Os melhores álbuns internacionais de 2025 até agora, segundo Rolling Stone 1o4ok
De superestrelas do pop a nomes promissores, de poetas do hip hop a contadores de histórias populares e monstros festeiros 4j2923
Que ano tem sido para a boa música — ao contrário, por exemplo, de todo o resto. Mas já estamos quase na metade de 2025, e o ano está cheio de novos álbuns que oferecem o que precisamos: inspiração, catarse ou apenas um pouco de elevação emocional. 34674s
A lista da Rolling Stone reúne uma ampla variedade de músicas incríveis, de diferentes estilos e sonoridades. Temos superastros do pop, como Bad Bunny e Lady Gaga. Também temos poetas do hip hop, roqueiros indie, cantores country, mestres das batidas, contadores de histórias do folk e festeiros.
Esta lista está repleta de artistas rebeldes em ascensão, prontos para trazer o futuro. Mas também está cheia de veteranos experientes que continuam construindo suas lendas. Temos morenas melancólicas, mulheres tristes e um caos generalizado. É o momento perfeito para se atualizar com toda a música incrível que 2025 já nos trouxe — e para esperar ansiosamente pelo restante do ano. Veja os 66 títulos abaixo:
Tunde Adebimpe, 'Thee Black Boltz' 3j1vq
O primeiro álbum solo de Tunde Adebimpe — integrante dos titãs do indie-prog TV On the Radio, além de fazer parte do multiverso de Star Wars — oferece um close extremo da condição humana, usando seu poderoso uivo para amarrar as explorações selvagens de gêneros que compõem o trabalho. Ele desafia as limitações da "era da ternura e da raiva" na pulsante "Magnetic", se despe e se abre em "ILY" e se entrega ao lamento com lágrimas na cerveja em "God Knows". Ao longo de tudo, a voz física de Adebimpe é um farol, conduzindo o caminho enquanto deixa claro aos ouvintes que enxerga o mundo como ele é — e, ainda assim, abraça as possibilidades que existem além dele. — Maura Johnston
Bad Bunny, 'Debí Tirar Más Fotos' 5rt3q
Em seu sexto álbum, Bad Bunny leva os ouvintes com ele em um triunfante retorno para casa, com 17 músicas que atravessam o rico caleidoscópio de gêneros de Porto Rico. É algo caseiro, jubilante e fresco, enquanto Benito pega os melhores momentos de seu marco de 2022, Un Verano Sin Ti, e expande os limites de sua sonoridade continuamente experimental, adentrando territórios inexplorados da música folclórica porto-riquenha e da salsa. Enquanto Bad Bunny homenageia sua terra natal e registra retratos de sua vida ali, ele também encontra partes importantes de si: o poeta apaixonado, o sonhador e, acima de tudo, o orgulhoso porto-riquenho. — Maya Georgi
Julien Baker e Mackenzie Scott (mais conhecida como Torres) são cantoras e autoras indie com raízes no sul dos Estados Unidos. Em Send a Prayer My Way, elas se juntam para fazer um grande disco country. O maravilhoso primeiro single do álbum, "Sugar in the Tank", exalta aquele tipo de melodia descontraída que pode funcionar tanto como um hino de roots rock quanto como um sucesso nas rádios country. Como artistas queer, Scott e Baker disseram que o álbum foi sobre fazer uma música country na qual elas pudessem se enxergar — e que outras pessoas também pudessem. Isso faz com que Send a Prayer My Way soe como uma homenagem rica que também impulsiona o gênero para frente. — Jon Dolan
Bartees Strange, 'Horror' 3c2z30
O produtor e compositor Bartees Strange encara os monstros do mundo — incluindo aqueles que espreitam dentro de cada um de nós — em seu terceiro álbum. Horror leva o agnosticismo de gênero que tornou os dois primeiros álbuns de Strange tão vitais e o amplifica, tanto sonora quanto figurativamente (com uma ajudinha do superprodutor Jack Antonoff). Uma agitação intensa anima os pontos altos de Horror, como a inquieta e existencialmente perturbada "Wants Needs" ("Se eu não consigo encontrar um ângulo/ Me diga como devo me sentir", ele implora na ponte estrondosa) e a "Loop Defenders", que começa contida e depois explode (mirando diretamente em quem tenta colocá-lo em uma caixa). — M.J.
Beach Bunny, 'Tunnel Vision' 2s2d15
Mais um álbum repleto de ganchos açucarados e riffs angustiados de Lill Trifilio e companhia. Em Tunnel Version, o trio de Chicago aprofunda o som dos dois últimos álbuns, enquanto também expande os temas abordados (menos desilusões amorosas, mais distopia ansiosa). O resultado é uma banda que soa tão inquieta como sempre, mesmo enquanto continua amadurecendo. "O disco fala muito sobre saúde mental e escuridão", disse Trifilio à Rolling Stone. "Mas estamos todos juntos nessa." — Jonathan Bernstein
Blondshell, 'If You Asked For a Picture' 3a1x5v
Em seu segundo álbum como Blondshell, a cantora e compositora Sabrina Teitelbaum está descobrindo quanto de sua história de vida quer contar ao mundo — quanto precisa contar — e quanto prefere guardar para si mesma. Em seu aclamado álbum de estreia autointitulado de 2023, ela se expôs completamente, com um indie rock confessadamente intenso. Mas em If You Asked For a Picture, Teitelbaum está mais ambivalente, mais questionadora, confrontando seu ado doloroso, desde a infelicidade na infância até romances disfuncionais na juventude. Estas são as músicas de uma artista que quer descobrir quem é cantando sobre isso. — Rob Sheffield
Bon Iver, 'Sable, Fable' 5t186n
As letras de Justin Vernon frequentemente o colocaram como um compositor melancólico e apaixonado. As nove faixas de seu primeiro álbum em cinco anos mostram que ele finalmente está cedendo à leveza. "O tempo cura e depois se repete", ele canta, reconhecendo a natureza regenerativa de todas as coisas. Há um senso de transcendência que percorre o álbum, com a maioria das músicas se resolvendo em tons maiores, impulsionadas por percussões marcantes, muito pedal steel e melodias pop triunfantes e épicas. É a obra de um homem em seu momento mais esperançoso e aberto, de palmas viradas para cima, pronto e disposto a emergir para respirar. — Leah Lu
Car Seat Headrest, 'The Scholars' 5f4o1q
Will Toledo, do Car Seat Headrest, apresenta o mais recente álbum épico da banda com a alegação bem-humorada de que The Scholars foi "traduzido e adaptado de um poema inacabado e não publicado escrito pelo meu tataravô ao quadrado, o arcebispo Guillermo Guadalupe del Toledo", e ele levou esse projeto a sério o suficiente para dar à sua ópera um libreto. A boa notícia para o ouvinte comum é que, para um álbum com libreto, este é surpreendentemente fácil de ouvir — como se fosse um disco do Guided by Voices expandido para a escala de The Lamb Lies Down on Broadway. — J.D.
Central Cee, 'Can't Rush Greatness' 4a6114
A sensação do rap de West London, de 25 anos, já provou ser um hitmaker confiável da Geração Z, com números de streaming que sustentam isso, tudo antes mesmo de lançar seu álbum de estreia. Com Can't Rush Greatness, ele quer mostrar que consegue corresponder ao hype e, com 17 faixas que abrangem uma variedade de sons e estilos, o álbum sustenta sua proposta de forma poderosa. Um verdadeiro representante de sua geração ("Gen Z Love" tem todos os elementos para ser um hino de época), Cench é tão atento à música quanto à imagem que a cerca, e essa habilidade com ambos os aspectos é o que faz de seu álbum de estreia um sucesso. — Jeff Ihaza
Eric Church, 'Evangeline vs. the Machine' 6c1j3o
Eric Church nunca se preocupou muito em cumprir expectativas e, em vez de se afastar das sonoridades gospel que apresentou no festival country Stagecoach em 2024, levou o coro com ele para o estúdio e apostou ainda mais, adicionando cordas orquestrais e metais. O resultado é um álbum que é deslumbrante e desafiador, subvertendo a ideia do que é a música country — ou pelo menos o tipo de country que fez Church se tornar uma estrela em Nashville. É também uma obra-prima, consolidando ainda mais o legado de Church como um artista que tenta de tudo, com mais afinidades com David Bowie ou Bob Dylan do que com seus colegas de Nashville. — Joseph Hudak
Hannah Cohen, 'Earthstar Mountain' 222s3l
Nos últimos seis anos desde que Hannah Cohen lançou um álbum, ela se mudou da cidade de Nova York para os Catskills. Earthstar Mountain é uma deslumbrante carta de amor à sua nova casa. O álbum navega por temas como perda ("Mountain"), dramas familiares (a inspirada em Sly and the Family Stone, "Draggin'") e obscuros thrillers italianos dos anos 1960 (cover de Ennio Morricone, "Una Spiaggia"), e conta com a participação de seus amigos da região, Clairo e Sufjan Stevens. "Acho que é isso que os Catskills são: uma porta aberta para que as pessoas absorvam a beleza desse lugar", Cohen disse à Rolling Stone. "Todo mundo que vem aqui quer que outras pessoas também experimentem a magia que sentimos aqui." — Angie Martoccio
Charley Crockett, 'Lonesome Drifter' 624v30
O compositor texano, junto ao produtor Shooter Jennings, encontra seu som mais preciso até agora em Lonesome Drifter, um disco que literalmente vibra desde as primeiras notas da faixa-título, estabelecendo um tom cinematográfico para o que está por vir. Nunca teve medo de desafiar o mercado musical: Crockett deixa um alerta sobre maus negócios em Nashville em "Game I Can't Win" e desmistifica o glamour do estilo de vida do trovador em "Life of a Country Singer". Desde sua estreia em 2015, ele tem sido um artista incrivelmente prolífico, lançando álbuns em ritmo acelerado, aparentemente em busca de algo: com este, Crockett encontrou. — J.H.
Cuco, 'Ridin" 34295g
A música do cantor e compositor de Los Angeles frequentemente tem um toque psicodélico e futurista de sintetizadores. Mas Ridin' é seu trabalho mais pé no chão e amante da tradição até hoje, uma suntuosa carta de amor ao "brown eyed soul" mexicano-americano das décadas de 1960 e 1970. Com órgão esperançoso, cordas envolventes, metais afiados, batidas estaladas, melodia terna e vocais cheios de sentimento, "ICNBYH" poderia muito bem ter sido um hit de R&B em 1971, enquanto "My 45" é perfeita para aquele eio com sua garota. Mais do que uma simples homenagem histórica, Ridin' faz com que um som clássico pareça alegremente atual. — J.D.
Miley Cyrus, 'Something Beautiful' 1u1v6g
Em Something Beautiful, Miley Cyrus mira mais alto do que nunca, com suas músicas mais ambiciosas e introspectivas. "Walk of Fame" é seu discurso eletro-motivacional sobre autoestima ("Cada vez que caminho, é uma caminhada da fama"), com a participação de Brittany Howard se sentindo completamente à vontade no brilho da disco. Mas a favorita sentimental é "Every Girl You've Ever Loved", um giro fantástico de disco, com a ícone fashion dos anos 1990 Naomi Campbell como hype woman de Miley. Em todo o álbum, Miley canta sobre manter a cabeça erguida e olhar pelo lado positivo, mesmo nos momentos difíceis. — R.S.
d4vd, 'Withered' 1x632i
Se você buscasse "trovador de quarto" no dicionário, certamente encontraria a foto de um confiante d4vd. De seu setup caseiro no BandLab aos seus tremores virais no TikTok, o novato do pop viral de Houston dominou a canção de amor sofrida. Em seu álbum de estreia, d4vd simplesmente despeja tudo. Emoções reprimidas, arrependimentos e desejos bestiais explodem através de seu barítono expansivo, que o distingue dos vocalistas alternativos mais etéreos. Há paciência e técnica expressas nos exercícios vocais discretos, e o clima tranquilo parece ideal para se aninhar na grama — o que ele faz, inclusive, na capa do disco. — Will Dukes
Lucy Dacus, 'Forever Is a Feeling' 1v6d3b
"Estou pensando em partir seu coração em breve", confessa Lucy Dacus em "Limerence", um dos destaques de seu quarto álbum. Em Forever Is a Feeling, ela foca em canções de amor com temáticas adultas, deixando de lado os relatos de amadurecimento e descobertas da juventude que marcaram sua carreira. "Se o diabo está nos detalhes, então Deus está no vão entre os seus dentes", ela canta em "For Keeps". Já na faixa-título, embalada por um piano acelerado, ela embarca em uma viagem de carro com energia romântica. As músicas acontecem no meio de relacionamentos longos e bagunçados — alguns apaixonados, outros apenas dolorosos. — R.S.
Davido, '5ive' 23c4e
No álbum 5ive, o astro do pop nigeriano reflete sobre o amor e o legado que constrói aos 32 anos. Davido transforma essas contemplações em uma escuta leve e envolvente. Ele celebra a resiliência do amor, cantando para sua parceira que ela é a coisa mais importante sobre a qual ele poderia escrever em "10 Kilo". O disco flui com naturalidade, perfeito tanto para uma festa quanto para uma viagem longa, com camadas ricas de percussão impecavelmente programada. O melhor momento vem em faixas como "CFMF" e "Funds", nas quais Davido troca os elementos de Afrobeats inspirados no Amapiano por romances refrescantes. — Mankaprr Conteh
Deafheaven, 'Lonely People With Power' 4g2r5y
O novo álbum — e talvez o melhor — da banda de metal experimental Deafheaven resume com perfeição sua alquimia sonora: uma fusão entre agressividade crua, letras poéticas e melodias viciantes. Lonely People With Power é uma suíte ambiciosa e curiosamente bela, que oscila entre isolamento melancólico e fúria introspectiva. O disco representa a culminação de mais de uma década de inovação, misturando melodia e metal, dor e poesia. Em alguns momentos, a banda explora a raiva tradicionalmente masculina, mas há sempre uma membrana de beleza sustentando tudo. — Brenna Ehrlich
Djo, 'The Crux' 6v2x56
Após dois álbuns que alternavam entre o pop rock suave e o indie dançante, Djo dá um salto sincero em direção ao som dos anos 1970 e 1980 em The Crux. Ele deixou de lado a produção caseira de seus trabalhos anteriores e gravou no lendário Electric Lady Studios, em Nova York. Escreveu ou coescreveu todas as faixas, coproduziu cada música e tocou diversos instrumentos — do mellotron à percussão. Sua evolução musical se mostra na produção refinada e nas letras mais pessoais, que refletem sobre amor e conexão. — John Lonsdale
Apresentado como um álbum de R&B a tempo para o Dia dos Namorados, $ome $exy $ongs 4 U é o primeiro projeto oficial de Drake em 2025, ainda que em colaboração — e uma tentativa de redirecionar a narrativa após um ano em que seu nome foi arrastado por todos os cantos. Foi um movimento estratégico, já que, poucas semanas antes do lançamento, o país inteiro especulava se ele seria acusado de pedofilia durante o Super Bowl. Nesse contexto, o disco surge como uma produção limpa e bem executada da estética clássica de Drake — mais um capítulo elegante no conturbado universo cinematográfico do rapper. — J.I.
Dutch Interior, 'Moneyball' 1f4139
Este sexteto da Califórnia do Sul, que tem sido muito comentado, pode soar como uma banda tranquila de alt-country à primeira ouvida — mas eles estão longe de serem previsíveis. (Não é à toa que são frequentemente comparados, de forma elogiosa, a veteranos como Wilco e Pavement.) Em "Sweet Time", dois dos três guitarristas da banda duelam em solos rápidos e estilosos; "Sandcastle Molds" floresce com ritmos nervosos e lampejos de dissonância. As faixas de Moneyball são cheias de reviravoltas inventivas que tornam as baladas com cara de quintal ainda mais doces — e deixam o ouvinte se perguntando qual será o próximo desvio do Dutch Interior. — Simon Vozick-Levinson
Craig Finn, 'Always Been' 6g593s
O vocalista do The Hold Steady tem uma discografia solo impressionante, mas Always Been é o auge. Ao longo de 11 faixas, Finn entrega histórias sobre pastores sem fé ("Bethany"), lares desfeitos ("Crumbs") e relacionamentos que já deveriam ter terminado ("Luke & Leanna") no seu característico estilo meio falado, meio cantado. O que diferencia Always Been dos outros trabalhos solo de Finn são as claras influências do piano rock californiano. Até a capa do álbum reforça isso: Finn recria a famosa foto da capa de Little Criminals, de Randy Newman, de 1977. — J.H.
FKA Twigs, 'EUSEXUA' 1s85g
Ao longo do imprevisível Eusexua, FKA Twigs mergulha nos cantos mais profundos do universo clubber. Ela mistura batidas de techno, produção de house e tons industriais impiedosos, criando um espaço que ela descreveu como "tão eufórico" que se pode "transcender a forma humana". O disco é mais envolvente justamente em seus momentos mais estranhos, parecendo feito mais para ser mixado em sets no Panorama Bar do Berghain do que para ser hit de streaming. A ideia central é liberdade total e impulso. Twigs se recarrega e se transforma — mais forte, e às vezes até irreconhecível. — Julyssa Lopez
Franz Ferdinand, 'The Human Fear' 1m1b1l
Franz Ferdinand conquistou o mundo nos anos 2000 com seu som gloriosamente frenético de art-punk e dança lasciva, emplacando hits como "Take Me Out", sucesso até em videogames. The Human Fear é um retorno mais afiado do que se esperava nesta fase da carreira. As faixas são curtas e diretas, com participações ocasionais nos backing vocals da esposa do vocalista Alex Kapranos, a estrela sa Clara Luciani. "Cats" é uma ode sombria ao esforço de domar os impulsos animais, enquanto o atrito de sintetizadores em "Hooked" evoca memórias de festas indie-sleaze, com beijos embriagados na fila do guarda-volumes. — R.S.
Girlpuppy, 'Sweetness' 3t2642
Sweetness, da cantora e compositora de Atlanta Becca Harvey, é uma autópsia de relacionamento narrada sobre guitarras azuis e distorcidas. Em "I Just Do!", ela entrega um grunge-pop apaixonado e devastador. Já em faixas mais suaves como "In My Eyes" e "Windows", ela navega pelas fases confusas do meio do amor, encerrando tudo com um adeus dedilhado em "I Think I Did". Trabalhando na tradição de clássicos como Here, My Dear, de Marvin Gaye, e Shoot Out the Lights, de Richard e Linda Thompson, Becca apresenta um verdadeiro hino do pós-término. — J.D.
Para Selena Gomez e Benny Blanco, transformar sua história de amor em um álbum parece ser o mínimo que poderiam fazer. I Said I Love You First é um cartão de Dia dos Namorados que entrega exatamente o que promete — uma estrela pop e um superprodutor celebrando um romance real com o qual todo mundo pode torcer junto. O álbum atinge seu auge no meio com uma sequência de três faixas explosivas, começando por "Sunset Blvd", uma fantasia romântica sobre se beijarem no meio da rua até a polícia chegar para separá-los. Esses dois jovens estão apaixonados e não conseguem — ou melhor, não querem — manter as mãos longe um do outro. — R.S.
Great Grandpa, 'Patience Moonbeam' 1y5v6d
O primeiro álbum em mais de cinco anos da banda indie-rock de Seattle Great Grandpa não é apenas o mais bem realizado — embora também seja —, é um verdadeiro disco de banda. O quinteto mistura influências: toques eletrônicos industriais e glitchy, instrumentos de country-western solitário, pop de câmara ornamentado — e brinca com todas as convenções do pop-rock. Escondido em plena vista, em meio ao impressionismo estranho e aos arranjos pouco convencionais, está o senso de melodia nato da banda. Eles conseguem transformar um refrão aparentemente sem sentido como "it's closer when I see you, damn" em algo profundo. — J. Bernstein
Caylee Hammack, 'Bed of Roses' 3h4q2d
Caylee Hammack é uma estrela country que deveria estar brilhando muito mais, mas vem voando abaixo do radar há cerca de cinco anos. Seu novo disco, Bed of Roses, é seu melhor trabalho até agora, uma obra que mostra o domínio de Hammack tanto em rocks pesados quanto em canções de ninar sussurradas, como nas faixas "Oh, Kara" e "Breaking Dishes." É uma coleção arrebatadora de country tradicional polido com brilho, que destaca sua voz trêmula — que lembra, e muito, uma de suas maiores influências: Dolly Parton. — J. Bernstein
Horsegirl, 'Phonetics On and On' 133g1q
Depois de fazerem um dos sons de guitarra mais intensos desde o fim do Sonic Youth em seu álbum de estreia de 2022, este trio de Chicago chega ao segundo disco apostando em sons mais sutis e sentimentos mais suaves. Phonetics On and On abre um novo mundo para a banda, com uma abordagem de estúdio minimalista e brincalhona (com produção de Cate Le Bon, que entende do assunto). Trocando os s estridentes por baladas ternas como "Frontrunner" e cantos ambivalentes como "I Can't Stand to See You", o disco já soa como forte candidato à lista de grandes álbuns em que uma banda barulhenta decide se suavizar. — S.V.L.
As faixas ousadas e eletrônicas do produtor Infinity Knives têm sido a cama sonora perfeita para os comentários sociais cortantes e o humor autodepreciativo de Brian Ennals, desde o projeto colaborativo Rhino XXL, de 2020. Essa química aparece com força no novo álbum do artista de Maryland. Em "The Iron Wall", Ennals declara: "genocídio é tão americano quanto torta de maçã, beisebol e tiroteios em massa." A canção, assim como o disco inteiro, é uma crítica direta às relações Israel-EUA e ao militarismo dos Estados Unidos. Ennals rima em um ritmo deliberado que dá a cada palavra o seu devido espaço — evocando a era de ouro do hip hop da melhor maneira. — Andre Gee
O quarto disco de Michelle Zauner pode pulsar com melancolia, mas está longe de ser apenas "música de garota triste." For Melancholy Brunettes é uma evolução de tudo que ela já fez — mesclando imagens míticas e mundanas com uma instrumentação de primeira. Zauner reflete sobre a natureza caprichosa da musa — seja você um poeta de tempos antigos ou um músico de cidade pequena; vide "Orlando in Love", uma faixa com ares de lenda grega que narra a história do poeta titular e as sereias que o arrastam para o fundo. Este álbum é um conto folclórico, uma anedota de bar, um romance gótico e uma história de fantasmas — tudo ao mesmo tempo. Nem tente rotular. — B.E.
Jennie, 'Ruby' 321ue
O mais recente projeto solo de uma das integrantes do BLACKPINK, Ruby é veloz e mergulha fundo nas ideias que dominaram o pop com toques de R&B nos anos 2000 e 2010, às vezes atualizando essas referências de maneira instigante. Se há uma artista cuja sombra paira sobre o álbum, é Rihanna. Jennie não só tem uma impressionante capacidade de comandar o centro do pop-R&B açucarado, como há momentos que soam como descendentes diretas — ou de segunda geração — da introspecção enevoada do clássico Anti, lançado por Rihanna em 2016. — M.J.
Lola Kirke, 'Trailblazer' 161cn
O novo álbum de Kirke faz o que de melhor a música country pode oferecer: conta boas histórias. Neste caso, são relatos de amadurecimento da cantora e atriz nascida no Reino Unido, criada em Nova York e agora residente em Nashville. Ela reinventa o clássico "drinking song" na caipira "241s," revisita sua criação pouco convencional em "Raised by Wolves," e embarca em uma road trip pelo Delta na gloriosa "Mississippi, My Sister, Elvis & Me." O talento de Kirke para nomes de música já é razão suficiente para conferir o disco: de "Marlboro Lights & Madonna" a "Zeppelin III", Trailblazer celebra os detalhes. — J.H.
Lady Gaga, 'Mayhem' 4wb6b
Na preparação para o novo álbum de Lady Gaga, Mayhem, falou-se muito sobre o retorno da artista às suas raízes. Para os Little Monsters, esse momento demorou a chegar. Mayhem é o tipo de agrado aos fãs que não dilui a identidade da artista. Gaga soa mais autêntica do que nunca, do começo ao fim: não há personagens, conceitos ou visuais extravagantes que ofusquem as músicas. Em vez disso, ela entrega um de seus álbuns mais desafiadores e coesos: uma mistura de Nine Inch Nails, David Bowie, Prince e sua era The Fame Monster, resultando no lançamento pop mais forte do ano até agora. — Brittany Spanos
Lambrini Girls, 'Who Let the Dogs Out' 704n62
Na linha de frente do agit-noise britânico, a dupla formada pela guitarrista e vocalista Phoebe Lunny e a baixista Lilly Macieira é radical e urgente. Destaques como "Big Dick Energy" e "No Homo" detonam o machismo e a misoginia, enquanto "Bad Apple" é uma ofensiva certeira contra o racismo policial, com batidas alucinantes e riffs de guitarra abrasivos. Já "Filthy Rich Nepo Baby" ridiculariza um roqueiro poser que "não saberia o que é socialismo nem se isso desse um soco no pau dele." Este é um álbum violentamente fantástico — e também inspirador. Cada soco metafórico atinge o coração com a mesma força. — J.D.
Jensen McRae, 'Don't Know How But They Found Me' 274652
Em seu segundo álbum, Jensen McRae vive o amor até que as rodas se soltem — e o carro despenca da estrada, ladeira abaixo, explodindo em chamas. "Novelty" é uma ferida aberta no instante em que ela percebe ter se tornado menos valiosa para alguém, enquanto "Tuesday" é uma performance devastadora de desamor. As letras de McRae cortam fundo contra suas melodias pulsantes. A progressão narrativa de "I Can Change Him" até "Praying for Your Downfall" torna ainda mais intensa a batalha dolorosa que ela enfrenta em "Daffodil". Tudo isso confirma sua posição como uma das artistas mais afiadas e inteligentes do novo pop. — Larisha Paul
Tate McRae, 'So Close to What' 1x5y3u
A mente em constante movimento de McRae fez dela uma das estrelas pop mais empolgantes da nova geração — e impulsiona So Close To What, uma coleção elegante e acelerada de canções pop de tons sombrios. "Sports Car" molda sintetizadores espremidos e ritmos metálicos em ganchos viciantes, com seus sussurros sedutores servindo como cola entre as faixas. Sua visão do amor é, sem surpresa, cheia de introspecção e angústia. Mas sua habilidade de cavar essas complexidades e transformá-las em refrões dignos de estádios faz de So Close To What um álbum pop que vale a pena explorar. — M.J.
MIKE, 'Showbiz!' 623x37
Showbiz! é um retrato brilhante da experiência humana — 24 faixas que oferecem um amplo panorama da escavação emocional do rapper do Brooklyn. Em "Watered Down", ele ite: "Fico nervoso e cruel às vezes, foi mal, me perdoe", sobre um sample animado e agudo. "Man in the Mirror" mostra MIKE rimando sobre uma faixa dançante e leve, enquanto "When it Rains" tem um groove que remete à sua excelente série Pinball com o produtor Tony Seltzer. Poucos artistas são tão vulneráveis quanto MIKE — e menos ainda possuem sua precisão técnica ao transformar reflexão em arte. — A.G.
Ela Minus, 'Dia' 2u2a7
A artista colombiana Ela Minus sempre usou sua música eletrônica pulsante como espaço de cura e reflexão. Seu álbum de estreia, Acts of Rebellion, foi uma explosão emocional, celebrando a conexão e o autoconhecimento nas batidas da pista. Día, seu sucessor, é muito mais interiorizado — com estruturas expansivas e espaçosas que lhe permitem explorar novas sonoridades eletrônicas enquanto busca catarse em tempos pessoais e políticos turbulentos. A cura ainda acontece: "Vou continuar escrevendo melodias / Para cantar embora a tristeza", ela declara em "Broke." — Julyssa Lopez
Model/Actriz, 'Pirouette' 4f6h3d
Em Pirouette, Model/Actriz dá sequência ao excelente Dogsbody com um disco que parece completamente imune às expectativas. A banda de noise-rock do Brooklyn brinca com novas sonoridades desde o início, numa sequência inicial martelante onde cada instrumento soa como uma bateria indisciplinada — antes de colapsar em devaneios melódicos apenas insinuados no primeiro álbum. Mas a maior evolução talvez venha do carismático vocalista Cole Haden, cujas letras impressionistas agora soam mais diarísticas, relembrando fantasias infantis de Cinderela com fúria erótica e perturbadora. — Clayton Purdom
Momma, 'Welcome to My Blue Sky' 3n24n
Momma entrega seu fantástico novo álbum Welcome to My Blue Sky bem a tempo para um novo Summer of Grunge. A banda do Brooklyn se deleita em sua obsessão pelo rock dos anos 1990, roubando ganchos dos Breeders, Nirvana e Dinosaur Jr. Mas transforma tudo isso em joias emocionais próprias, como "Speeding 72", um hino de amor de verão e viagem de carro, com o refrão: "Você pode nos ver por aí ouvindo 'Gold Soundz'." Welcome to My Blue Sky é totalmente ousado, sempre barulhento, sempre efusivo — e geralmente engraçado, mesmo quando tudo na vida deles está desmoronando, o que é quase sempre. — R.S.
Cornelia Murr, 'Run to the Center' 5o5r3g
Em 2018, Cornelia Murr lançou seu hipnotizante álbum de estreia Lake Tear of the Clouds, co-produzido por Jim James, do My Morning Jacket. Sete anos e um EP depois (Corridor, de 2022), Murr retorna com o deslumbrante disco de dream-pop Run to the Center. O título é literal: para criar o álbum, ela se mudou para Red Cloud, Nebraska — uma cidade rural de 948 habitantes no coração dos EUA. Lá, restaurou uma casa enquanto gravava as dez faixas envolventes do disco, incluindo o destaque "Meantime" e o belíssimo encerramento "Bless Yr Little Heart." Para onde Murr for a seguir, vamos também. — A.M.
Niontay, 'Fada<3of$' 56eg
Recentemente, Niontay disse à Rolling Stone que não está preocupado em parecer eclético: "Vai acontecer de qualquer forma... Não estou tentando 'mostrar minha versatilidade'." O resultado é seu álbum de estreia Fada<3of$. Sobre o riff de baixo e os sintetizadores agressivos de "Old Kent Road Freestyle", ele apresenta o "tao" da experiência Niontay, rimando: "Tô no meu décimo terceiro flow da música / não preciso de refrão nem de ponte, que porra é essa." Em "GMAN balaclava(like09)", com um beat de sabor sulista da Louisiana, e em "Mumbleman", ele cutuca com humor quem critica seu estilo de cantar. Ouvimos tudo — alto e claro. — A.G.
Obongjayar, 'Paradise Now' 6k396b
Para seu segundo álbum Paradise Now, o britânico-nigeriano Obongjayar se inspirou em Bowie e Prince. "Eles não deixam gordura demais nas músicas," disse à Rolling Stone. "É tudo refinado a um ponto onde soa claro, compreensível e ainda assim único." A faixa "Talk Olympics", com Little Simz, mostra isso com maestria. A percussão frenética evoca a agitação de um mercado africano, mas também reflete o burburinho incessante que transborda da internet para a vida real. É uma das faixas mais marcadamente africanas do disco, onde Obongjayar brinca com highlife, eletropop, vários tipos de rock e uma pitada de rap. — M.C.
Oklou, 'Choke Enough' t1q60
O álbum de estreia da queridinha do avant-pop Oklou é carregado de romantismo pixelado e bipes cintilantes. A artista sa (nome verdadeiro Marylou Mayniel) faz maravilhas com loops de sintetizador e vocais etéreos, transitando entre os mundos da música eletrônica e pop, além de seu treinamento clássico e o folclore regional francês. O resultado é um universo mágico, muitas vezes impressionista e digital, mas nunca desconectado da natureza. Oklou atinge picos cristalinos em faixas como "Blade Bird" e "Take Me By the Hand", dueto com Bladee, do Drain Gang, que enfrenta a incerteza e a ansiedade com um toque de delicadeza e clareza. — Jon Blistein
Osamason, 'Jump Out' 1x3f71
Jump Out, de Osamason, faz um argumento sonoro de que o caos é a linguagem da nova geração — e por que não seria? O rapper de 22 anos, à frente da nova vanguarda do rage rap, equilibra uma sensibilidade melódica com uma abordagem maximalista ao gênero. Sintetizadores afiados como navalhas, incendiados em estações digitais de áudio, baterias moduladas em frequências no limite do que o ouvido humano consegue captar, e letras como mantras que perfuram direto o cérebro reptiliano. Um produto da precisão emocional arrancada do fluxo interminável de informação que está em toda parte, o tempo todo. — J.I.
Perfume Genius, 'Glory' 2j406q
Glory começa com um vislumbre da catarse monumental que se tornou a marca registrada de Perfume Genius. Mas os arroubos intensos de "It's a Mirror" logo dão lugar a corredores mais meditativos que Mike Hadreas explora com sua banda afiada e seu colaborador/produtor de longa data Blake Mills. Isso não quer dizer que os sons não sejam imersivos e ousados — mas eles tendem a pairar e lamentar, em vez de saltar e gritar. É um clima sonoro que acompanha as reflexões de Hadreas sobre a depressão que o consumiu durante a pandemia. "Eu não buscava uma solução," disse à Stereogum, "mas sim uma graça dentro disso. Uma mudança de perspectiva." — Jon Blistein
PinkPantheress, 'Fancy That' 5mu5s
Fancy That tira boa parte de sua energia dos batidões britânicos do começo dos anos 2000 e das amostragens ousadas que tornaram o hip hop e a música eletrônica tão empolgantes naquela época. O disco-funk "Romeo", do Basement Jaxx, é desconstruído em "Girl Like Me", e o DNA do duo aparece em outros momentos da mixtape — incluindo uma faixa original também chamada "Romeo", que soa levemente inspirada na original. Em outros trechos, Fancy That recorta Jessica Simpson, Panic! at the Disco e une Walker ao ícone indie-sleaze The Dare, em "Stateside." O resultado: nove faixas crocantes que não se estendem demais nem dizem mais do que deveriam. — Will Hermes
Pink Siifu, 'Black'!Antique' 1h131o
O catálogo de Pink Siifu é vasto e profundamente enraizado em temas e influências pró-Black. E ele nunca foi tão explícito quanto em Black'!Antique: "Meu povo é original e divinamente único / E nosso valor só vai subir, como antiguidades negras." Essa frase encerra uma extravagância de 19 faixas em que Siifu e nomes como Bbymutha, WifiGawd e Ho99o9 surgem sobre uma paisagem sonora esfumaçada e pulsante. Ele pode ser propositalmente dissonante ("Alive 'Direct"), mas também é capaz de soar reflexivo e cheio de alma ("Outside'!"). As escolhas sonoras são ousadas, mas minimalistas — deixando espaço para afirmar sua tese sobre a vitalidade da negritude. — A.G.
Playboi Carti, 'Music' 5p326h
Music mostra Carti plenamente consciente de seu potencial como talento geracional. Há momentos em que camadas sintetizadas borbulham e se elevam, criando o efeito de luzes de estádio refletindo sobre uma multidão de milhares. Do alto da montanha, Carti olha para trás — para sua jornada e influências — enquanto também ira a vista e pondera sobre sua queda inevitável. Mesmo quando escorrega em cantos repetitivos ou exaure com sua fixação em drogas, mulheres, carros e provocações a rivais, ele continua sendo um astro pop magnético e absolutamente único. — Mosi Reeves
Pup, 'Who Will Look After The Dogs?' 16s31
Os punks de Toronto do Pup já são veteranos, chegando com força ao quinto álbum Who Will Look After the Dogs?. Doze anos após o lançamento do debut frenético e bem-humorado, eles continuam atravessando suas faixas com guitarras aceleradas, enquanto os comentários sarcásticos de Stefan Babcock se transformam em refrões cantados em uníssono pelos "brothers". Mas agora o Pup encara emoções adultas mais difíceis. Babcock fala por todos nós ao fazer a pergunta filosófica: "Sempre me alimentando do cadáver em decomposição da boa vontade e do que resta da humanidade / Que porra há de errado comigo?" — R.S.
Rico Nasty, 'Lethal' 3c2o4f
Desde os tempos em que era uma adolescente em Maryland postando sons agressivos e influenciados pelo trap no SoundCloud, Rico Nasty conquistou seu próprio espaço como uma fúria colorida. Seu terceiro álbum assume um tom mais introspectivo; "Smile" traz uma homenagem emocionante ao seu filho, e "You Could Never" a mostra refletindo sobre o quanto já percorreu. Mas Lethal ainda é uma celebração barulhenta da feminilidade e da ousadia sexual fluida que sempre marcaram sua obra — com faixas como "Son of a Gun" e "Smoke Break" evidenciando influências de ícones do rock alternativo como No Doubt, Avril Lavigne e Paramore. — Mark Braboy
Saba e No ID são duas lendas do hip hop de Chicago, vindos de gerações diferentes. Saba é o poeta cerebral do rap que se destacou com obras dolorosamente intensas como Care for Me (2018) e Few Good Things (2022). Já No ID, o "Padrinho do Hip Hop de Chicago", ou a vida criando os beats com os quais Saba cresceu. Private Collection é um trabalho feito com carinho por ambos — relaxado nos grooves, espiritual nas rimas. Uma obra-prima experimental em que a velha escola encontra a nova, com os dois artistas se desafiando mutuamente. — R.S.
Samia, 'Bloodless' 346a29
Em Bloodless, a cantora e compositora indie Samia vai mais fundo do que nunca e entrega uma meditação sobre a experiência da mulher moderna, repleta de honestidade crua e atmosfera quase sobrenatural. Ela desmonta sistemas de crença e reconstrói sua identidade com uma ferocidade ao mesmo tempo implacável e libertadora. Seja usando metáforas de mutilação de gado ("Bovince Excision") ou escrevendo homenagens a Sid Vicious ("Hole in a Wall"), cada canção gira e se transforma para formar algo que parece um salto definitivo na carreira de uma artista que já era essencial. — M.G.
Mei Semones, 'Animaru' 3g3j5i
Formada pela Berklee College of Music, Semones estreia com um álbum que une musicalidade matemática a uma riqueza melódica impressionante. Ela e sua banda impecável misturam indie rock, jazz e pop de cantautora em composições que vivem em constante mutação, sem nunca soar excessivamente complexas. Pelo contrário, tudo flui com leveza. Cantando em inglês e japonês, Semones conduz faixas como a sutilmente explosiva "I Can Do What I Want" e a adorável bossa nova "Dumb Feeling" com sua voz acolhedora e letras orgulhosamente introspectivas. O resultado é tão luminoso e abstrato quanto a capa do disco. — J.D.
Skrillex, 'F*ck U Skrillex You Think Ur Andy Warhol But Ur Not!!' 1w3u6u
Como sempre com Skrillex, tem de tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo: graves esticados como caramelo e falas sampleadas que são propositalmente cafonas. Há algo de revigorado e energizado no trabalho mais recente da estrela do EDM. É uma jornada do início ao fim, que revela novos detalhes a cada nova audição. O som de Skrillex continua nítido e cheio de textura — há espaço na mixagem mesmo quando ele empilha graves distorcidos tocando o mesmo padrão absurdo. Seus subgraves ainda se contorcem e rugem com alegria, em padrões quase caricatos. É um estilo cultivado, uma marca sonora, um logotipo auditivo de Skrillex. — Michaelangelo Matos
Stereolab, 'Instant Holograms On Metal Film' 1m1z1
Qualquer momento é ótimo para um novo disco da banda pop retrô-experimental Stereolab, mas Instant Holograms on Metal Film, seu primeiro álbum completo desde Not Music (2010), chega em um timing especialmente bom. Com grooves fluidos, sintetizadores pulsantes e letras que desejam mais com elegância, a música do Stereolab se entrega ao êxtase sem cair na alienação. As joias pop meticulosamente construídas, como a envolvente "Transmuted Matter" — uma canção de amor abstrata com uma seção instrumental sem palavras — fluem para instrumentais hipnóticos como a rodopiante "Electrified Teenybop!" e jam sessions estendidas como a intensa "Melodie Is a Wound." — M.J.
Malcolm Todd, 'Malcolm Todd' 5w2627
Malcolm Todd quer ser o próximo Main Pop Boy — e seu álbum de estreia mostra que ele está disposto a lutar por isso, mesmo que acabe um pouco machucado no caminho. Aos 21 anos, ele sabe que o pop não funciona mais como na época em que astros como Justin Bieber e Harry Styles surgiram. Não dá para copiar os manuais deles. Agora, ele entra no ringue com uma estratégia própria: observações cuidadosas, guitarras com pegada blues e sintetizadores distorcidos, além de uma visão intrigante de um novo tipo de astro pop masculino — alguém que transforma a autoconsciência (e até a insegurança) em parte do seu charme. — L.P.
Sharon Van Etten, 'Sharon Van Etten and the Attachment Theory' k6t5p
Sharon Van Etten assume aqui um novo papel musical: o de integrante de banda. Ela até nomeia o álbum com o nome do novo quarteto, Sharon Van Etten and the Attachment Theory. É sua obra mais orientada pelo groove — a primeira vez que compõe a partir de jams com outros músicos. Attachment Theory mergulha ainda mais no som carregado de sintetizadores que ela começou a explorar em Remind Me Tomorrow (2019). É impulsivo, com bipes e borbulhas eletrônicas no melhor estilo Vince Clarke guiando o ritmo. Ainda assim, mantém a sinceridade emocional das baladas indie que ela dominou há uma década com seu clássico Are We There. — R.S.
Pictoria Vark, 'Nothing Sticks' 3x302e
Pictoria Vark é o nome invertido de Victoria Park, jovem cantora e compositora que chamou atenção com o disco de estreia, The Parts I Dread, em 2022. Em Nothing Sticks, ela mira mais alto — é o álbum indie-rock perfeito para uma road trip de primavera que você não sabia que precisava. Cheio de guitarras suaves e neblina emocional, o disco se desenrola como o diário de um coração jovem errante, que vaga de cidade em cidade, de sentimento em sentimento, mas sem se sentir conectado a lugar nenhum. Como ela canta, com humor, em "San Diego": "Eu estou onde quer que eu vá." — R.S.
Suzanne Vega, 'Flying with Angels' 372d2t
Quatro décadas após sua estreia como a "nova-fada" do folk, Suzanne Vega mantém seu talento para reflexões lúcidas e músicas limpas que acompanham esse tom, seja ao cantar sobre a doença inesperada de um ente querido ou sobre ucranianos fugindo do país após a invasão. A frágil faixa-título e a luxuosa "Galway" remetem à sua obra inicial, de tons mais folk, assim como sua voz — ainda perspicaz e observadora. Ao lado do ex-guitarrista de David Bowie, Gerry Leonard, que assina guitarras e melodias, Vega também mostra seu lado irônico e brincalhão, com uma homenagem bem-humorada a Dylan (em cima da melodia de "I Want You") e uma canção vigorosa sobre ratos urbanos. — David Browne
Cameron Winter, 'Heavy Metal' 3j3t5i
Cameron Winter, vocalista dos pós-punks nova-iorquinos do Geese, exibe uma habilidade à la Harry Nilsson de extrair o estranho do comovente — e vice-versa — em sua estreia solo. A paleta pop-rock dos anos 1970 range enquanto pulsa, oscila enquanto flutua, e Winter usa seu barítono tanto em tons exaustos quanto em momentos eletrizantes. Ele transita entre destruição e amor, desilusão e transcendência, com espanto, sinceridade, incredulidade e desconfiança. E quando sua busca por sentido encosta em Deus, como em "$0", Winter encontra tudo e nada: "Você me faz sentir como uma nota de um dólar na sua mão / Você me faz sentir como um homem de zero dólar." — J. Blistein
The Weather Station, 'Humanhood' 61663v
No aclamado Ignorance (2021), Tamara Lindeman, do The Weather Station, focou nas ameaças do colapso climático. Desta vez, os dilemas são mais íntimos. Em seu sétimo álbum, Lindeman chega perigosamente perto de fazer a versão dos anos 2020 de Court and Spark, de Joni Mitchell — o tipo de obra-prima que muitos artistas indie sonham alcançar. Misturando com elegância pop, folk, rock, jazz e ambient, o disco encara crises pessoais, momentos de transição e catarses com uma poesia envolvente e decidida. — J.D.
Billy Woods, 'Golliwog' 2p502w
Billy Woods emergiu do subsolo do rap do Brooklyn como um poeta virtuoso — uma das mentes mais independentes e brilhantes do hip-hop nas últimas duas décadas. Em Golliwog, ele mergulha em um álbum de histórias de terror. É uma obra densa, poética, um verdadeiro tour de force onde Woods deixa sua imaginação expandida correr solta por uma distopia onde os monstros reais são mais assustadores do que qualquer invenção. Golliwog é um show de horrores que exige — e merece — escuta atenta. Mas não oferece conforto: para Woods, os monstros estão por toda parte, e sobreviver é uma questão de se manter alerta, sempre um o à frente. — R.S.
Thom Yorke, vocalista do Radiohead, e o produtor Mark Pritchard vêm desenvolvendo este projeto eletrônico minimalista desde os dias sombrios de 2020, trocando faixas à distância enquanto Yorke adicionava vocais tão assombrosos e enigmáticos quanto o esperado — ou ainda mais. Em "Ice Shelf", sua voz é distorcida num lamento robótico sobre uma ambiência cinzenta e batidas subterrâneas, enquanto "The Conversation Is Missing Your Voice" soa como o negativo de uma faixa de R&B. Pritchard mantém as bases limpas e variadas, dando a Yorke espaço infinito para se expandir. — J.D.
Zinoleesky, 'Gen Z' 3n15q
Embora Zinoleesky, de 25 anos, ainda não tenha alcançado o sucesso global avassalador de seu conterrâneo Asake, também vindo do street-pop nigeriano, seu segundo álbum — inteligentemente intitulado Gen Z — é uma prova do seu apurado gosto por produções sofisticadas, sagacidade cool e entusiasmo juvenil que o tornaram querido em sua terra natal. Ele é, discretamente, um mestre de todos os climas: do tom triunfante de "2Baba Flex", em que menciona ícones do Afrobeats em suas eras de ouro, ao sexy e elétrico "Suit & Tie", parceria com o cantor de hip hop Toosii. Esta faixa, junto de colaborações como "Ayamase" com a rapper britânica Ms Banks, mostra que Zinoleesky também é um colaborador versátil. A dominação global talvez não esteja tão distante assim. — M.C.
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