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“Não se trata apenas de uma pauta ou de ‘lacrar’”, diz diretora trans sobre representatividade nas séries 3p4o5r

Luh Maza, conhecida como a primeira roteirista trans e negra da TV brasileira, é uma das diretoras da série "Da Ponte Pra Lá", da Max 234169

1 mai 2024 - 05h00
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Resumo
Luh Maza é dramaturga, atriz e diretora, conhecida como a primeira roteirista trans da TV brasileira. Atualmente, ela dirige a série "Da Ponte Pra Lá" e defende a representatividade nas produções.
Luh Maza sonhava em escrever novelas e contar histórias sob uma perspectiva própria
Luh Maza sonhava em escrever novelas e contar histórias sob uma perspectiva própria
Foto: Luciana Zacarias

Quando jovem, em Olaria, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, Luh Maza sonhava em escrever novelas e contar histórias sob uma perspectiva própria. Hoje, a dramaturga, diretora e atriz tem carreira consolidada e abre espaços para que mais pessoas trans e negras ocupem as narrativas nos palcos, no streaming e na TV.  5t4r12

Ela é conhecida como a primeira roteirista trans da TV brasileira, atuando em “Sessão de Terapia”, da Globoplay. Em 2024, alcançou um novo patamar: é uma das diretoras da série "Da Ponte Pra Lá", disponível na plataforma Max. O drama investigativo acompanha uma jovem periférica que investiga a morte do melhor amigo, um rapaz trans.

Na frente das câmera e por trás delas, Luh avalia que a representatividade é mais que um discurso. “Para mim, não se trata apenas de uma pauta ou de ‘lacrar’, mas sim de como mostramos quem nós enfocamos na ficção e como podemos questionar e inspirar a realidade”, diz a diretora, em entrevista ao Terra NÓS

Confira abaixo a entrevista em que Luh fala sobre o investimento nas temáticas ligadas às identidades, suas principais referências e novos projetos. 

Terra NÓS: Como é estrear na direção de uma série?

Luh Mazza: Estrear na direção de uma série do tamanho de "Da Ponte Pra Lá" é muito estimulante para mim, que sou múltipla e inquieta no ofício de artista. Já tenho uma longa trajetória dirigindo no teatro e alguns filmes publicitários, mas encarar uma série para uma plataforma internacional como a Max é uma experiência completamente diferente. 

Mantive minha compreensão da dramaturgia e minha sensibilidade na direção de atores, habilidades que adquiri ao longo dos 20 anos no teatro, como trunfos, mas aprendi muito sobre como traduzir minha visão para toda a equipe, lidando com os diversos setores técnicos envolvidos no audiovisual. 

Trabalhar na transmutação da performance real do set para como ela surge na tela é algo mágico. Apesar dos desafios constantes e imprevisíveis, estou muito empolgada e orgulhosa do que conseguimos realizar como equipe neste projeto.

Qual a diferença entre trans e travesti? Qual a diferença entre trans e travesti?

O que te impulsionou a trabalhar a representatividade em "Da Ponte Pra Lá"?

A sinopse foi criada por profissionais da produtora livremente inspirados em casos da realidade e na desigualdade social em São Paulo. Os protagonistas, Ícaro e Malu, são afetados por serem quem são: pretos, moradores da periferia e jovens criativos, sendo ela uma rapper empoderada e ele um homem trans com talento para a moda. 

Como única mulher negra e pessoa trans entre os roteiristas e diretores, fiz questão de resguardar eticamente a obra para garantir uma representatividade genuína. Claro, dentro dos limites que me permitiam!

É essencial que a representatividade esteja presente tanto na frente das câmeras com os atores – como por exemplo o Victor Liam, nosso protagonista – e também atrás delas. 

Tivemos a colaboração do Phelipe Caetano como consultor, mas espero mais profissionais transmasculinos como autores-roteiristas e diretores.

Sendo uma mulher trans e negra, de origem suburbana, você imaginou ocupar os espaços que tem ocupado hoje">Antes do movimento Black Lives Matter, em 2013, o audiovisual brasileiro tinha raríssimos negros estabelecidos. Conquistamos avanços, eu mesma represento essa transformação. 

Porém, hoje, mais do que inclusão, questiono se os profissionais negros e trans têm garantida à continuidade de seus trabalhos.

Você acredita que a TV e o audiovisual em geral têm ampliado o debate sobre raça no Brasil? Há mais narrativas diversas nas telas?

Sim, especialmente após movimentos como o Black Lives Matter e o Me Too. No Brasil, vimos um florescimento de narrativas diversas, impulsionado principalmente por mulheres realizadoras, criando uma "primavera negra" no audiovisual. 

A transgeneridade também começou a receber alguma atenção, crucial para naturalizar nossa existência na sociedade. Contudo, estamos enfrentando [no setor do audiovisual] uma "ressaca" dessas temáticas, especialmente no contexto político polarizado de governos que atacaram a cultura e minorias sociais, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. 

E então o que festejamos antes vira sinal de alerta com a diminuição de investimentos em projetos com temáticas ligadas às identidades.

Segundo a diretora, o audiovisual tem enfrentando uma "ressaca" de assuntos ligados às identidades
Segundo a diretora, o audiovisual tem enfrentando uma "ressaca" de assuntos ligados às identidades
Foto: Luciana Zacarias

Quais são suas referências na arte?

Sou eclética, dos clássicos à cultura pop. Hilda Hilst foi minha escritora de formação, junto com Clarice Lispector, José Saramago e Haruki Murakami. Atualmente, Conceição Evaristo e Camila Sosa Villada me representam muito. 

O teatro de Samuel Beckett, Sarah Kane e Alcides Nogueira me inspiraram. E na TV, iro Michaela Coel, Issa Rae e Janet Mock, esta última pioneira como roteirista trans e negra norte-americana e que tem transcendido essa temática em uma carreira sólida como roteirista, diretora e produtora executiva. 

No Brasil, sempre tivemos grandes escritores na TV como Dias Gomes, Janete Clair, Benedito Ruy Barbosa, Gilberto Braga e Silvio de Abreu. 

Atualmente, gosto muito do que vejo nas novelas da Rosane Svartman, Lícia Manzo e João Emanuel Carneiro, e nas séries estamos em um grande momento, adoro as histórias dos meus colegas Renata Martins, Jaqueline Sousa, Julia Spadaccini e Lucas Paraizo [criador da série “Os Outros”], por exemplo.  

Quais são seus planos futuros na TV, streaming ou cinema?

No segundo semestre, o longa antológico "Insubmissas", do qual eu dirigi o curta "Nada Somos", será lançado em festivais, assim como estreia na Netflix a minissérie "Candelária", que participei da sala de roteiro. 

Também já entreguei a adaptação de "Torto Arado" para o diretor Heitor Dhalia. Como atriz, tem a estreia de "Uma Família de Sorte", filme de Viviane Ferreira.

O mais importante é que tenho buscado e conseguido integrar meus talentos como autora-roteirista, diretora e produtora executiva para ser reconhecida como uma 'showrunner' capaz de liderar criativamente projetos que tenham algo de novo e importante para contar para o público. 

Sobre o futuro a médio prazo, ainda quero escrever uma novela e assim realizar aquele meu sonho de criança.

NÓS Explicamos: o que nunca dizer para pessoas trans:
Fonte: Redação Nós
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