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Por que os afastamentos por saúde mental continuam aumentando? 162d3g

Desenvolver uma cultura corporativa com segurança psicológica é a única maneira de manter a produtividade sustentável 493i17

10 jun 2024 - 06h00
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Resumo
O INSS registrou em 2023 um aumento aproximado de 38% em relação a afastamentos por trabalho causados por transtornos mentais. Com o aumento da longevidade, o 'geração sanduíche' tornou-se comum no Brasil, e isso impacta na saúde mental das mulheres, que dedicam mais tempo a trabalhos não remunerados de cuidado. Ao mesmo tempo, as empresas precisam de informação para embasar estratégias em saúde mental e sofrem também com desinformação e estigma.
Foto: Freepik

Entra ano, sai ano, e alguns desafios da sociedade continuam a ser deixados de lado. Ou pelo menos não estão sendo tratados com a importância e a seriedade que o tema exige. O impacto dos transtornos de saúde mental no trabalho é um deles. Os números estão aí para comprovar: em 2023, o INSS registrou 288.865 afastamentos por trabalho causados por transtornos mentais, um crescimento de impressionantes 38% em relação ao ano de 2022. 612pb

Os dados do Ministério da Previdência Social trazem os motivos de afastamento mais frequentes: depressão, ansiedade, transtorno de adaptação e síndrome de Burnout. Em 2023, conduzimos na Vittude o estudo “Panorama de saúde mental nas organizações brasileiras”, que reuniu dados de mais de 24 mil pessoas da nossa base de clientes que responderam ao DASS-21, questionário que mensura os níveis de depressão, estresse e ansiedade.

Nesse levantamento, verificamos que 23% dos não líderes têm algum quadro de ansiedade, enquanto cerca de 15% dos líderes apresentam o problema. Um dado importante é que 10,12% apresentam um quadro extremamente severo de ansiedade. Outros transtornos, como a depressão e o estresse, têm incidência em 18% dos não líderes e 10% de incidência (depressão) e 12% (estresse) entre os líderes.

Ao olhar para o recorte de gênero, nos casos severos e extremamente severos de ansiedade, depressão e estresse, as mulheres são mais atingidas do que os homens: 6,6% dos homens contra 10,4% das mulheres apresentam níveis severos de estresse; 9% dos homens vs. 15% das mulheres para ansiedade e 8% dos homens vs. 10% das mulheres para depressão.

Por que as mulheres são as mais afetadas? 59p17

A forma como nossa sociedade está estruturada exige das mulheres múltiplas responsabilidades e esse é um dos principais fatores de desequilíbrio. Conciliar as necessidades da família, da casa e do trabalho pode elevar os níveis de ansiedade e estresse, contribuindo para o impacto na saúde mental. Segundo dados coletados em 64 países em 2019 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres dedicam, em média, 3,2 vezes mais tempo do que os homens com trabalhos não remunerados de cuidado, como planejamento e preparo da alimentação da família, cuidado de doentes, ou limpeza da casa. 

No Brasil, as mulheres dedicam até 25 horas por semana a afazeres domésticos e cuidados, enquanto os homens apenas 11 horas, segundo um estudo do FGV Ibre realizado em outubro de 2023.

As horas dedicadas à economia do cuidado pelas mulheres devem se intensificar nos próximos anos devido ao fenômeno conhecido como “geração sanduíche”. Com o aumento da longevidade da população e a tendência de terem filhos mais tarde, está se tornando cada vez mais comum o fato de as mulheres terem de lidar com o cuidado de pessoas de duas gerações: seus pais e filhos. 

Não há estatísticas precisas sobre o fenômeno no Brasil, mas dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) de 2019 apontam que 54,1 milhões de brasileiros com 14 anos ou mais cuidavam de outros moradores da casa ou de parentes.

O fato é que, por não ser remunerado, o trabalho exercido na economia do cuidado não é valorizado pela sociedade, mas tem impacto significativo na rotina diária das mulheres. O estudo da FGV Ibre estima que a economia doméstica e do cuidado acrescentaria 13% ao PIB se fosse remunerado. Isso sem falar no impacto dessa sobrecarga na saúde mental das mulheres. Para conciliar todas essas demandas, há maior dificuldade de priorizar o descanso e o autocuidado físico e mental, essencial para garantir um maior equilíbrio da saúde mental.

Por que não avançamos no cuidado à saúde mental nas empresas? 6t3s4n

Independente da questão de gênero, se os transtornos de saúde mental estão com índices tão gritantes e o impacto (e custo) nas empresas está cada vez mais insustentável, por que o cuidado das pessoas nesse tema avança tão pouco nas organizações">Tatiana Pimenta é fundadora e CEO da Vittude, empresa de desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas. 

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