Queens of the Stone Age enfrenta a dor em show gravado nas catacumbas de Paris 2s556r
Gravado no subsolo da Cidade Luz, filme exibido ontem em SP mostra QOTSA mais íntimo, entre ossos, ecos e a sombra da morte 3y93t
"Se algum dia você for assombrado, estar cercado por vários milhões de mortos é o lugar. Nunca me senti tão bem-vindo na minha vida." — Joshua Homme 62r4j
Uma apresentação envolta por ossos, ecos e confissão. Foi o que o público brasileiro presenciou ontem (5) na sessão única de Alive in the Catacombs, o novo filme-concerto do Queens of the Stone Age, exibido no Cineclube Cortina, no centro de São Paulo. Gravado em julho de 2024, a performance marca não só um dos shows mais íntimos da carreira da banda, como também um momento de vulnerabilidade extrema para seu vocalista, Josh Homme.
A locação? Nada menos que as Catacumbas de Paris, o lado mais sombrio da Cidade Luz. A cerca de 20 metros abaixo do chão, os túneis abrigam os restos mortais de mais de 6 milhões de pessoas. Um labirinto silencioso e úmido, onde apenas 1,5 km é ível ao público. Nesse cenário de silêncio fúnebre e ressonância natural, Homme e sua banda deram vida a uma versão desacelerada e emocionalmente carregada do QOTSA.
A apresentação foi meticulosamente pensada para aquele espaço. Cada escolha, de iluminação à disposição dos músicos, foi feita respeitando a acústica cavernosa, o som da água pingando, o eco frio entre os corredores. Com produção da cultuada La Blogothèque e direção de Thomas Rames, o show conta com arranjos minimalistas e instrumentação expandida: violinos, contrabaixo, xilofone...
A voz de Homme, muitas vezes sussurrada, atravessa os crânios empilhados, amplificando a dor que ele carregava naquele momento. O show foi gravado logo antes de a banda cancelar os shows restantes da turnê The End Is Nero, por conta de uma emergência médica séria com o vocalista, que, segundo o documentário exibido junto ao show, estava se sentindo à beira da morte.
E é aí que entra o segundo ato: Alive in Paris and Before, documentário dirigido por Andreas Neumann, colaborador da banda de longa data. A produção mostra os bastidores do show nas catacumbas, começando nos ensaios realizados na Itália, ando pelas tensões da equipe, a incerteza de seguir com o projeto e a consciência de que aquele poderia ser o último show de Josh Homme. Uma ideia que, segundo o doc, estava sendo planejada há 20 anos, mas só foi realizada quando o vocalista estava enfrentando sua maior crise de saúde.
Em vez de um espetáculo fantasmagórico, Alive in the Catacombs entrega um ritual de dor. Músicas como "Villains of Circumstance" e "Suture Up Your Future" ganham força no silêncio, na pausa, na emoção, na reverberação do subsolo. É como se a banda tivesse tocado não para sobreviver, mas para se despedir.
No fim, o filme não marca um adeus definitivo, mas o fim de um capítulo sombrio, que a banda enfrentou com coragem, emoção e crueza. E nos convida a descer com eles. Até o fundo.
Abaixo você confere o trailer de ambos filmes:
Setlist (acústico): 2u1t1i
- Running Joke / Paper Machete
- Kalopsia
- Villains of Circumstance
- Suture Up Your Future
- I Never Came
- This Lullaby
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