Globo cobre prisão de Collor sem repórteres em Alagoas; afiliada é ligada ao ex-presidente 624j38
Emissora carioca tenta se desvencilhar da TV Gazeta desde 2023, mas judiciário alagoano as mantém juntas 174l36
A Globo cobriu a prisão de Fernando Collor com repórteres de Brasília, ignorando a afiliada TV Gazeta Alagoas, que é ligada ao ex-presidente e com quem trava uma disputa judicial para encerrar a parceria desde 2023.
O ex-presidente Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi detido na madrugada desta sexta-feira, 25, em Maceió (AL). A notícia foi veiculada de forma nacional, porém, um detalhe chamou atenção na cobertura da Globo: a emissora não utilizou repórteres da afiliada, a TV Gazeta Alagoas, para cobrir o caso. q5n48
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O motivo é que a TV Gazeta Alagoas é ligada a Fernando Collor e, desde março de 2023, as duas empresas travam uma “queda de braço” judicial.
Para a cobertura de hoje, a Globo escalou repórteres direto de Brasília, como Gioconda Brasil e Márcio Falcão. Além disso, escalou Gerson Camarotti para comentários. Na GloboNews, ela contou com e de um repórter da CBN Alagoas, empresa do mesmo grupo.
A reportagem do Terra ou o processo e, conforme apurou, a emissora carioca tenta encerrar o contrato com a TV Alagoas há anos, mas decisões do Judiciário têm mantido as empresas “unidas”. Em uma das recentes decisões, por exemplo, a matriz foi obrigada pela Justiça a renovar com a emissora de Collor por cinco anos. O argumento utilizado foi que, “sem a marca carioca, a TV alagoana iria à falência”.
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A TV Gazeta Alagoas é afiliada da Globo desde 1975, quando a marca foi fundada pela família Marinho. Em 2023, a matriz começou uma espécie de “queda de braço” judicial para tentar se desvencilhar da afiliada.
Segundo consta nos autos, o principal motivo do distrato da parceria seria a investigação que condenou Fernando Collor de Mello no Supremo Tribunal Federal, acusando-o de esquema de corrupção, citando ainda a transmissora local como ferramenta para que o ex-presidente recebesse propinas.
Em uma das tentativas de finalizar a parceria, a Globo entrou com um recurso junto ao presidente do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin, para derrubar as decisões do Judiciário que mantêm as empresas “coligadas”. Conforme apurado pelo Terra, o pedido foi feito em 14 de janeiro e não foi julgado.
No processo, a Globo argumenta que o Tribunal de Justiça de Alagoas obriga a empresa a manter o vínculo comercial, ferindo a preservação da marca “de forma desproporcional e abusiva”. A emissora ainda alega que a imposição “prejudica a qualidade e a independência da programação, afetando a ordem pública de forma econômica e social”.
A defesa da matriz também argumenta no processo que já fechou contrato com o grupo TV Asa Branca, de Caruaru (PE), para dar continuidade à transmissão da programação em Alagoas.
O caso está em grau de recurso final no STJ, e a definição é prevista para ainda este semestre de 2025. Procurada, a Globo matriz não respondeu até a publicação desta matéria. A TV Gazeta Alagoas também foi notificada e não respondeu. O espaço continua aberto para futuros posicionamentos de ambas as partes.