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Focos de gripe aviária no Brasil: quais os reais riscos para a saúde? 4f6142

Especialista afirma que não há motivo para pânico e dá orientações 1j62c

16 mai 2025 - 13h38
(atualizado às 16h47)
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Nesta sexta-feira, 16, o Brasil confirmou dois focos do vírus da gripe aviária. Um deles — o primeiro registrado em aves comerciais — foi identificado em uma granja de produção de ovos férteis em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O segundo foco foi detectado no Zoológico de Sapucaia do Sul, a cerca de 50 quilômetros dali, também na Grande Porto Alegre. 663s37

A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. No zoológico, cerca de 90 aves aquáticas, entre marrecos, patos e cisnes, morreram. O plantel dessas espécies soma aproximadamente 500 animais, todos isolados. Como medida de precaução, o local foi fechado para visitação.

O caso em Montenegro, no entanto, é o que mais preocupa. Técnicos da Secretaria da Agricultura do Estado (Seapi) estiveram na granja e constataram a morte de mais de 15 mil aves, de um total de 17 mil. As aves sobreviventes foram sacrificadas por orientação sanitária. Toda a produção de ovos fecundados comercializada nos últimos 28 dias está sendo rastreada e deverá ser descartada.

Desde 2006, o vírus da gripe aviária circula principalmente em países da Ásia, Europa e América do Norte. O agente infeccioso já havia sido identificado no Brasil em 2023, porém, em aves silvestres.

Em resposta ao caso, o governo decretou estado de emergência zoossanitária em Montenegro por 60 dias, com restrições em um raio de 10 km ao redor da granja afetada. Uma medida semelhante, válida para todo o território nacional, já estava em vigor desde abril, devido à circulação do vírus em aves silvestres.

Quais os riscos? 2i5id

Apesar da preocupação natural, a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, afirma que a situação não é motivo para pânico. "A confirmação do vírus não indica uma situação fora de controle. Pelo contrário, mostra que a vigilância sanitária está funcionando e conseguiu identificar o problema rapidamente."

Ela ressalta que o estado de emergência é uma medida protocolar, que visa a ampliar o monitoramento e as ações de prevenção.

Além disso, a especialista garante que não há motivo para evitar o consumo de ovos ou carne de frango. Isso porque o vírus da gripe aviária não resiste ao calor, portanto, carnes e ovos bem cozidos são seguros e não transmitem a doença.

"A recomendação principal é evitar o consumo de produtos crus ou mal cozidos — ovos fritos com gema mole entram nessa lista —, uma precaução já comum para prevenir outras infecções alimentares", diz Isabella.

A especialista explica que o vírus da gripe aviária é feito para infectar aves, não pessoas. Para que ele consiga atingir diretamente os humanos, teria que ar por uma mutação — ou seja, mudar sua estrutura para se adaptar ao nosso corpo. Hoje, os casos em humanos ocorrem apenas quando há contato direto com aves contaminadas ou com secreções como saliva, muco ou fezes. "Isso costuma ocorrer quando alguém convive de perto com galinhas ou outros animais doentes. Por isso, além da vigilância sanitária, é muito importante que quem trabalha com esses animais use equipamentos de proteção, como máscaras", alerta.

O alerta também se estende a quem mantém criações domésticas. "A morte súbita de aves pode ter diversas causas, mas, diante da suspeita de doença, é fundamental comunicar as autoridades sanitárias. E isso vale não só para galinhas, mas para qualquer tipo de ave criada em casa", diz Ballalai.

Sintomas 4g3i2r

A gripe aviária em humanos começa com sintomas semelhantes aos da gripe comum: febre alta, dores musculares, dor lombar, dor de cabeça, náusea, fadiga e sintomas respiratórios, como tosse e produção de muco. Em alguns casos, o quadro evolui rapidamente, com dificuldade para respirar e hemorragia pulmonar. Também podem ocorrer infecções assintomáticas, sem qualquer sinal visível da doença.

Desde 2003, cerca de 900 casos de gripe aviária em humanos foram registrados no mundo — número que pode ser maior devido à subnotificação de casos assintomáticos. A taxa de letalidade chega a 50%, uma das mais altas entre os vírus conhecidos.

Já nas aves, conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o principal sintoma da doença é a morte súbita, com índices muito acima da mortalidade normal no lote — podendo ultraar 60% e, em casos mais graves, chegar a 80% ou até 100% das aves, dependendo da agressividade do vírus. Outros sinais clínicos incluem:

  • Tosse, espirros e presença de muco nasal;
  • Queda na produção de ovos e alterações na casca;
  • Hemorragias nas pernas e, às vezes, nos músculos;
  • Inchaço (edema) nas articulações das pernas;
  • Inchaço da crista e da barbela, com coloração roxa-azulada ou vermelho-escuro;
  • Falta de coordenação motora, com sintomas neurológicos.

Vacinação contra influenza 49552z

Ela também destaca a importância da vacinação contra a gripe comum (influenza sazonal), especialmente por seu potencial de evitar hospitalizações, óbitos e a piora de doenças crônicas, como diabetes e problemas cardiovasculares.

Ainda que essa vacina não proteja contra a gripe aviária, ela pode ajudar a reduzir o risco de coinfecção — ou seja, uma pessoa ser infectada simultaneamente pelos dois vírus, o que poderia favorecer o surgimento de uma nova cepa, com potencial pandêmico, como ocorreu em 2009 com o H1N1 (gripe suína).

"Vacinar contra a influenza é extremamente importante, especialmente agora", ressalta Ballalai. "Aliada à vigilância ativa dos órgãos de saúde, essa é uma das principais estratégias para evitar um novo surto."

Estadão
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