Elon Musk encerra parceria com o governo Trump 1972b
Desentendimentos sobre política fiscal e cortes no orçamento aceleraram saída 455l2g
Elon Musk decidiu colocar um ponto final em sua breve e turbulenta experiência no governo Trump. O bilionário sul-africano, que assumiu em janeiro o comando do Departamento de Eficiência Governamental (o curioso DOGE), anunciou nesta quarta-feira sua saída antecipada, pouco mais de quatro meses após assumir o cargo. j3b56
Musk, que havia sido nomeado com a missão de cortar a gordura do orçamento federal, optou por deixar o governo antes mesmo de cumprir o mandato previsto de 130 dias. Como não poderia deixar de ser, o anúncio foi feito em sua plataforma preferida, a rede social X, onde agradeceu, com a formalidade típica, ao ex-chefe:
"À medida que meu período como Funcionário Especial do Governo chega ao fim, gostaria de agradecer ao Presidente Trump pela oportunidade".
Mas, como quase tudo na trajetória de Musk, o comunicado elegante escondia um cenário muito mais conturbado. Fontes próximas ao empresário indicam que a saída foi motivada por uma crescente insatisfação com os rumos das políticas econômicas da istração Trump.
O grande objetivo de Musk à frente do DOGE era implementar cortes agressivos de gastos, algo que, na teoria, combinava com seu perfil de gestor avesso a excessos. Mas na prática, esbarrou na realidade política de Washington. Dos ambiciosos US$ 2 trilhões previstos em redução de despesas, Musk conseguiu aprovar cortes de apenas US$ 160 bilhões, um valor considerado modesto diante das expectativas.
Sua proposta de diminuir gastos em áreas tradicionalmente intocáveis, como Previdência Social e Medicare, foi recebida com resistência quase unânime, inclusive dentro da base republicana. Para piorar, sua gestão ficou marcada por medidas impopulares, como o fechamento de agências federais e milhares de demissões, alimentando ainda mais as tensões internas.
E se o clima já era pesado, explodiu de vez após a apresentação do novo pacote fiscal de Trump, batizado pelo próprio presidente de "big, beautiful bill". Em entrevista à CBS, Musk não poupou críticas:
"Estou desapontado ao ver esse enorme projeto de lei de gastos que, francamente, aumenta o déficit, em vez de reduzi-lo".
Como se não bastasse o desgaste com o chefe, Musk protagonizou embates públicos com figuras importantes do governo. Seu alvo preferido foi Peter Navarro, assessor responsável pela política tarifária, a quem classificou como "verdadeiro idiota" e "mais burro que um saco de tijolos" — tudo, evidentemente, compartilhado com entusiasmo para seus milhões de seguidores no X. Navarro devolveu a provocação, chamando Musk de "montador de carros" e ironizando a dependência da Tesla de peças importadas.
Elon Musk: Foco renovado no setor privado e futuro incerto do DOGE 4a2w6c
Com a saída de Musk, o futuro do polêmico DOGE está indefinido. O empresário Vivek Ramaswamy, outro nome forte do mundo corporativo que flerta com a política, é cotado para assumir a liderança do departamento e tentar salvar a missão original de reformar a burocracia federal.
Enquanto isso, Musk parece aliviado em poder voltar a se dedicar integralmente às suas paixões empresariais, como a SpaceX, a Tesla e outros projetos de inovação tecnológica que orbitam seu império. Segundo aliados, ele também busca reabilitar sua imagem pública após uma agem pelo governo que, embora curta, foi suficiente para gerar controvérsia e manchetes.
Apesar da ruptura, o vice-presidente J.D. Vance garantiu que Musk continuará prestando apoio informal à istração Trump, num típico caso de "não estou, mas estou". Resta saber se, fora do ambiente político, Musk conseguirá recuperar o fôlego e retomar o protagonismo que sempre soube construir no mundo empresarial e na arena digital.