Remake não consegue repetir o drama impactante do reencontro de Helena e Odete 3q36d
Texto esticado tirou força de uma das cenas mais importantes de ‘Vale Tudo’, mas Paolla Oliveira conseguiu se sobressair 41b33
Quanto maior a expectativa, possivelmente maior a frustração. Foi o que ocorreu na propagada chegada de Odete Roitman (Débora Bloch) na mansão da família. 2v3269
Esperava-se muito do reencontro da bilionária tirânica com a filha alcoólatra Helena (Paolla Oliveira). Quem se lembra da sequência original, de 1988, provavelmente se decepcionou.
A autora Manuela Dias aumentou o texto da artista plástica, pulverizando a força cênica. Na 1ª ‘Vale Tudo’, Helena se desequilibra nos poucos degraus que separam os dois ambientes da sala, cai, um copo se quebra e, ao levantar a cabeça, sozinha, encara o olhar dúbio – surpresa e desgosto – da mãe.
No remake, ela demorou muito a descer a longa escada (aliás, o cenário da mansão atual não tem o charme do projeto arquitetônico modernista anterior, creditado na trama ao genial Oscar Niemeyer) e, mal foi ao chão, já estava cercada por Celina (Malu Galli), Afonso (Humberto Carrão) e Eugênio (Luís Salém). Faltou concentrar o embate entre mãe e filha.
Nota-se também o vazio da trilha incidental da ‘Vale Tudo’ original, imprescindível para aumentar a tensão e criar o alerta para o próximo capítulo. Escolheram uma música instrumental parecida com a de filmes juvenis de bruxos. Inadequada ao tom proposto pelo roteiro.
Impossível a um noveleiro veterano não comparar os dois jeitos de gravar uma cena tão emblemática do folhetim. Este é o risco de fazer o remake de um clássico do cinema ou da teledramaturgia: sempre haverá confrontação, com alta probabilidade de a versão contemporânea ficar em desvantagem.
Ponto positivo da sequência: o olhar com ferocidade de Helena, prestes a dar um bote na mãe, em contraste com a angústia e a insegurança de antes, quando aguardava quase em pânico a chegada da matriarca. Paolla Oliveira cresceu em cena.
