Dispepsia atinge milhões e pode esconder doenças mais graves 5ash
Apesar de muito associada a uma alimentação pesada ou momentos de estresse, a dispepsia pode indicar condições mais complexas e exige atenção prolongada aos sintomas Dor na região do estômago, sensação de estufamento após refeições leves e queimação frequente. Sintomas muitas vezes atribuídos a uma simples "indigestão" podem, na verdade, caracterizar um quadro de dispepsia, […] 1y5s6
Apesar de muito associada a uma alimentação pesada ou momentos de estresse, a dispepsia pode indicar condições mais complexas e exige atenção prolongada aos sintomas 2p2i10
Dor na região do estômago, sensação de estufamento após refeições leves e queimação frequente. Sintomas muitas vezes atribuídos a uma simples "indigestão" podem, na verdade, caracterizar um quadro de dispepsia, ou seja, uma condição clínica frequente e multifatorial, que pode estar associada tanto a causas funcionais quanto orgânicas. 1l3721
De acordo com dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia, a dispepsia afeta até 15% da população, sendo uma das principais causas de procura por atendimento ambulatorial em gastroenterologia. Os sintomas são persistentes e muitas vezes não se relacionam com doenças estruturais evidentes em exames como a endoscopia. Nesses casos, o diagnóstico costuma ser de dispepsia funcional.
O que é a dispepsia? 142m16
Segundo o médico endoscopista Dr. Thiago Rocha, "a dispepsia é um conjunto de sintomas que afetam o sistema digestivo no andar superior. Em geral, está relacionada à alimentação, ao estresse, ao estilo de vida e a distúrbios do próprio aparelho digestivo".
Diagnóstico e fatores de risco a2s59
Os sinais mais comuns incluem dor epigástrica, sensação de plenitude precoce, ou seja, saciedade após pequenas quantidades de alimento, queimação e náuseas. "Quando esses sintomas se mantêm por três a quatro semanas, especialmente se vierem acompanhados de perda de peso, anemia ou histórico familiar de câncer gástrico, é hora de buscar ajuda médica", orienta o Dr. Rocha.
O diagnóstico da dispepsia é essencialmente clínico, baseado na conversa com o paciente e no exame físico. "Lançamos mão de exames complementares, como a endoscopia digestiva, apenas quando há sinais de alarme ou falha no tratamento inicial", completa o especialista.
Entre os fatores de risco mais frequentes estão hábitos alimentares inadequados, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, uso de anti-inflamatórios não esteroidais e a presença de distúrbios emocionais como ansiedade e depressão.
Dispepsia e saúde emocional 6k1s2d
Essa conexão entre sistema digestivo e saúde mental tem sido confirmada por diversos estudos. Uma pesquisa publicada na revista científica Research, Society and Development analisou 859 pacientes com sintomas dispépticos e revelou que entre os diagnosticados com dispepsia funcional, 52,8% apresentaram sintomas de ansiedade e 25% tinham depressão, segundos os dados do Inventários de Ansiedade e Depressão de Beck.
"O trato gastrointestinal é extremamente sensível a alterações emocionais. Ansiedade e estresse aumentam a percepção de dor, alteram o peristaltismo intestinal e até modificam a secreção de ácidos, o que perpetua o quadro de dispepsia", explica Dr. Rocha.
Helicobacter pylori: um vilão oculto 3034x
Outro ponto importante na investigação é a infecção por Helicobacter pylori, bactéria comumente associada à gastrite, úlceras e até ao câncer gástrico. Diretrizes clínicas publicadas pela Federação Brasileira de Gastroenterologia indicam que a erradicação do H. pylori pode melhorar os sintomas em uma parte dos pacientes com dispepsia funcional, mesmo que os resultados variem.
Tratamento e prevenção 372x4r
O tratamento da dispepsia funcional costuma ser individualizado. Em geral, envolve mudanças no estilo de vida, reorganização alimentar e, quando necessário, prescrição de medicamentos como antiácidos, pró-cinéticos ou até antidepressivos.
"O uso de medicamentos sem orientação médica, principalmente os antiácidos de venda livre, pode mascarar sintomas importantes e atrasar o diagnóstico de doenças mais graves", alerta o Dr. Rocha.
No que diz respeito à prevenção, o médico é enfático. "Uma alimentação equilibrada, rica em fibras, pobre em industrializados, boa ingestão de água e a prática de atividade física são pilares fundamentais. Já os chás e soluções caseiras não têm eficácia comprovada. O ideal é não postergar a busca por orientação profissional", finaliza o médico.