Ucrânia recorre ao Brasil para intermediar encontro com Putin e Zelensky 5c4656
Kiev recorreu ao Itamaraty em busca de apoio para assegurar a participação do presidente russo, Vladimir Putin, em um possível encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, previsto para quinta-feira (15), em Istambul, na Turquia. A solicitação foi feita pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, em ligação telefônica ao chanceler brasileiro, Mauro Vieira, na manhã desta terça-feira (13). 3t3663
De acordo com o diplomata ucraniano, o pedido envolve o uso da influência diplomática brasileira para convencer Moscou a enviar Putin ao encontro. A solicitação foi feita com base no que Kiev chamou de "voz competente" do Brasil em relação à Rússia.
"Reafirmei a prontidão do presidente Zelensky para se encontrar com Putin na Turquia e pedi ao Brasil que use sua voz competente em seu diálogo com a Rússia para que este encontro direto de mais alto nível aconteça."
Brasil pode influenciar decisão de Putin? 5a3f2h
No último fim de semana, Moscou propôs uma retomada do diálogo direto com Kiev. A sugestão ocorreu em meio à pressão internacional por um cessar-fogo de 30 dias, exigido por líderes europeus como pré-condição para evitar novas sanções ao Kremlin. Zelensky aceitou participar da reunião e confirmou sua presença na Turquia.
Apesar do aceno, o Kremlin não confirmou a ida de Putin. O governo russo indicou que poderia enviar representantes. Diante da indefinição, Zelensky reagiu e afirmou que só participará do encontro se Putin comparecer. O líder ucraniano ainda acusou o presidente russo de demonstrar hesitação e determinou que seu chanceler buscasse apoio diplomático junto ao Brasil.
Até o momento, o governo brasileiro não havia comentado oficialmente a conversa entre os ministros. Fontes do Itamaraty afirmam, porém, que o presidente Lula se reuniu com Putin no início da semana, em Moscou, onde defendeu a ampliação de um cessar-fogo no território ucraniano.
Desde o ano ado, Lula tenta se posicionar como mediador no conflito, mas sua proposta perdeu força após trocas públicas de críticas com Zelensky. Em declarações anteriores, o presidente brasileiro afirmou que o líder ucraniano deveria buscar uma saída diplomática e não militar para a guerra.
Zelensky, por sua vez, respondeu que o Brasil deixou de ter relevância nas negociações. Chegou a dizer que "o trem do Brasil já ou", em referência à ausência de diálogo entre os dois países. A tensão aumentou após Lula ter recusado um encontro com Zelensky, em 2023, durante a agem do ucraniano por Brasília a caminho da posse de Javier Milei, na Argentina.
A reunião desta semana, caso confirmada, será o primeiro encontro direto entre os líderes da Rússia e da Ucrânia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
