Leo Lins foi condenado a mais de oito anos de prisão e multa por piadas preconceituosas, criticando a Justiça e levantando debate sobre censura e liberdade de expressão.
O humorista Léo Lins, condenado pela Justiça Federal a oito anos e três meses de prisão por piadas preconceituosas durante show de stand-up, comentou a decisão na tarde desta quinta-feira, 5. 243m5y
Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele agradeceu o apoio de colegas e fez críticas à Justiça.
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De acordo com ele, “o comediante Léo Lins” é uma persona cômica criada ao longo dos anos que faz piadas ácidas e críticas e compreende que “nem todas as piadas são para todas as pessoas”. Por ser uma expressão artística, não poderia ser interpretada ao pé da letra e que as pessoas perderam a capacidade de interpretar o óbvio.
“Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia numa licença estética e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico”, destacou.
“Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos, a da cegueira racional. Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo, quer no máximo convencê-lo da sua própria verdade. Isso pode trazer consequência para qualquer pessoa, mas no caso de um juiz, de uma juíza, pode trazer consequências gravíssimas”.
Lins pontuou que a condenação gerou um debate em torno do que é censura e que concordar com sentenças como a dele era um atestado que comprova que não possuem capacidade de discernir.
“Concordar com sentenças como essa é um atestado que nós somos adultos infantilóides sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós e precisamos de um estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar e até um dia o que você pode pensar”, disse.
Após agradecer pelas mensagens de apoio, ele afirmou que acredita que tudo vai dar certo. “Até porque, se rir virou crime, o silêncio virou regra”, concluiu.
Entenda o caso 6v4j2n
Lins foi condenado a 8 anos, três meses e nove dias de prisão em regime fechado, pelos crimes de discriminação e discurso de ódio cometidos durante um show de comédia. A sentença foi proferida pela 3ª Vara Criminal de São Paulo.
A denúncia contra o comediante foi feita pelo Ministério Público com base em trechos do show "Perturbador", nos quais Lins faz piadas discriminatórias contra negros, homossexuais, indígenas, pessoas com deficiência, judeus, evangélicos, nordestinos e soropositivos.
Na sentença, a Justiça pontuou que 'o exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado, devendo-se dar em um campo de tolerância e expondo-se às restrições que emergem da própria lei.
A condenação, além da prisão de 8 anos, três meses e nove dias, em regime fechado, também determina que o artista pague uma multa equivalente a 1.117 salários mínimos com base no valor da época em que a gravação do show foi feita, além de uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
