Script = https://s1.trrsf.com/update-1749152109/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Jovem morre dias após cesárea e caso levanta suspeita de erro médico no RS 3y5f29

Família questiona atendimento hospitalar e pede exumação para apurar possível laqueadura não autorizada 1n1y3a

5 jun 2025 - 10h56
Compartilhar
Exibir comentários

A morte de uma adolescente de 16 anos após uma cesariana realizada no início de maio está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. O caso aconteceu no Hospital Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e a família da jovem Kauany Ventura de Vargas aponta possível negligência médica, além de um procedimento não consentido. 6pe65

Foto: Arquivo pessoal / Porto Alegre 24 horas

Segundo o atestado de óbito, Kauany faleceu em 17 de maio com diagnóstico de choque séptico, insuficiência respiratória aguda, infecção uterina e septicemia abdominal. Ela havia dado à luz no dia 2 de maio e recebeu alta no dia seguinte. Poucos dias depois, procurou atendimento médico com dores e febre, mas teria sido orientada a retornar apenas quando o médico responsável estivesse disponível, o que só ocorreu dois dias depois.

De acordo com a advogada da família, Diânifer Soares, a adolescente voltou ao hospital no dia 9 com febre alta e a cesárea aberta, sendo então internada. No entanto, exames só teriam sido realizados entre os dias 10 e 11, e uma cirurgia foi feita no dia 12. Cinco dias depois, ela não resistiu. O bebê está bem e permanece sob cuidados da família.

O Hospital Sapiranga afirmou, em nota, que a paciente apresentou um quadro de seroma, considerado comum no pós-operatório, e que os primeiros sinais clínicos não indicavam infecção. Informou também que o tratamento prescrito foi à base de anti-inflamatórios e curativos, e que todos os protocolos foram seguidos.

Contudo, o hospital também entregou à família um documento indicando que Kauany teria ado por laqueadura tubária, procedimento que os familiares afirmam não ter autorizado. Em resposta, o hospital alegou que não houve laqueadura e atribuiu a informação a um erro de digitação em sistema eletrônico, pedindo desculpas e se comprometendo a revisar seus protocolos.

A exumação do corpo foi autorizada pela Justiça no dia 30 de maio, a pedido da família, para esclarecer o que foi feito no procedimento cirúrgico. A data para o procedimento ainda será definida.

O delegado Clóvis Nei da Silva, que conduz a investigação, confirmou a instauração de inquérito policial e declarou que serão ouvidas testemunhas e profissionais envolvidos, além da análise de documentos médicos para apurar se houve falhas no atendimento.

Enquanto isso, o médico responsável pela cesárea está afastado de suas funções no hospital desde o final de maio, segundo a instituição. Em paralelo, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) abriu uma sindicância ética-profissional, que corre sob sigilo e pode resultar em sanções istrativas, dependendo da conclusão do processo.

O que diz o Hospital de Sapiranga

"O Hospital Sapiranga, com imenso pesar e respeito, se solidariza com a família da paciente Kauany Ventura de Vargas, cuja perda precoce a todos entristece profundamente, e, em nome de toda a sua equipe médica, assistencial e istrativa, expressa seu apoio e acolhimento neste momento de imensurável dor.

Sabe-se que nada pode amenizar a dor dessa perda. Contudo, além de sua solidariedade à família de Kauany, o Hospital Sapiranga vem fazendo tudo que está ao seu alcance para esclarecer cada ponto, sendo que desde o início mantém uma postura ativa de escuta, cuidado e empatia com os familiares, prestando todo apoio emocional e psicológico.

E diante desse triste episódio, julgou essencial apresentar à sociedade, com máxima transparência, responsabilidade e sensibilidade, alguns esclarecimentos:

1. O que aconteceu.

Kauany foi itida na instituição para realização de parto, sendo a via cesariana uma escolha discutida com a equipe médica, formalizada em termo de consentimento livre e esclarecido, assinado pela paciente e responsável. O procedimento foi realizado de forma tecnicamente adequada, por equipe especializada, dentro do tempo recomendado pelas diretrizes obstétricas para casos não emergenciais.

A paciente recebeu alta hospitalar dois dias após o parto, sem sinais de intercorrências clínicas. No entanto, alguns dias após a alta, retornou ao hospital apresentando sintomas compatíveis com quadro infeccioso, que evoluíram progressivamente, culminando em uma infecção uterina grave.

Diante dessa evolução do quadro, foram adotadas todas as condutas cabíveis: nova internação, ajustes terapêuticos com antibióticos de amplo espectro, exames de imagem, cirurgia de urgência e e intensivo em unidade de terapia intensiva. Ainda assim, apesar dos esforços institucionais e da atuação dedicada das equipes assistenciais, a paciente evoluiu para um quadro de sepse grave, indo a óbito.

É importante esclarecer que infecções são riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, mesmo quando realizados com excelência técnica. Embora todos os cuidados preventivos tenham sido adotados, não foi possível identificar um fator único e determinante para a infecção uterina.

Após análise minuciosa do prontuário e condutas adotadas, o Hospital Sapiranga compreende que a trajetória clínica seguiu parâmetros técnicos adequados. Ainda assim, reconhece a importância de constante revisão e aprimoramento dos processos, o que vem sendo conduzido com seriedade e responsabilidade.

2. Registro incorreto do nome do procedimento no prontuário.

A respeito da inconsistência na documentação médica que apontava indevidamente a realização de um procedimento de esterilização (ligadura tubária) sem consentimento, garante que isso não ocorreu, decorrendo o nome incorreto do procedimento de equívoco provocado, possivelmente, por uma seleção automática indevida nos campos de texto pré-formatado disponíveis no sistema eletrônico.

Pedimos desculpas públicas à família por esse erro material quando da seleção do nome do procedimento, reiterando que o prontuário constitui um documento essencial para garantir a clareza, confiança e dignidade no cuidado do paciente, entendendo que esse lamentável equívoco contribuiu para gerar dúvidas e sofrimento adicional à família.

Como ação imediata foi: (a) iniciada uma revisão de todos os protocolos do sistema de registros; (b) implantada uma segunda etapa de confirmação das informações assistenciais lançadas nos documentos.

3. Ações já realizadas e outras iniciativas que serão implementadas:

• O profissional envolvido afastou-se de suas atividades de forma voluntária e de comum acordo com a instituição, para que a apuração pudesse ocorrer com total isenção;

• Reforçados os treinamentos internos sobre escuta ativa de sinais de dor e desconforto, implantação de escalonamento, o que será incorporado aos ciclos contínuos de educação médica;

• Intensificadas as auditorias clínicas e revisões de casos de risco em comitês multiprofissionais;

• Estabelecido canal direto com a família para prestar acompanhamento contínuo e responder dúvidas futuras.

• Realizada apuração interna com apoio da direção, equipe médica e assessoria técnica.

• Colaboração com as autoridades competentes para o total esclarecimento dos fatos.

4. Compromisso permanente com segurança e transparência

Nosso compromisso institucional permanente com a segurança do paciente. Trata-se de uma instituição acreditada no Nível 2 pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), reconhecimento que reafirma sua atuação comprometida com qualidade, gestão integrada e melhoria contínua.

Desde o início, o Hospital Sapiranga tem buscado agir com humanidade, empatia e respeito à dor dos familiares. A equipe de Experiência do Paciente mantém contato direto com a família, promovendo escuta ativa, esclarecimento de dúvidas e apoio emocional.

Foi oferecido acompanhamento psicológico aos familiares, assim como atendimento pediátrico para a criança recém-nascida, medida tomada independentemente de qualquer apuração de responsabilidades, por entender que o cuidado não termina no tratamento clínico, mas se estende à dignidade humana em todas as suas dimensões.

Apesar do cumprimento técnico dos protocolos aplicáveis, o Hospital Sapiranga reconhece que essa fatalidade exige mais do que justificativas. Ela exige humildade, escuta e transformação, e, por isso, reafirma seu compromisso inegociável com a segurança do paciente, com o acolhimento das famílias e com a ética em cada conduta profissional.

Direção Técnica e Executiva

Hospital Sapiranga

Sapiranga, 02 junho de 2025".

Com informações: G1

Porto Alegre 24 horas
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade