Bolsonaro ataca ONGs: "Comandam crimes ambientais no Brasil" 4v2236
Apesar do discurso, dados do sistema de monitoramento do próprio governo apontaram aumento de 40% em devastação na Amazônia 1c5012
Em novo discurso em evento das Nações Unidas, desta vez na Cúpula de Biodiversidade, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar organismos internacionais e disse que seu governo reverteu "a tendência de aumento da área desmatada observada nos anos anteriores" na Amazônia. 426i55
Dados do sistema de monitoramento do próprio governo apontaram aumento de 40% na devastação entre agosto do ano ado a julho deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
"Na Amazônia, lançamos a 'Operação Verde Brasil 2', que logrou reverter, até agora, a tendência de aumento da área desmatada observada nos anos anteriores. Vamos dar continuidade a essa operação para intensificar ainda mais o combate a esses problemas que favorecem as organizações que, associadas a algumas ONGs, comandam os crimes ambientais no Brasil e no exterior", afirmou o presidente, em discurso gravado.
A Operação Verde Brasil 2, liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, consiste no envio de militares para a área amazônica para dar e aos órgãos de fiscalização no combate ao desmatamento. A primeira fase da operação foi iniciada ainda em agosto do ano ado e o plano do governo, como revelou o Estadão, é prorrogá-la até 2022.
Além dos dados de desmatamento, o Inpe também apontou que apenas os primeiros 15 dias de setembro foram suficientes para superar todo o volume de queimadas registradas na Amazônia no mesmo mês de 2019. No período, foram 21.349 focos de incêndio na floresta, contra 19.925 focos em todo o setembro ado.
Apesar dos números oficiais, no discurso feito a líderes globais, Bolsonaro afirmou estar disposto a defender a Amazônia de "ações e narrativas que agridam os interessem nacionais".
Como fez no pronunciamento na abertura da Assembleia-Geral da ONU, no dia 22, o presidente voltou a atribuir as críticas sobre sua política ambiental a interesses internacionais de países que, na sua visão, querem explorar as riquezas naturais da Amazônia.
"Rechaço, de forma veemente, a cobiça internacional sobre a nossa Amazônia. E vamos defendê-la de ações e narrativas que agridam os interessem nacionais", afirmou Bolsonaro.
Apesar dos ataques a ONGs e de citar "cobiça internacional", não citou nomes nem apresentou qualquer instituição que tenha cometido crime ambiental ou que tenha interesse na Amazônia.
Na terça-feira, 29, o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, falou em "consequências econômicas" na hipótese de permanência da devastação da Amazônia. O governo brasileiro sofre forte pressão de líderes mundiais por conta de suas políticas ambientais.
"Não podemos aceitar, portanto, que informações falsas e irresponsáveis sirvam de pretexto para a imposição de regras internacionais injustas, que desconsiderem as importantes conquistas ambientais que alcançamos em benefício do Brasil e do mundo", disse Bolsonaro na ONU. Mais cedo, pelas redes sociais, ele já havia rebatido as declarações em português e inglês. "Lamentável, Sr. Joe Biden, sob todos os aspectos, lamentável", afirmou o presidente na ocasião.
Pantanal 656y13
No discurso desta terça-feira, 30, Bolsonaro também disse que as Forças Armadas atuam para combater os incêndios no Pantanal. O número de focos de incêndio registrados na região de janeiro a agosto equivale a tudo o que queimou no bioma nos seis anos anteriores, de 2014 a 2019, segundo levantamento do Estadão a partir de dados do Inpe.
"No Pantanal, fortalecemos a integração entre as agências governamentais, com o apoio das Forças Armadas, para atuar de maneira coordenada e, assim, combater os focos de incêndio no entorno dessa região", disse o presidente. "Isso mostra que mantemos firme nosso empenho em buscar o desenvolvimento sustentável do País, com esteio em uma agricultura baseada na biotecnologia, de comprovada eficiência, e também na preservação do nosso patrimônio ambiental."
