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Binoche conduz reflexão sobre ética e invisibilidade no drama Entre Dois Mundos 32732e

Com apelo social e tom reflexivo, longa protagonizado pela sa Juliette Binoche chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira, 29 or3s

29 mai 2025 - 14h38
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Juliett Binoche conduz reflexão sobre ética e invisibilidade no drama Entre Dois Mundos; leia a crítica
Juliett Binoche conduz reflexão sobre ética e invisibilidade no drama Entre Dois Mundos; leia a crítica
Foto: Divulgação/Pandora Filmes / Rolling Stone Brasil

Uma escritora decide se infiltrar no mundo dos trabalhadores subalternos para escrever um livro-reportagem. No entanto, ao vivenciar essa experiência, ela acaba forjando laços genuínos e calorosos com alguns de seus companheiros. Amizade e confiança se tornam, então, questões éticas centrais nesta observação sensível de um espectro frequentemente invisibilizado da sociedade. k5e3a

Essa é a premissa de Entre Dois Mundos, longa dirigido por Emmanuel Carrère e protagonizado por Juliette Binoche (O Sabor da Vida), que conduz o espectador por uma abordagem direta e naturalista, evitando artifícios melodramáticos e permitindo que a dureza do cotidiano fale por si mesma.

Não é difícil assistir ao filme sem lembrar do cinema social de Ken Loach, conhecido por retratar com crueza e compaixão as lutas das classes trabalhadoras, em obras como Eu, Daniel Blake (2016) e Você Não Estava Aqui (2019). A aproximação entre os dois está no foco sobre trabalhadores precarizados e na tentativa de dar visibilidade a essas existências frequentemente ignoradas.

Entretanto, a comparação também evidencia o que há de distinto, e, talvez, de limitador, na obra de Carrère. Ao contrário de Loach, que constrói seus filmes a partir de dentro, com personagens oriundos do próprio meio e guiados por uma ética narrativa que evita qualquer distância, Entre Dois Mundos adota o olhar de uma outsider, o que cria uma camada de mediação que enfraquece a potência política da obra.

No cinema de Ken Loach, há sempre uma dimensão de denúncia explícita e uma urgência política incontornável ao tratar de temas como a precarização do trabalho e a marginalização social. Seus filmes não apenas retratam a realidade, mas a confrontam, mobilizando o espectador à indignação e à reflexão crítica imediata.

Já em Entre Dois Mundos, embora haja um olhar atento e sensível sobre essas mesmas questões, falta essa potência de denúncia e a urgência transformadora. Isso ocorre, em parte, porque a narrativa se estrutura a partir de uma protagonista que, mesmo inserida naquele ambiente, permanece protegida, e cuja presença atenua a força política do filme, conduzindo-o por um tom mais contemplativo e ético do que propriamente combativo.

Embora a novidade conte com a presença marcante de atores não profissionais, eles nunca assumem a condução da narrativa; são, antes, elementos que compõem a paisagem humana observada por Marianne, personagem de Binoche, que até cria fortes laços com alguns deles. Um dos aspectos mais potentes do filme está justamente na tensão ética que atravessa toda a narrativa: até que ponto Marianne tem legitimidade para se infiltrar, mentir e criar laços afetivos sob uma identidade falsa, com o objetivo de transformar as histórias alheias em matéria literária?

O filme levanta essa questão sem oferecer respostas fáceis, deixando o espectador desconfortável diante da ambiguidade moral da protagonista. A indignação e o incômodo são inevitáveis, especialmente ao perceber como o sucesso de Marianne se constrói sobre a dor e a vulnerabilidade de pessoas que não consentiram em ser retratadas. O roteiro provoca inquietação ao expor, sem suavizar, a precariedade e as contradições do trabalho invisível em uma França contemporânea profundamente marcada pela informalidade e pela desigualdade social, embora também se permita momentos de leveza e humor.

Apesar da força temática e da atuação marcante de Juliette Binoche, Entre Dois Mundos permanece um filme que observa mais do que vivencia. A escolha de uma protagonista infiltrada reforça a dimensão ética da narrativa, mas também distancia a obra de um realismo mais radical e transformador, como aquele que caracteriza a filmografia de Ken Loach. Ainda assim, o longa cumpre com competência o papel de provocar um olhar mais atento e crítico sobre realidades muitas vezes invisibilizadas, sendo especialmente relevante para suscitar debates sobre os limites da representação, da ética jornalística e da exploração estética da miséria alheia.

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