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Fernanda Lima  Foto: Adriano Damas / Velvet

Fernanda Lima abre o jogo sobre fim de projeto na TV, ter uma filha depois dos 40 e perder o pai para a Covid 4j2r6v

A apresentadora vive as mudanças da maturidade e arruma um jeito de driblar desafios com estudos e reando conhecimento 9l66

Imagem: Adriano Damas / Velvet
  • Luciana Bugni
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Fernanda Lima, modelo. Fernanda Lima, atriz. Fernanda Lima, apresentadora de TV. Fernanda Lima, idealizadora de podcast. E esposa, e filha, e mãe, e mulher. Fernanda Lima, embaixadora da menopausa levantando a bandeira do “todo mundo vai falar sobre isso, sim”. Ufa. 6j3x5l

Não há um item na lista acima que a gaúcha Fernanda Lima não tenha executado com maestria. E segue fazendo. Hoje, aos 47 anos, revolucionou a comunicação brasileira sobre menopausa em seu podcast Zen Vergonha — o tema secreto das mulheres após os 40 virou assunto popular. Depois, na segunda temporada, dissecou a masculinidade e convidou os caras a se abrirem em áudios sobre suas vivências. O que ouvimos são reflexões que, talvez, eles não fizessem sem o incentivo da apresentadora.

Campeã de reinvenção, ela avalia que esse movimento é fundamental para alguém que invade a casa das pessoas há tantos anos. Do “Fica Comigo”, programa de namoro que apresentou na MTV aos 20 anos, ao “Amor & Sexo”, que apresentou na Globo durante 11 anos, quando já estava na casa dos 30, muita água ou por debaixo dessa ponte. Ela inaugurou nos anos 2010 um espaço para assuntos que não eram muito comuns na TV aberta, como feminismo e liberação sexual. “Tinha de aproveitar o meu espaço na televisão, mesmo que de brincadeira, para poder, nas entrelinhas, comunicar coisas legais e acrescentar algo à vida das pessoas”, reflete. 

Fernanda Lima
Fernanda Lima
Foto: Adriano Damas / Velvet

Pensei: vou pegar esse momento que não está  tão incrível e vou estudar, me aprofundar, vou atrás  da minha vida, do que eu ainda sou capaz de fazer.  Não vou acreditar no que a sociedade está me dizendo nas entrelinhas.

O alicerce 5z297

Mesmo com tanta vanguarda, Fernanda teve de deixar de gravar em 2020, por conta da pandemia. Veio tudo junto: o fim de um projeto que ela adorava, ter uma filha depois dos 40, viver uma pandemia e perder o seu pai para a Covid. “Comecei a me sentir um pouco como uma carta fora do baralho. Achava que havia ado minha vez”, ela lembra. Essa sensação de descarte foi contornada cuidando melhor da saúde, do sono e dos filhos. E então veio a menopausa — só que a grande mudança hormonal que nocauteia algumas mulheres virou uma mola propulsora para Fernanda: “Resolvi aproveitar mais a vida, trabalhar e exigir um pouco menos de mim”, diz. No tempo livre, ela correu atrás de mais conhecimento, como sempre fez, e leu muito.

Fernanda Lima
Fernanda Lima
Foto: Adriano Damas / Velvet

Chateada com a perda de memória, algo típico da fase, começou a se consultar com médicos para entender a situação da menopausa. Decidiu então tornar essas consultas públicas — se ela, que tinha condições financeiras, estava penando, imagine as outras mulheres que não podiam pagar por tratamento? Nessas noites de insônia, o podcast Zen Vergonha nasceu. “Aquilo me fez um bem, me deu uma sensação de que não estou morta, que estou melhor do que nunca. Estou criativa, consegui sair do lugar de debilitada”, conta.

Essa história de estudar não é de hoje. Fernanda sempre diz que não veio de um lar de pais intelectuais, que liam ou eram professores. Tinha inclusive um pouco de inveja das amigas que tinham essas referências em casa e entendeu que precisava sempre saber mais e correr atrás por si mesma. Cultura era prioridade para ela. “Meu pai viajava, era atleta de basquete. Minha mãe, mais conservadora, pé no chão, me deu uma boa base”, ela diz. Virou modelo, viajou o mundo e nunca deixou de se preocupar em aprender mais lendo e conversando com pessoas que tinham o que acrescentar.

É de sua personalidade arrumar soluções. Se acorda com dor no pescoço, faz yoga toda manhã se esticando, como ela diz, e sente a dor ando. “Nunca precisei tomar nenhum tipo de remédio, mas sinto que com a yoga parece que meu corpo oxigena a ponto de transformar um dia ruim em dia bom. Vou para o tapete e transformo meu estado de espírito”, conta serena. 

Hoje, tenta reproduzir em casa o convívio em família da sua vida na infância. “Uma rotina com graça e responsabilidade, amor, diálogo e paz. E evito qualquer tipo de preconceito e desconfiança em relação aos meus filhos, para que eles não queiram esconder nada de nós”, garante.

Pausa para olhar o homem 5c4x

Educar é papo sério para ela há 16 anos, quando teve os gêmeos Francisco e João. Maria Manoela nasceu em 2020. Desde o início da criação dos garotos, observa as brincadeiras e comentários masculinos, coisinhas que ela até chama de inocentes, mas que não a fazem rir. Os filhos e o marido já ligam o alerta quando percebem que Fernanda não achou graça.

A segunda temporada do podcast nasceu desse entendimento. Reuniu entrevistados e foi cobrando as respostas. Percebeu que homens, quando têm um problema, vão para fora, se anestesiar. E que precisava ajudá-los.

Fernanda Lima participa de bate-papo sobre maternidade na Casa Vivo
Fernanda Lima participa de bate-papo sobre maternidade na Casa Vivo
Foto: Vans Bumbeers / Velvet

“São detalhes muito sutis que fazem com que os homens se construam dessa maneira que a gente vê hoje e muitos estão interessadíssimos em transformar isso”, diz, explicando que tudo é muito conversado. “Não vamos ficar guerreando, porque queremos um mundo melhor para quando não estivermos mais aqui. Precisamos explicar para os homens algumas questões femininas que eles não conseguem entender simplesmente por serem homens. Por exemplo: como eles vão entender sobre nosso medo de andar sozinha numa rua ou numa praia deserta? Só sendo mulher pra saber que pavor é esse”, diz.

Apesar da contundência dos temas que tem abordado, repletos de relevância, ela não é de entrar em polêmicas. “Sou uma pessoa de bastante opinião e me coloco quando discordo ou quando acho algo injusto. Mas isso em grupos de amigos, conversas informais. Na TV ou na internet, prefiro evitar polêmicas porque hoje em dia tem muita gente pronta para apenas odiar e isso foge muito de trocas sinceras e saudáveis”, reflete garantindo-se disposta a ajudar na desconstrução diária do machismo. Segundo ela, é bom finalmente viver em um tempo em que as mulheres não se calam mais e denunciam casos de abuso, por exemplo. 

Precisamos explicar, desenhar e fazer todo esforço possível para fazer os homens entenderem que precisamos deles também. Eles precisam se colocar e, assim, fazer com que outros entendam.

Ana Raia e Fernanda Lima participam de bato-papo sobre maternidade na Casa Vivo
Ana Raia e Fernanda Lima participam de bato-papo sobre maternidade na Casa Vivo
Foto: Vans Bumbeers / Velvet

Envelhecer é imperfeito, mas dá-se um jeito 483qo

O estereótipo de perfeição da família de comercial de cereal não mexe com Fernanda. “Nada afeta minha liberdade de ser imperfeita. Na verdade, a expectativa e a ilusão de perfeição em relação a mim e a minha família vem dos outros. Não tenho essa intenção”. Ela arruma jeitos, como já se viu. Lidar com o envelhecimento é mais fácil lendo e vendo filmes “para ficar esperta”. “Fico me alimentando de conhecimento, o que me faz muito bem. Me sinto rejuvenescendo a cabeça enquanto o corpo está se degenerando”, ela diz.

Outra dica preciosa é se afastar do que é ruim. “A gente não tem mais idade para se preocupar com besteira”, ela afirma enquanto se preocupa em explicar para todo mundo o que vem aprendendo. Que sorte a do público.

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Fonte: Velvet Conteúdos da revista Velvet