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O que significa para 'O Agente Secreto' ser distribuído pela Neon nos EUA? l162c

Selo é responsável pela distribuição de vencedores do Oscar de Melhor Filme de 2020 e 2025 71591v

22 mai 2025 - 10h06
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A notícia de que a Neon ficará responsável pela distribuição de O Agente Secreto, novo filme de Kleber Mendonça Filho estrelado por Wagner Moura, nos Estados Unidos pode ser considerada uma ótima notícia para a indústria do cinema nacional. Embora não tenha o mesmo peso que a Sony, responsável por levar Ainda Estou Aqui aos cinemas estadunidenses em 2024, o selo independente tem criado um portfólio de títulos renomados desde sua criação, em 2017, incluindo dois vencedores do Oscar de Melhor Filme. 3t1m30

'O Agente Secreto', filme de Kleber Mendonça Filho, será distribuído nos EUA por estúdio de 'Anora' e 'Parasita'
'O Agente Secreto', filme de Kleber Mendonça Filho, será distribuído nos EUA por estúdio de 'Anora' e 'Parasita'
Foto: CinemaScópio/ Divulgação / Estadão

Considerando o sucesso e a boa vontade criada no público norte-americano com o filme de Walter Salles, não era difícil de imaginar que O Agente Secreto, protagonizado por um ator em alta em Hollywood, rapidamente conseguiria um distribuidor para os EUA. O histórico recente da Neon, cujas produções tendem a ser muito celebradas pela crítica local, proporciona ao longa de Mendonça Filho um selo de qualidade que dificilmente lhe seria atribuído se sua distribuição caísse nas mãos de grandes estúdios, marcados por sua relação de amor e ódio com a crítica.

Desde seu primeiro ano no mercado, a Neon tem investido em títulos independentes que, na maioria dos cenários, ariam batidos pelo grande público em meio a cenário dominado por franquias e remakes. Ainda em 2017, o estúdio e distribuidor foi o responsável por levar filmes elogiados como Colossal, Ingrid Vai Para o Oeste e Eu, Tonya às telonas dos Estados Unidos, com este último sendo indicado a três prêmios no Oscar 2018, levando a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante para Allison Janney.

Mas o grande trunfo da Neon nos cinemas estadunidenses veio em 2019, quando o estúdio adquiriu os direitos de distribuição do sul-coreano Parasita e do francês Retrato de uma Jovem em Chamas. Em um país cujo público é extremamente bairrista, quase sempre ignorando produções estrangeiras, a aposta da Neon em dois filmes independentes internacionais solidificou uma marca claramente mais interessada em investir em qualidade do que em quantidade.

Mesmo tendo uma presença menor nas salas de cinema que outros grandes estúdios, a decisão do estúdio resultou no sucesso de bilheteria de ambos os títulos, com Parasita ainda quebrando um tabu quase centenário da Academia ao se tornar o primeiro filme de língua não inglesa a levar o Oscar de Melhor Filme.

A Neon voltou a levar o prêmio mais cobiçado de Hollywood em 2025, quando seu filme Anora levantou cinco estatuetas na cerimônia do Oscar — Melhor Filme, Melhor Direção, Roteiro e Edição para Sean Baker e Melhor Atriz para Mikey Madison.

Mark Eydelshteyn e Mikey Madison em cena de 'Anora'. O filme, vencedor do Oscar 2025, foi distribuído pela Neon.
Mark Eydelshteyn e Mikey Madison em cena de 'Anora'. O filme, vencedor do Oscar 2025, foi distribuído pela Neon.
Foto: Universal Pictures/Divulgação / Estadão

Entre o histórico recente do estúdio (que inclui ainda o também indicado ao Oscar A Semente do Fruto Sagrado) e ótima recepção da Academia a Ainda Estou Aqui, a distribuição de O Agente Secreto pela Neon indica que o filme brasileiro tem grande potencial para chamar a atenção na próxima temporada de premiações. Essa aquisição também significa que o cinema brasileiro seguirá, por pelo menos mais um ano, em evidência nos EUA.

Caso isso de fato ocorra e O Agente Secreto mantenha os olhos do público mundial no Brasil durante as entregas do Globo de Ouro, Oscar e afins, é de se esperar que, cada vez mais, a indústria do entretenimento nacional invista em produções de qualidade, visando o mercado estrangeiro. Com mais dinheiro e recursos, a cena brasileira pode ter em mãos sua maior chance em décadas de voltar a dominar as salas de cinema nacionais e, como disse Mendonça Filho em Cannes, "se organizar" para voltar a ser devidamente celebrada, dentro e fora do Brasil.

Estadão
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