Memorial do Holocausto e sinagogas são alvo de atos de vandalismo em Paris 7x5o

O Memorial da "Shoah", como é chamado o Holocausto pela comunidade judaica, duas sinagogas e um restaurante no centro de Paris, além de uma terceira sinagoga no 20º distrito da cidade, foram alvos de atos de vandalismo na madrugada de sexta para sábado (31), provocando forte reação de autoridades e da comunidade religiosa. 376bz

31 mai 2025 - 11h26
(atualizado às 11h29)

O Memorial da "Shoah", como é chamado o Holocausto pela comunidade judaica, duas sinagogas e um restaurante no centro de Paris, além de uma terceira sinagoga no 20º distrito da cidade, foram alvos de atos de vandalismo na madrugada de sexta para sábado (31), provocando forte reação de autoridades e da comunidade religiosa. 376bz

Fachada da sinagoga Agoudas Hakehilos pintada de verde no centro de Paris, em 31 de maio de 2025.
Fachada da sinagoga Agoudas Hakehilos pintada de verde no centro de Paris, em 31 de maio de 2025.
Foto: AFP - THIBAUD MORITZ / RFI

Na fachada do restaurante judaico "Chez Marianne", foi encontrado um balde de tinta parcialmente usado. Marcas de tinta verde também foram identificadas na sinagoga des Tournelles, na sinagoga Agoudas Hakehilos e no Memorial do Holocausto, todos localizados no 4º distrito da capital sa, conhecido por concentrar uma alta densidade de moradores judeus. Até o momento, não foram encontradas mensagens nem reivindicações.

Publicidade

Os atos foram descobertos por policiais durante uma ronda por volta das 5h15 (hora local, 0h15 em Brasília). Câmeras de segurança do Memorial do Holocausto registraram uma pessoa vestida de preto realizando a pichação por volta das 4h30.

A polícia de Paris informou que outra sinagoga, desta vez no 20º distrito, também foi alvo do mesmo tipo de ataque com tinta verde. "Perícias foram realizadas e uma investigação está em andamento", acrescentou a polícia.

O Ministério Público de Paris confirmou que Polícia Judiciária foi encarregada da investigação por "danos motivados por religião", após os ataques às três sinagogas, ao restaurante e ao Memorial do Holocausto.

"Tristeza" e "indignação" 62lq

O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), Yonathan Arfi, expressou "muita tristeza e indignação ao ver essas imagens de locais judaicos depredados nesta manhã".

Publicidade

O ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, escreveu no X: "Imenso nojo diante desses atos odiosos contra a comunidade judaica".

A eurodeputada Manon Aubry, do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), também reagiu: "Repulsa diante desses atos antissemitas. O racismo é um veneno. A unidade do povo é seu antídoto". Seu partido tem enfrentado acusações recorrentes de antissemitismo.

"Não sabemos quem está por trás desses atos de vandalismo, mas é evidente o simbolismo envolvido", disse Ariel Weil, prefeito do centro de Paris, ao portal de notícias Info. "É preciso ter cuidado com esses danos simbólicos, pois eles abrem caminho para a violência simbólica — que, como sabemos pela história, pode evoluir para a violência física", alertou.

Weil afirmou que é necessário agir com cautela, já que as imagens de vigilância das áreas afetadas ainda estão sendo analisadas pelos investigadores. "Não vamos tirar conclusões precipitadas", declarou. "Não sabemos se se trata diretamente de um ato antissemita ou se alguém está tentando acirrar ainda mais os ânimos", acrescentou. "Vivemos um clima muito tenso, marcado por indignação verbal, violência simbólica e ataques nas redes sociais", lamentou o prefeito franco-israelense.

Do lado oposto do espectro político, o presidente do  partido de extrema direita Reunião Nacional, Jordan Bardella, classificou as depredações como "ináveis" e "claramente a marca do antissemitismo que se espalha pelo país". "É preciso mobilizar todos os meios para identificar os autores e puni-los exemplarmente", escreveu.

Publicidade

Laurent Wauquiez, líder dos deputados do partido de direita Os Republicanos, afirmou: "Penso nos Justos que salvaram judeus durante a guerra e sinto vergonha do que se a hoje. Não quero ver a França seguir por esse caminho. Somos melhores que isso".

Antissemitismo 3h714z

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo (Partido Socialista), condenou com veemência o ataque: "O antissemitismo não tem lugar em nossa cidade nem na República. Pedi à equipe de limpeza que atuasse com urgência. Apresentaremos queixa".

Em uma mensagem enviada na sexta-feira, consultada pela agência AFP, o ministro Bruno Retailleau havia determinado o reforço da segurança em torno da comunidade judaica durante a celebração de Shavuot, entre a noite de 1º de junho e a noite de 3 de junho. Ele justificou a medida pelas "tensões persistentes no cenário internacional, especialmente no Oriente Médio", o que exige "vigilância redobrada, principalmente em manifestações e locais religiosos".

Ele lembrou ainda que mais de 60% dos atos antirreligiosos registrados na França são de natureza antissemita, o que torna a comunidade judaica particularmente vulnerável.

Publicidade

(Com AFP)

A RFI é uma rádio sa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se