'Desejei não estar mais vivo': o relato de um homem que sobreviveu ao bullying e encontrou sentido na cura 152mw
David Antônio sofreu bullying que deixou marcas por toda a vida 443x5c
David Antônio da Silva compartilha sua história de superação após anos de bullying sofrido na infância. Hoje, ele atua como voluntário em uma ONG para conscientizar sobre os efeitos e a importância de buscar ajuda terapêutica.
ATENÇÃO! Essa matéria contém gatilhos emocionais. 723i4q
Aos dez anos, David Antônio da Silva só queria ser aceito. Em vez disso, encontrou apelidos cruéis, empurrões, risos e a sensação constante de que não pertencia. “A primeira vez, acho que foi na escola, por conta do peso. Eu era... era não, eu sou obeso. Então, a primeira vez que eu lembro foi em ambiente de escola”, conta ele, hoje com 43 anos, profissional da área de TI, natural de Campinas, no interior de São Paulo.
O que para os colegas de sala parecia brincadeira, para ele era humilhação. “Nos anos 80, a gente não tinha noção do que era bullying. Mas eu me sentia muito diminuído, eu me sentia uma pessoa de segunda categoria.”
David relata que torcia para que entrasse alguém “mais obeso” na turma, apenas para que o foco das agressões mudasse. Isso nem sempre acontecia. E, enquanto isso, ele lidava com empurrões, perseguições e palavras como “rolha de poço”, que feriam mais do que qualquer soco. “Às vezes, agressões, tanto verbais quanto físicas.”
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A violência teve impacto direto na rotina escolar. “Eu fingia que estava doente, tentava convencer minha mãe a me buscar”, relembra. Em alguns momentos, a dor se tornava inável. “Uma vez eu esperei um menino do lado de fora da escola para brigar com ele, e eu nunca tinha brigado na vida.”
O garoto era particularmente cruel. Ele, sabendo que David tinha problemas respiratórios e menos mobilidade, o empurrava para iniciar um pega-pega, que acabaria com David sem ar, rodeado de risadas.
Com o tempo, David se calou. Se aos sete anos era comunicativo, aos 14 já se escondia em si mesmo. “A forma que eu me comunicava era desenhar”. Os desenhos abriram portas para conversas, criaram pontes com meninas da escola. Mas até isso tinha um preço: “Os meninos se aproximavam de mim para se aproximar das meninas."
A autoestima, esmagada durante anos, afetou seus sonhos. “Eu queria ser professor de história. E como que eu ia ser professor se eu não tinha coragem de falar com as pessoas">Veja os locais de atendimento!