Protecionismo só interessa a quem o propôs, diz Lula na Rússia em nova crítica a Trump 6k111q
Lula retoma ofensiva à política dos Estados Unidos e fala em parceria com russos em energia nuclear e minerais críticos 5e42p
Lula criticou o protecionismo dos EUA, defendeu o multilateralismo e debaterá barreiras comerciais no Brics, além de buscar parcerias com a Rússia em energia e minerais e celebrar avanços na redução da desigualdade no Brasil.
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU - Em nova crítica à política comercial e à guerra tarifária do governo Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, dia 10, que o protecionismo só interessa a quem o adota. 5h385n
"Querer voltar à teoria do protecionismo não interessa a ninguém, a não ser a quem propôs a ideia", disse Lula durante entrevista em Moscou.
Lula voltou a centrar críticas no presidente dos Estados Unidos, assim como fez em reunião com Vladimir Putin no Kremlin. O presidente falou a jornalistas minutos antes de decolar da capital russa, encerrando viagem ao país.
Segundo Lula, o Brasil está defedendo o multilateralismo, que "humanizou o comércio entre as nações". "Queremos um comércio mais flexível, mais justo, inclusive podendo fazer políticas para favorecer os países mais pobres", afirmou o presidente.
Lula criticou o abandono da OMC (Organização Mundial do Comércio) pelos EUA e a aposta em negociações bilaterais.
"A tentativa de fazer acordo país por país é jogar fora a essência do multilateralismo. Nós não aceitamos isso", disse o petista.
O petista também disse que vai discutir, no Brics, a adoção de barreiras comerciais pelos EUA. A cúpula do grupo de países emergentes será realizada em julho no Rio.
O assunto também será pauta nos próximos dias durante viagem à China e encontro com o presidente Xi Jinping, líder do maior rival econômico de Washigton.
Lula afirmou que o Brasil não é "quintal" de ninguém - em resposta a uma expressão usada por autoridade do governo Trump em relação à América Latina - e disse que deseja ser tratado com respeito pelos EUA.
Parcerias com russos 1w1l1f
O presidente também revelou a intenção de discutir com o governo russo a pesquisa para exploração de minerais críticos no Brasil.
O Estadão apurou que, durante a reunião de Lula com Putin e ministros de Brasil e Rússia no Kremlin, o governo brasileiro expôs a intenção de comprar mais gás natural dos russos - que teriam estoques disponíveis por causa da interrupção de fornecimento à Europa -, bem como obter cooperação para construção de pequenos reatores nucleares a fim de usar em geração de energia.
De acordo com o presidente, a intenção do Brasil é formalizar acordos com empresas e o governo russos, a fim de garantir o fornecimento de energia elétrica sem interrupção, dada a volatilidade da produção de energia solar e eólica.
Lula disse que vai tentar equilibrar o comércio com a Rússia, para que ninguém seja prejudicado. Em 2024, as trocas atingiram US$ 12,4 bilhões, mas o Brasil ficou com saldo negativo de US$ 9,5 bilhões. O País importa mais diesel e fertilizantes - que deseja incentivar a produção local - e exporta mais carne bovina e café não torrado, mas os valores são díspares.
Lula celebrou ainda dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) - Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A desigualdade de renda no Brasil desceu a um piso histórico em 2024, em meio ao mercado de trabalho aquecido e à manutenção de programas sociais pelo governo. O rendimento mensal real domiciliar per capita subiu a um recorde de R$ 2.020, alta de 4,7% em relação a 2023.
"Estamos no caminho certo na medida de combater a fome, combater a pobreza, a desigualdade e aumentar o nível de renda do povo brasileiro. Todos os indicadores são extremamente positivos do ponto de vista da escalada de conquista social no Brasil. Isso é muito bom, porque vocês sabem que o sonho que unir o Brasil será um país com um padrão de classe média para todo o povo brasileiro. É esse o sonho que eu carrego quando eu penso em fazer política de distribuição de renda.
