Alckmin evita visitar escola sem água em SP; Sabesp nega 1e701w
Em agenda como governador e candidato, tucano trocou visita a escola na Brasilândia, na zona norte, por visita a unidade em Pinheiros, na zona oeste. Segundo funcionários da escola na Brasilândia, falta água "dia sim, dia não" na instituição 5r6140
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O governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) visitou na manhã desta quarta-feira uma escola técnica na avenida Faria Lima, em Pinheiros, em uma agenda “mista” – oficial e de campanha – na qual verificou o andamento de um programa estadual que mescla ensino médio e ensino técnico. O colégio se chama 24 de Março – quase “24 de Maio”, nome de outro colégio da capital que, segundo agenda oficial, seria visitado pelo candidato no mesmo horário, mas acabou substituído pela unidade na Faria Lima. O colégio 24 de Maio fica na Brasilândia, área de periferia na zona norte da cidade, e sofre, junto com o comércio da região, com interrupções no fornecimento de água, prática que o governo nega ser racionamento.
A assessoria de campanha do candidato anunciou ontem à noite a agenda na zona norte, mas a corrigiu, cerca de uma hora depois – às 23h54 –, com o endereço de Pinheiros. Hoje cedo, porém, novo comunicado dava a visita na Brasilândia como o alvo do candidato.
No colégio 24 de Maio, hoje, às 7h45, funcionários se disseram surpresos com o cancelamento da visita, informado por uma funcionária da Secretaria Estadual de Educação cerca de 15 minutos antes. A unidade tem cerca de 2 mil alunos de ensino fundamental e técnico, e o fornecimento de água, afirmou uma funcionária que não quis se identificar, “interrompido durante a noite dia sim, dia não”. Até a supervisora da região Norte-1 da secretaria, Luzia Oliveira, perdeu viagem. Ela não quis dar entrevista.
Estabelecimentos localizados na avenida onde fica a escola, a Cantídio Sampaio, também relataram falta d’água de forma intermitente – a diferença é que todos os dias, e não dia sim, dia não.
“Têm dias em que a água falta 16h, 16h30. À noite, nunca tem. Quando acaba expediente e não tem água, o jeito é separar um balde para poder fazer a higiene antes de ir embora”, afirmou o mecânico Hugo Gomes, 20 anos, funcionário de uma oficina a poucos metros do colégio que seria visitado pelo governador/candidato à reeleição. “Para mim, isso é racionamento”, disse.
Funcionária de um salão de cabeleireiro na mesma avenida, Marilene de Jesus, 42 anos, afirmou que os cortes diários no fornecimento não têm afetado o expediente. “Porque acaba a água perto das 22h e volta umas 6h; a gente abre em horário comercial. Acredito que não tenha outro nome para isso que não racionamento, né">O Terra ouviu no bairro as queixas dos entrevistados sobre a falta d'agua entre as 7h50 e as 10h30 desta quarta.
Assessoria de campanha explica “agenda mista”
A assessoria de imprensa da campanha de Alckmin, por sua vez, informou que a agenda enviada hoje cedo informando sobre a visita ao colégio da Brasilândia “foi um erro” corrigido, conforme a assessora, com o envio de novo comunicado às 8h16 sobre a visita à escola de Pinheiros –marcada, porém, para as 8h.
A reportagem questionou o porquê de os funcionários da escola da zona norte terem sido avisados apenas hoje sobre a visita cancelada, mas foi informada pela assessoria do candidato que “a visita à escola foi agenda oficial; o pronunciamento após a visita que é agenda de campanha”. A agenda oficial na unidade foi confirmada também pelo Palácio dos Bandeirantes.