinho recebido da comunidade, e o reconhecimento por parte de figuras marcantes desse meio fossem cada vez mais potentes.
Uma das maiores unanimidades enquanto Rainha de Bateria ao longo das últimas décadas, a também atriz Viviane Araújo não escondeu a tristeza pela 'aposentadoria' de Paolla, bem como se declarou e demonstrou apoio.
"Nossa vida é feita de escolhas e eu acho que ela escolheu isso porque teve os seus motivos. A Paolla é uma grande rainha e que iro demais, que amo de paixão! Ela vai fazer muita falta. Acho que é isso, é o momento dela, é uma escolha e a gente tem que respeitar" -- Vivi Araújo
O grande momento e as fantasias marcantes 4k1sk
O ano era 2022. Eis que a Grande Rio conquistou o primeiro título da história falando sobre Exu e mostrando as diversas faces do orixá. Com quase 30 anos de Grupo Especial, a Tricolor já havia amargado quatro vice-campeonatos, sendo o últimos deles em 2020, justamente no retorno de Paolla, após liderar quase toda a apuração.
"Laroyê, Exu!!!Viva, Grande Rio. Que felicidade fazer parte desse momento! Campeã do Carnaval 2022", vibrou a atriz em post no Instagram, após o anúncio do título inédito.
No desfile, Paolla utilizou uma fantasia representado Pombagira, que é a versão feminina de Exu. Os looks arrojados, aliás, viraram uma marca da artista ao longo dos últimos anos. "É sempre emocionante, mas esse ano é grandioso pra todos nós. É um carnaval de vida, de esperança de mais uma vez de alegria de a gente poder estar juntos. Estou muito feliz por poder estar aqui mais uma vez. E falando do enredo, que Exu e abrindo os caminhos pra Grande Rio", declarou momentos antes de entrar na avenida.
Se em 2010, Paolla exibiu uma fantasia de gari e em 2020 de Cleópatra, em 2024 o look teve, mais uma vez, grande impacto na avenida. O sambódromo ficou hipnotizado com a fantasia robotizada de onça, com mais de 40 mil cristais, e que contava com uma engrenagem capaz de mover a cabeça da onça, além de luzes de led nos olhos. Foi chocante.
Tantos capítulos memoráveis fizeram com que a Grande Rio homenageasse Paolla recentemente, em uma publicação no Instagram.
"Uma história de amor, respeito, cumplicidade e muita parceria. O posto de rainha de bateria não poderia ter sido mais honrado. A nossa jornada representa um sentimento verdadeiro, que nos orgulha muito e ficará pra sempre marcada na nossa trajetória. Ciclos podem se encerrar, mas o sentimento não muda. Rainha, você faz e sempre fará parte de uma grande família, que te ama e ira demais".
Realmente, não há nada mais a dizer. Apenas aplaudir!