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O que causa coágulos na menstruação? Tem a ver com estrogênio? Veja o que dizem especialistas 1z575s

APARECIMENTO DE 'PEDAÇOS' DE SANGUE É COMUM, MAS APENAS AVALIAÇÃO DE MÉDICO GINECOLOGISTA PODE DIZER SE QUANTIDADE E TAMANHO SÃO NORMAIS 582si

17 abr 2025 - 16h07
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O que estão compartilhando: vídeo em que uma nutricionista afirma que coágulos na menstruação significariam excesso de estrogênio no corpo, o que seria causado por um fígado sobrecarregado. Ela afirma que os coágulos podem estar relacionados a diferentes problemas, como câncer de mama. 6i2d72

A presença de coágulos está relacionada a um maior fluxo menstrual.
A presença de coágulos está relacionada a um maior fluxo menstrual.
Foto: Instagram/Reprodução / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Especialistas consultados pelo Verifica explicaram que o aparecimento de coágulos na menstruação é comum, mas apenas a avaliação de um médico ginecologista pode dizer se a quantidade e o tamanho desses "pedaços" de sangue são normais. Não há necessariamente relação com "excesso de estrogênio". Vale ressaltar que, embora uma dieta saudável seja importante para a saúde menstrual, a alimentação sozinha não resolve problemas.

A nutricionista responsável pelo vídeo foi procurada, mas não respondeu.

Coágulos são comuns? Quais as possíveis causas?

Os coágulos no sangue resultam de um fluxo menstrual aumentado, de acordo com o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) José Maria Soares Júnior, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

O médico explicou que não necessariamente há relação com o estrogênio. Segundo ele, a redução desse hormônio por insuficiência ovariana está relacionada com a falta ou a diminuição do sangramento. Já o excesso do estrogênio causado por tumores ou pelo uso de substâncias pode provocar menstruações mais volumosas.

"O estrogênio é importante para o desenvolvimento adequado do endométrio (a "parede" do útero) e ter uma menstruação mais regular", explicou. "O desequilíbrio na produção hormonal de estrogênio e progesterona (outro hormônio sexual feminino) pode ocasionar sangramento uterino anormal".

Vídeo engana ao relacionar menstruação a 'limpeza' e saúde do útero

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Karen de Marca, acrescentou que os coágulos na menstruação podem ocorrer desde o início da puberdade e durante todo o período em que a pessoa produz estrogênio.

Segundo ela, pessoas que fazem terapia hormonal e tomam estrogênio em pílulas realmente podem ter maior efeito trombótico (maior propensão a formar coágulos). A endocrinologista afirmou que o estrogênio produzido naturalmente pela mulher geralmente não tem esse efeito.

A médica Michelle Penna, mestre em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explicou que é preciso uma avaliação ginecológica completa para entender a causa dos coágulos.

Penna explicou que a coagulação é um mecanismo de defesa do corpo humano, que impede o sangramento descontrolado. De acordo com Michelle, a avaliação médica pode confirmar ou descartar se existe alguma alteração na coagulação do sangue.

"Apresentar coágulos na menstruação é habitual, agora a quantidade e o tamanho desses coágulos variam de acordo com o volume do sangramento apresentado no período menstrual", explicou. "Então, para saber se esses coágulos estão dentro de um padrão de normalidade, o ideal é a avaliação de um médico ginecologista".

Algumas possíveis alterações incluem trombofilia (propensão a desenvolver trombose), pólipos endometriais (crescimentos benignos na parede do útero), adenomiose (células da parede do útero crescem na musculatura do órgão) e miomas (tumores benignos no útero). Novamente, apenas a avaliação médica pode dizer se os coágulos estão relacionados a essas condições.

O que é estrogênio? Quais as possíveis alterações?

A endocrinologista Karen de Marca explicou que o estrogênio é o principal hormônio feminino, que é produzido pelos ovários durante a fase ativa de produção hormonal. Quando as pessoas que menstruam entram em menopausa, a produção desse hormônio cai vertiginosamente e pode chegar a praticamente zero.

A ginecologista Michelle Penna esclareceu que o estrogênio afeta diversas áreas da saúde e do bem-estar. O desequilíbrio deste hormônio no organismo pode ocorrer por diversas razões:

alterações hormonais naturais;fatores ambientais;dieta;estresse;condições de saúde.

De acordo com Penna, o desequilíbrio do estrogênio pode intensificar os sintomas da síndrome pré-menstrual, que incluem irritabilidade, alterações de humor, inchaço e sensibilidade mamária.

De Marca ressaltou que, diferentemente do que diz o vídeo enganoso, o excesso de estrogênio no corpo geralmente não é causado por um fígado sobrecarregado. A endocrinologista explicou que o hormônio é metabolizado no fígado quando é ingerido via oral.

"Dentro de um processo fisiológico, não se vê um excesso de estrogênio no órgão", afirmou. "Há um somatório de coisas, como falta de atividade física, má alimentação, aumento de ingestão de carboidratos, que aos poucos podem gerar ganho de peso e aumento de gordura no fígado."

A alimentação pode melhorar o fluxo menstrual?

A ginecologista Michelle Penna afirmou que, para otimizar a saúde menstrual, é necessária uma abordagem integrada e multidisciplinar. É preciso acompanhamento de um ginecologista, além de nutrição adequada, exercícios e redução do estresse.

Ao comentar o vídeo enganoso, que promete um fluxo menstrual saudável por meio da nutrição, a médica afirmou que a alimentação é uma parte importante da equação. No entanto, ela precisa ser combinada com outras estratégias para regular a menstruação.

O professor de Medicina José Maria Soares Júnior reforça que a presença de coágulos no sangue é uma questão que envolve diferentes fatores.

"Dieta adequada é importante para a saúde, refletindo inclusive em doenças. Contudo, uma mulher com sangramento uterino anormal deve também ser avaliada para saber a causa. Apenas a dieta pode não resolver a queixa", afirmou.

A nutricionista Mirele Gomes, especialista em saúde da mulher, acrescentou que é preciso uma atuação integrada do nutricionista com o ginecologista para promover qualidade de vida para essas pacientes.

Segundo Gomes, a alimentação pode, sim, impactar positivamente o fluxo menstrual, mas não se pode afirmar que ela, sozinha, reverte quadros complexos.

De acordo com a nutricionista, a melhora do padrão alimentar, com foco em nutrientes anti-inflamatórios, ferro, ômega 3 e magnésio, pode ajudar a diminuir o fluxo excessivo ou até melhorar casos de amenorreia (falta de menstruação). A melhora é observada especialmente quando são tratados casos relacionados à baixa disponibilidade energética.

"Uma alimentação equilibrada pode modular processos inflamatórios, equilibrar os níveis hormonais e melhorar o metabolismo", afirmou. "Além disso, deficiências de nutrientes como ferro, vitamina B12, zinco, magnésio e vitamina D podem agravar sintomas ginecológicos e dificultar a recuperação".

Gomes ressaltou, no entanto, que é preciso uma avaliação nutricional clínica completa para identificar causas hormonais, anatômicas ou metabólicas que podem necessitar de intervenções conjuntas, médicas e nutricionais.

Estadão
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