Os 3 piores discos do Kiss, segundo crítico da Rolling Stone 2f313x
Ranking explora tropeços de uma das maiores bandas de rock da história, com álbuns que perseguiram tendências e soaram pouco honestos 6d1w4q
Entre as grandes bandas de rock, poucas foram tão desprezadas pela mídia especializada como o Kiss. Injusto. O grupo fundado por Paul Stanley (voz e guitarra), Gene Simmons (voz e baixo), Peter Criss (bateria e voz) e Ace Frehley (guitarra e voz) fez muito para o rock, seja com seus álbuns repletos de músicas fortes, talentos que levaram incontáveis garotos fascinados a pegar num instrumento musical pela primeira vez, shows que se tornaram verdadeiros espetáculos — Simmons garante que até Paul McCartney imitou o conceito —, visual impactante e visão de marketing a ponto de lançar todo tipo de produto licenciado: de caixão a papel higiênico. 5fb3z
Mas também seria injusto enxergar apenas méritos nesta trajetória. Como em toda longa carreira de artista ou banda — eles estiveram na ativa por cinco décadas —, houve uma série de tropeços discográficos, motivados especialmente por Stanley e Simmons preferirem ir atrás de tendências sonoras do que incorporar influências à sua própria essência.
A lista a seguir apresenta os três piores álbuns do Kiss na opinião de alguém que tem esta banda como a sua favorita há duas décadas. Acredite: dói mais em mim do que em você. Confira!
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3) Carnival of Souls: The Final Sessions (1997) e3i5n
Diferentemente dos outros dois nesta lista, Carnival of Souls: The Final Sessions nem de longe pode ser definido com um álbum ruim. Mas há dois problemas graves que o permeiam. O primeiro é simples: este trabalho não foi finalizado. Suas gravações ocorreram entre 1995 e 1996, quando, nos bastidores, desenhava-se uma volta da formação original do Kiss.
Ou seja: neste período, Paul Stanley e Gene Simmons tinham que distribuir suas preocupações entre compor e gravar novo material junto a Bruce Kulick (guitarra) e Eric Singer (bateria) e discutir os detalhes dos retornos de Ace Frehley e Peter Criss, ambos fora havia mais de uma década. Difícil se concentrar dessa forma. Quando resolveram lançar, em 1997, Frehley e Criss já estavam de volta. Só colocaram o material no mercado para combater versões piratas que circulavam — e mal fizeram um trabalho mais caprichado de mixagem e masterização.
A segunda falha recai sobre o conceito: aqui, o Kiss se limitou a reproduzir a sonoridade grunge/alternativa em alta nos anos anteriores. Basicamente, atuaram como perseguidores de tendência. Não que eles não tenham feito isso antes — emularam discoteca em Dynasty (1979) e Unmasked (1980), tentaram ser contemplativos em Music from "The Elder" (1981), buscaram se adequar ao glam metal em boa parte dos trabalhos da década de 1980 —, mas em Carnival of Souls: The Final Sessions isso ficou bem escrachado. Surgiram daí músicas incríveis como "Hate", "Master & Slave" e "I Will Be There", mas o resultado está abaixo até mesmo de outros discos questionáveis, como Crazy Nights (1987) e Hot in the Shade (1989).
2) Music from "The Elder" (1981) 5t563o
O maior fracasso da história do Kiss. E, mesmo assim, não está listado aqui como o pior álbum — opinião da qual Gene Simmons e Paul Stanley discordariam. Music from "The Elder" foi uma tentativa desesperada de ser levado a sério, vinda de uma banda famosa justamente por… não se levar a sério. Conceitual, a obra buscou narrar a história de um garoto pertencente a uma geração de anjos que protegem o mundo de demônios. A trama é tão mal costurada que ninguém a entendeu, e não ajudou o fato de o disco ter sido lançado com a ordem de faixas misturada, bagunçando toda a sequência de fatos. Musicalmente, o grupo explorou influências sinfônicas, meio progressivas (eu disse "meio"), mas ficou mal acabado a ponto de só soar brega.
Além disso, foi gravado em um período interno conturbado: Peter Criss havia acabado de sair, Ace Frehley estava cada vez mais imerso no vício, Paul Stanley enfrentava um momento difícil em sua vida pessoal e Gene Simmons encontrava-se cada vez mais seduzido pela fama — poucos anos depois, ele se afastaria criativamente do grupo e deixaria tudo nas costas de Stanley. Para piorar, chamaram o produtor Bob Ezrin, que, apesar da moral elevada por ter conduzido o clássico do Pink FloydThe Wall (1979), encontrava-se numa fase megalomaníaca e, claro, recheada de drogas.
Como em Carnival of Souls, há canções interessantes. "The Oath", "Dark Light" (mesmo parecendo uma demo) e "I" são alguns dos destaques. Mas o todo é tão fraco que não à toa o álbum fracassou em vendas, sequer foi promovido em turnê, rendeu a saída de Frehley e levou Simmons e Stanley a seguirem o caminho musical exatamente oposto no ótimo sucessor Creatures of the Night (1982).
1) Animalize (1984) 6z4g58
Escolha controversa, eu sei. Não me denuncie para o RH da Rolling Stone Brasil. Estou ciente: este foi o álbum que teve a posição mais alta nas paradas americanas desde Dynasty (19º) e deu ao mundo "Heaven's on Fire", hit que manteve o Kiss em uma retomada de popularidade iniciada com a retirada das maquiagens e Lick It Up (1983). Mas fora esta canção e "Thrills in the Night", pouco se aproveita do único disco gravado com o já falecido guitarrista Mark St. John — que nem terminou o processo, sendo substituído por Bruce Kulick em algumas faixas e limado da turnê após um suposto e mal explicado diagnóstico de artrite.
Embebido nos excessos do glam metal a ponto de ter oncinha E zebrinha na capa, Animalize é uma das melhores representações de como Gene Simmons fazia parte do Kiss apenas em corpo. Sua alma estava nas malfadadas tentativas de se estabelecer como ator de Hollywood, com filmes tão constrangedores quanto suas contribuições a este álbum: "Burn Bitch Burn", "Lonely is the Hunter", "While the City Sleeps" e "Murder in High-Heels". Sério, leia a letra dessas músicas. Gene acabou substituído em algumas músicas por Jean Beauvoir, músico do Plasmatics que nada poderia fazer a não ser acompanhar as ordens de um acumulado e pouco inspirado Paul Stanley. O sucessor Asylum (1985) ao menos começa a restabelecer um espírito de banda, com Kulick efetivado e mais ativo.
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