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Graduanda em Direito aos 64 anos, aposentada volta a faculdade com Enem após ter que largar duas graduações 1v294q

Josélia Miranda conta ao Terra como foram os os até o ensino superior e como tem sido a experiência de se formar já idosa 3x4j6h

9 nov 2023 - 05h00
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Graduanda em Direito aos 64 anos, aposentada volta a faculdade com Enem após ter que largar duas graduações :

Um ano depois de se aposentar, Josélia Miranda fez a sua inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Não estudou muito para a prova, confessa. Foi com o que tinha de lembrança dos assuntos do já tão distante período do colégio. Talvez por sorte de principiante (não tão principiante assim), conseguiu uma boa nota no exame e hoje, aos 64 anos, está no último semestre de Direito na Universidade Federal da Bahia (Ufba). k2n2i

"Se você me perguntar porquê, nem para quê, eu não sei", brinca Josélia, enquanto desenrolava uma conversa de cerca de 40 minutos sobre o que a levou à graduação.

Esse é o último episódio da série de reportagens Onde o Enem me levou?, que conta a história de vários brasileiros que,  a partir do exame, conquistaram marcas profissionais, pessoais e financeiras transformadoras. Ao todo são cinco episódios. Confira e se inspire nesses relatos.  

Josélia chegou a se matricular em um cursinho pré-vestibular, mas quando viu as "musiquinhas" usadas pelo professor de Física, que costumam agradar tanto aos mais novos, percebeu que aquele lugar não era para ela. "Eu disse, 'eu não o, não tenho paciência para isso, vou fazer como Deus quer mesmo'. Dizem que Deus tem pena dos bêbados, dos inocentes e dos idosos, né?", afirma.

A graduanda ainda brinca com o tamanho do seu feito. Por ter sido aprovada em Direito apenas no segundo semestre, e na lista de espera, Josélia diz  aos risos que ficou ali "abaixo dos burrinhos". Mas a verdade é que só o fato dela estar entre os matriculados no curso pelo Enem já a torna quase que uma exceção. 

Josélia conta que não gosta muito de tirar fotos e tem poucos registros na faculdade
Josélia conta que não gosta muito de tirar fotos e tem poucos registros na faculdade
Foto: Arquivo Pessoal/Josélia Miranda

Historicamente, os números de candidatos na faixa dos 56 aos 60 anos - onde Josélia se encaixava no ano em que fez o Enem - não costuma chegar nem a meio por cento do total de candidatos do exame nacional. O percentual é, de certa forma, esperado, já que são os jovens os mais interessados em entrar na universidade e dar início a uma carreira no mercado de trabalho.

Para candidatos mais velhos, como Josélia, o peso de ser aprovado não é o mesmo, assim como os motivos que os levam até ali --o que não diminui a relevância da aprovação, pelo contrário.

Quantas pessoas de 51 a 60 realizaram o Enem de 2018 a 2022", considera.

Fachada da Faculdade de Direito da Ufba
Fachada da Faculdade de Direito da Ufba
Foto: Universidade Federal da Bahia

Preconceito 4r582w

No geral, a convivência com pessoas mais jovens é algo ressaltado por Josélia. Ela conta ter aprendido muito com os mais novos, além de ter conhecido "pessoas maravilhosas" na graduação. Ainda assim, não deixa de citar o preconceito pela diferença de idade.

"Eu acho, pode ser só impressão, mas acho que já sofri alguma coisa de etarismo. Porque os jovens são ótimos quando está tudo bem, mas nós só descobrimos quem é o outro num momento de conflito, de discordância", diz Josélia, que acredita ter ado por discriminação nesses momentos.

Ela, que atualmente estagia na Defensoria Pública da Bahia, também sente o preconceito ao tentar se candidatar para uma vaga de emprego. Josélia conta que não teve experiências em escritórios, e que a idade pode ter sido um fator que pesou nas seleções.

"Eu tentei, mas eu mandava os currículos e eu acho que também teve um certo etarismo. Porque, eu acredito que existe um determinado padrão que as entrevistas colocam", diz.

Futuro 6w4m44

Depois de formada, Josélia pensa em atuar na área do Direito. Bem diferente do que ela mesma pensa, sem "o porquê, nem para quê", a graduação parece que tem um grande propósito.

"Na Defensoria, eu acabo me envolvendo muito com as coisas, com a necessidade do pessoal. Então, eu gostaria de exercer essa atividade. Se não for pago, eu fico bem. Porque eu acho que não vão dar emprego a velho, né? Trabalho a gente sempre encontra, emprego que é difícil", brinca.

Josélia cita como exemplo o trabalho feito pelo grupo Tamo Juntas, que ajuda de forma voluntária mulheres vítimas de violência doméstica. É uma opção de atuação que ela pensa em seguir, apesar de não querer limitar seu futuro. "Se der para ganhar um dinheirinho também, não faz mal a ninguém. Não sei, só Deus é quem sabe."

Fonte: Redação Terra
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