Retorno de 7 dos 12 torcedores de Oruro não terá festa, diz organizada 4o5z3p
Familiares e amigos dos 7 dos 12 torcedores do Corinthians que estavam presos na Bolívia desde o dia 20 de fevereiro receberam com alívio a notícia da soltura do grupo, que retorna para o Brasil neste domingo. Os corintianos estavam detidos sob a acusação de participação na morte de Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, que foi atingido por um sinalizador na partida entre o San José e o Corinthians, na Copa Libertadores. Os torcedores têm chegada prevista ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, por volta das 14h40 (horário de Brasília), mas outros cinco permanecem presos e aguardam a Justiça boliviana analisar o pedido de liberdade. 5j5de
"Eu chorei muito, muito mesmo, quando recebi a notícia. Nós ligamos ontem (sábado) e ele disse: 'nós estamos arrumando a mochila para voltar'. Nossa, essa foi a melhor notícia, a gente rezava todos os dias por isso", disse Lucimar Vital Silva de Oliveira, mãe de Danilo Silva de Oliveira, um dos sete torcedores libertados no sábado (8). "A gente nunca imaginou que ia ar por uma situação dessas, porque ele é inocente. Mas é muito triste, a gente sente pela família do Kevin também", completou a mãe, que chegou ao aeroporto duas horas antes do horário previsto para o pouso do voo.
Apesar do clima de alegria, representantes da torcida organizada Gaviões da Fiel ressaltaram que não haverá festa na quadra da entidade, em respeito ao luto da família do torcedor boliviano. A torcida organizada enviou apenas um pequeno grupo de representantes para recepcioná-los, sem faixas e cartazes. Familiares, em compensação, chegaram ao aeroporto com fotografias e camisas personalizadas para receber o grupo.
"Não tem motivo de festa. Nem quando os outros cinco voltarem haverá festa. É um momento de muita alegria para as famílias, mas não tem nada o que comemorar. Um torcedor morreu, foi uma perda muito triste", disse Adauto de Oliveira e Silva, 47 anos, um dos representantes da Gaviões.
"Nós somos pais de família também, nós nos solidarizamos com a família do Kevin. O legado que fica é que a gente precisa conscientizar os mais jovens de que torcida é paz, é festa, e certas atitudes não podem ocorrer, porque senão terminam em tragédia", completou.
Processo arquivado
Segundo o advogado Davi Gebara Netto, que representa os torcedores, o processo contra os sete homens foi arquivado pela Justiça boliviana, que entendeu não haver provas da participação do grupo na morte do adolescente. A defesa agora ainda aguarda a libertação dos outros cinco corintianos, e disse estar confiante quanto à soltura dos demais.
"Eles foram soltos porque o processo foi arquivado pela Justiça, por não haver provas. Eles não estão respondendo em liberdade a nada. O processo contra eles acabou, eles estão livres", disse. O advogado também descartou mover um processo contra a Justiça boliviana por danos morais, e disse que não deve pedir qualquer indenização pelo tempo em que os torcedores ficaram presos.
Já para o advogado Ricardo Cabral, que defende o adolescente que assumiu a autoria do disparo, caberá à Justiça brasileira decidir o destino do menor, que só pode ser processado no País por ser menor de idade. No entendimento da defesa, a Promotoria pode até decidir não denunciá-lo, se considerar que não há provas da autoria do crime. O processo, entretanto, ainda aguarda um desfecho na Bolívia, antes de ser encaminhado ao País.
"O fato de ele ter assumido o disparo não quer dizer que foi isso que provocou a morte do torcedor", disse Cabral.