"Não me importo que minha filha ainda me chame de pai", diz mulher trans r1448
A cabeleireira Isabella Nascimento ou pela transição de gênero depois que a filha já tinha nascido. Ela priorizou processo respeitoso 242wd
“Por muito tempo, fui um menino gay. Mas na adolescência me converti ao evangelho e dentro da igreja me falavam que eu tinha que me casar para me esquecer dos desejos homossexuais. Me casei e quando minha filha nasceu, entendi que eu não podia lutar contra o que eu era. Comecei a transição de gênero aos poucos, com ela ainda pequena”. A história é da cabeleireira do Rio de Janeiro, Isabella Nascimento, de 32 anos. Ela ou pela transição de gênero aos 28 anos. Na época já possuía independência financeira e sua maior preocupação foi, então, fazer com que o processo também fosse natural para a filha. 6c2v3t
Isabella conta que na época em que começou a transição de gênero, a filha tinha 4 anos. “Eu pensava muito nela, em fazer o processo devagar para não dar os maiores do que ela pudesse compreender. Mas tudo para ela era divertido. Então fazíamos maquiagem juntas, por exemplo. E nessa brincadeira eu ia contando para ela. Como minha paternidade sempre foi muito presente, não houve uma ruptura na nossa relação”, contou.
O cinema e a música também foram partes fundamentais nesse processo. “Minha filha via Paulo Gustavo, às vezes vestido de Hermínia, às vezes dando entrevista com roupas de homem. Via a Pabllo Vittar cantando e dizia ‘papai, você é igual a elas, né">Hoje a menina já tem 7 anos e a relação das duas é muito saudável. “Eu sou o amor da vida dela e ela é o amor da minha. Ela ainda está se adaptando, se corrige para não me chamar de pai. Mas eu nunca corrigi. Se eu tiver que ser o pai dela, então eu serei. Em público ela me chama de mãe, mas nunca cobrei ser chamada assim. Não me importo de ainda ser chamada de pai porque não quero causar traumas a ela, no tempo certo a gente vai conversando. Ela é uma criança, tudo tem que ser engraçado, leve. Não quero que os problemas de adultos influenciem a vida dela.
Independência
Para Isabella, uma das formas de conseguir fazer um processo de transição respeitoso para si mesma e para a filha, foi ter independência financeira. “Eu acho que foi bom ar por isso só na vida adulta porque terminei os meus estudos, tenho meu próprio negócio, independência financeira.Então quando decidi ar pela transição, eu já estava forte e empoderada, dependendo apenas de mim. Ninguém podia me criticar ou me impedir. Muitas mulheres não têm a mesma sorte porque fazem a transição em uma fase da vida em que ainda dependem de ajuda”, considera.