F1: Diretrizes Técnicas da FIA atacam (e confundem) novamente 5s31k
Feitas para esclarecer o regulamento técnico junto às equipes, as Diretrizes Técnicas acabam por ter um papel decisivo na F1 53f5j
Se tem uma coisa que levanta poeira na F1 nos ultimos tempos são as Diretrizes Técnicas da FIA. Feitas para esclarecer aspectos sobre o Regulamento Técnico da FIA junto as equipes, elas tem sido cada vez mais frequentes e acabam por mudar os rumos do campeonato. Ou pelo menos deixa a entender que pode acontecer. b285b
A mais conhecida recente foi a DT39 que veio em 2022 para tratar sobre a oscilação dos carros (o chamado "porposing") ocasionada pela reintrodução formal do efeito solo na F1 naquele ano. Após muita discussão, um modo de cálculo foi introduzida a partir do GP da Bélgica daquele ano, praticamente "matando" a Ferrari e abrindo o caminho para a Red Bull.
Dona FIA veio com mais algumas este ano, sendo a mais relevante a famigerada revisão das medidas de testes de flexão das asas a partir do GP da Espanha. Não são poucos os que dizem que este GP marcará uma divisão clara de desempenho e seria uma forma de parar a McLaren, que teria o melhor entendimento do uso de materiais para flexionar as asas para obter o máximo de pressão aerodinamica sem ir contra o previsto no regulamento.
Os motivos que levam a FIA a fazer estas revisões são as diversas consultas recebidas dos times sobre as soluções dos outros. Sem contar as verificações sobre possíveis linhas a ser seguidas para futuro. Muitos projetos acabam por não ver nem a luz do dia por conta deste tipo de consulta prévia.
O xerife da área é Nikolas Tombazis, grego de 57 anos e que está na F1 desde 1992, quando terminou o seu Doutorado em Engenharia e foi trabalhar na Benetton. Depois, foi para Ferrari, ficou um ano na McLaren, voltando para a Ferrari e tendo seu ultimo trabalho em um time com a Manor. Desde 2018, faz parte da equipe de técnicos da FIA e a partir de 2023 responde pela Diretoria de Monopostos. Ano ado, Tombazis tem ao seu lado Jan Monchaux, que respondeu por vários anos pela parte técnica da Alfa Romeo/Sauber.
Por terem a vivência do "outro lado do balcão", Tombazis e alguns de seus companheiros conhecem boa parte do repertório de artimanhas das equipes. Porém, acaba por ter uma tarefa inglória de ter que esgrimir com um grupo de 30 técnicos contra times que tem pelo menos 10 vezes mais pessoal. Desta forma, a FIA acaba tendo que ser mais restritiva ainda ou trancar porta arrombada....
Muitas situações são discutidas nas reuniões da Comissão de F1, onde todos os times tem participação, além da própria Liberty. Este é o principal meio de decisão de partes técnicas para discussões regulamentares para o futuro (expliquei como elas funcionam aqui) e boa parte das soluções são consensadas aqui. O último grande trabalho foi a extensa revisão do conceito técnico para 2026, em que a FIA incorporou uma série de sugestões das equipes após a constatação de que a versão original, mesmo após muitas discussões, tinha sérios problemas...
Mas a FIA, por ser a guardiã das regras, se reserva o direito de interpretar as regras escritas por ela mesma, em uma linguagem tão hermética que merece ser chamada de "fiacês". E diante das consultas das equipes e até mesmo das observações feitas ao longo dos trabalhos, lança as "Diretrizes Técnicas" de maneira a deixar as coisas mais claras. Pelo menos, a intenção é esta...
Só que as Diretrizes Técnicas são documentos que circulam entre FIA e equipes, não chegando ao grande público. Somente em casos mais extremos, como por exemplo a verificação das asas a partir da Espanha, isso chega ao grande público. Normalmente, os times "deixam escapar" para a imprensa ou existem os "vazamentos controlados" pela própria FIA.
Por exemplo: a Ferrari pagou multa em Imola por ter descumprido o previsto no carro de Leclerc em uma Diretriz Técnica que prevê como os pneus devem ser tratados. Mas este tipo de informação fica aos envolvidos, a não seri que posteriormente seja incorporado às regras, o que nem sempre acontece.
E traz o PlanetF1 que a FIA teria instituido algumas Diretrizes Técnicas antes do GP da Emilia-Romagna para tratar de assuntos como superfícies aerodinamicas e tratamento de pneus. Embora se considere que estes esclarecimentos não tenham influenciado nos resultados, deixa no ar a possibilidade que efetivamente tenha acontecido sim. Os desconfiados citam logo como exemplo o GP de Miami de 2024, quando se alega que a FIA teria proibido uma solução nos freios da Red Bull e coincidiu com o crescimento da McLaren.
Em um momento em que o desempenho na F1 nunca esteve tão próximo e que a FIA tem a sua credibilidade mais uma vez questionada por talvez tomar partido para algum lado, este tipo de situação acaba por causar mais confusão do que serenar os animos. Para o futuro, pensar em deixar a situação mais transparente pode ajudar a diminuir a confusão, bem como fazer regras que façam mais sentido para os engenheiros do que para os advogados...