Pronta para se aventurar nos mais diversos trabalhos como atriz, Glaucia Rodrigues (64) encarou o desafio de protagonizar a primeira montagem brasileira de O Som que Vem de Dentro. Sucesso da Broadway, o texto explora as relações humanas com sensibilidade e, para a artista, também convida ao debate sobre um tema bastante atual: as redes sociais. 1t254b
Na história do dramaturgo Adam Rapp, a professora Bella Lee Baird, personagem de Glaucia Rodriugues, convive com um câncer em estágio avançado quando conhece o jovem escritor Christopher Dunn (André Celant), que não se encaixa em padrões. A partir daí, a trama gera reflexões sobre a vida, morte e relações entre pessoas.
"Aí está a contemporaneidade do espetáculo", diz a artista, em entrevista à CARAS Brasil. "Além do assunto, a estrutura do texto é um primor. A peça aborda assuntos que estão aí. Internet, direito à vida, acolhimento ao diferente... As redes sociais mudaram a nossa forma de se relacionar, precisamos falar sobre isso. Entender esses limites."
Para além da temporada no teatro, que acabou em 2 de junho, Rodrigues brilhou, recentemente, como Jacutinga, no remake de Pantanal (2022, Globo). Essa, inclusive, foi a segunda vez em que ela trabalhou na história, sendo a primeira, em 1990, no papel de Matilde, executiva de José Leôncio (Cláudio Marzo). Privilégio é a palavra que resume as duas experiências, para a atriz.
Agora, a artista não esconde o desejo de voltar à TV ou fazer arte nos mais diversos formatos. "Eu tenho vontade de fazer qualquer trabalho com atriz! Atuar, em qualquer veículo, me faz ver sentido nas coisas", assegura.
Nascida no Rio de Janeiro, Glaucia Rodrigues já trabalhou na TV, teatro e cinema. Formada em Artes Cênicas pela UniRio ela iniciou a carreira em 1982, com a peça Macunaíma. Desde então, ela se dedicou a diversos projetos nas mais diferentes plataformas. Abaixo, a atriz dá mais detalhes sobre o espetáculo O Som que Vem de Dentro. Confira trechos editados da conversa.
Como está sendo apresentar o clássico da Broadway, O Som que Vem de Dentro, em sua primeira montagem no Brasil? Houve algum desafio?
Uma surpresa maravilhosa. Um texto contemporâneo, que surpreende as pessoas e faz com que elas fiquem pensando nele, mesmo após dias depois de terem assistido. Foi totalmente desafiador. Não tinha encarado um texto desse antes. Surpreendente!
Você interpreta a professora de literatura Bella Lee Baird, que enfrenta um câncer em estágio avançado. Quais foram suas inspirações para esse papel?
Eu costumo dizer que, temos todo o sentimento do mundo dentro da gente. Bella está num momento limite: a vida lhe pregou uma peça... mas ela é uma mulher forte, decidida, e é assim que ela encara a sua tragédia particular. Esse sentimento desesperador. Quem já não teve? Quem não encarou aos 64, a minha idade, a possibilidade do fim da vida? Mulheres, me inspiram.
Como é dividir os palcos com André Celant, sob direção de João Fonseca?
Esse é um dos motivos de estar em cena: a direção do João. Não dá pra negar ser dirigida pelo João. E o André? Que grata surpresa. Um belo ator, divertido, companheiro. O projeto nasce como ideia dele. Isso demonstra sua inteligência, o artista maravilhoso que ele é.
Você tem anos de carreira dedicados à arte! Como é poder olhar para trás e ver tudo o que já construiu?
Me sinto, de novo, privilegiada.
Você tem novos projetos que possa contar?
Tenho um projeto de um espetáculo com um texto do Martins Pena, com o João. Vai dar certo.