Team Liquid defende eSports como esporte e explica por que o Brasil virou prioridade global 1i3w3t
Em entrevista ao Game On, organização fala sobre o papel do Alienware Training Facility, a importância do preparo mental e o futuro da forma 4f6l3
Poucas franquias carregam tanto peso no universo competitivo dos videogames quanto a Team Liquid. A organização internacional, que desde 2023 opera o maior centro de operações, moradia e treinamento de eSports da Team Liquid no mundo, no centro de São Paulo, falou ao Game On sobre dois temas essenciais para o crescimento dos jogos competitivos no Brasil: o reconhecimento dos eSports como modalidade esportiva legítima e a formação de novos talentos em alto nível. 343d1b
Quem nos respondeu foi Rafael Queiroz, general manager da Team Liquid no Brasil, que não fugiu de nenhuma pergunta — e detalhou inclusive as políticas internas da organização para e emocional e equilíbrio mental dos jogadores.
"eSports são esporte, sim – e temos como provar..."
Game On: A estrutura da Team Liquid em São Paulo é comparável, em escala e propósito, a centros de treinamento de alto rendimento em esportes tradicionais. Na prática, vocês consideram que já existe paridade entre o que é exigido de um atleta de eSports e de um atleta profissional de modalidades físicas?
Rafael Queiroz: A estrutura da Team Liquid em São Paulo foi pensada para oferecer aos nossos atletas o mesmo nível de e e preparação que se espera de qualquer centro de alto rendimento em esportes tradicionais. Temos equipes multidisciplinares com preparadores físicos, nutricionistas, psicólogos, analistas de desempenho e uma rotina diária estruturada. A exigência hoje é altíssima — não só em termos de performance dentro do jogo, mas também de disciplina, foco e consistência fora dele. O que exigimos de um pro player hoje é comparável ao que é exigido de qualquer atleta em outras modalidades.
Game On: Ainda existe resistência em aceitar eSports como esporte. Na visão da Team Liquid, o que falta — ou já não falta — para encerrar esse debate de vez?
Rafael Queiroz: Os eSports reúnem todos os elementos que definem uma prática esportiva: competição em alto nível, preparação física e mental, rotina intensa de treinos, trabalho em equipe e performance sob pressão. Além disso, movimentam milhões em audiência, patrocínios, produtos e contam com estruturas profissionais. Do nosso ponto de vista, nossos atletas são esportistas profissionais em todos os sentidos.
Game On: O que difere, de forma objetiva, a rotina de um jogador da Liquid daquela de um atleta de elite em modalidades como futebol ou vôlei? Onde os eSports já superaram esses formatos tradicionais?
Rafael Queiroz: A principal diferença está no tipo de esforço. Enquanto atletas de modalidades tradicionais focam na performance corporal, nossos jogadores treinam raciocínio rápido, coordenação motora fina, decisão sob pressão e comunicação. A rotina inclui treino tático, análise, e psicológico, acompanhamento nutricional e prevenção de lesões. Nos esportes tradicionais já existem ferramentas validadas há décadas — nos eSports, estamos construindo essas bases agora, a os largos.
Formar jogadores é importante — mas manter o nível mundial é o foco
Game On: A escolha do Brasil para sediar a maior facility da Team Liquid no mundo foi estratégica ou circunstancial? O país já revelou talentos suficientes para justificar esse tipo de investimento?
Rafael Queiroz: O Brasil é um dos mercados mais apaixonados e engajados em eSports. Tem uma comunidade imensa, um histórico de talentos e resultados concretos em CS, Valorant, LoL e mais. Esse investimento reflete nosso compromisso de longo prazo com o cenário brasileiro. Acreditamos que, com infraestrutura e profissionais qualificados, conseguimos potencializar talentos e formar novas gerações.
Game On: Além de dar visibilidade e estrutura, o que a Team Liquid faz ativamente hoje para formar novos jogadores? Existe um sistema interno de base ou desenvolvimento?
Rafael Queiroz: A Team Liquid não tem um programa específico de desenvolvimento de base porque buscamos atletas World Class. Porém, fomentamos iniciativas que ajudam a comunidade a crescer, como o “Resenha das Minas” no Valorant, e a “Copa Cavavalo”, que simula a estrutura de um torneio profissional para jogadores da comunidade.
Game On: Como vocês lidam com questões emocionais e psicológicas no ambiente competitivo? Existe um protocolo interno quando o jogador entra em queda de performance?
Rafael Queiroz: Temos um protocolo interno de acompanhamento contínuo, com psicólogos e especialistas que trabalham tanto na preparação pré-jogo quanto no e durante quedas de performance. Realizamos sessões de coaching psicológico, acompanhamento individual e coletivo, e garantimos apoio imediato quando sinais de desgaste são percebidos. O bem-estar emocional é tratado com o mesmo grau de importância que o técnico.
Game On: A estrutura do prédio inclui estúdios, loja física e áreas para criadores de conteúdo. O foco hoje é só performance, ou a Liquid já enxerga seus atletas como figuras públicas com obrigação de gerar conteúdo e audiência?
Rafael Queiroz: Nossos atletas são competidores de alto nível, mas também figuras públicas com potencial de engajamento. Por isso, incentivamos que se desenvolvam como criadores de conteúdo e personalidades influentes. A Alienware Training Facility Brasil foi pensada para oferecer estrutura para isso: cabines de transmissão, estúdio modular, ilhas de edição e mais. Queremos que a conexão com os fãs seja parte da identidade de cada jogador.
Profissionalização sem volta
A entrevista mostra o quão longe o cenário competitivo brasileiro chegou — e por que o debate sobre eSports serem esporte “de verdade” já devia ter ficado no ado.
A estrutura criada pela Team Liquid em São Paulo é mais que um prédio: é uma resposta. Um lembrete de que os tempos mudaram, e o que antes era “brincadeira de computador” agora envolve fisioterapia, análise tática, mídia training e pressão profissional.
E se depender da Liquid, isso é só o começo.