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Crescem casos de superfungos em hospitais: OMS vê ameaça global 1dc2j

Entre os principais agentes causadores dessas infecções estão fungos dos gêneros Candida, Aspergillus e Fusarium 155246

19 mai 2025 - 09h15
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu, no início de abril, um alerta internacional sobre a crescente ameaça representada pelas infecções fúngicas invasivas. O problema, que afeta principalmente pacientes imunocomprometidos, internados ou com doenças crônicas, está sendo agravado pela escassez de tratamentos e pela dificuldade de diagnóstico. Segundo a OMS, os fungos mais perigosos podem ter taxas de mortalidade de até 88%. 6u1g47

Foto: ONU News/Divulgação / Porto Alegre 24 horas

Essas infecções se diferenciam das micoses superficiais, como as de pele ou unhas, por atingirem órgãos internos e circularem pela corrente sanguínea. O médico infectologista Roberto Martinez, professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, explica: "A micose invasiva vai além da superfície corporal. Ela atinge tecidos profundos e é considerada uma infecção oportunista, ou seja, aproveita condições de fragilidade do organismo".

Entre os principais agentes causadores dessas infecções estão fungos dos gêneros Candida, Aspergillus e Fusarium. A Candida, por exemplo, pode estar presente naturalmente na flora do corpo humano sem causar danos. Porém, em pacientes debilitados, como transplantados ou pessoas com câncer, ela pode se tornar invasiva. "Cateteres e sondas são vias de entrada comuns", alerta Martinez.

Crescimento dos casos preocupa

Dados da OMS apontam que, anualmente, cerca de 6,5 milhões de pessoas são diagnosticadas com infecções fúngicas invasivas, das quais aproximadamente 3,8 milhões morrem — sendo 2,5 milhões de forma diretamente relacionada à infecção.

A Candida auris, chamada de "superfungo", tem gerado preocupação mundial. Altamente resistente a desinfetantes e antibióticos, ela pode sobreviver em ambientes hospitalares e colonizar tanto pacientes quanto superfícies. Só em abril, 15 casos foram registrados no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, com uma morte. Pernambuco também confirmou pacientes infectados.

Para Martinez, esse aumento está ligado ao avanço da medicina moderna. "O crescimento dos casos começou quando os transplantes e os tratamentos intensivos se tornaram mais comuns, prolongando a vida de pacientes com doenças graves. Hoje há muito mais pessoas vivendo com enfermidades crônicas", observa. A covid-19 também é apontada como agravante, ao comprometer o sistema respiratório e imunológico.

Resistência e fatores ambientais

Estudos recentes sugerem que o uso de fungicidas na agricultura pode contribuir para o surgimento de fungos resistentes. "Substâncias usadas, por exemplo, no combate à ferrugem do café, acabam se espalhando no meio ambiente, atingindo água e esgoto. Isso favorece mutações nos microrganismos e aumenta a resistência aos antifúngicos", afirma Martinez.

Outros fatores, como mudanças climáticas e o aumento da circulação internacional de pessoas e mercadorias, também estão ligados à maior incidência das infecções.

Falta de tratamentos eficazes

Nos últimos dez anos, apenas quatro medicamentos antifúngicos foram aprovados para uso, e outros nove estão em desenvolvimento — mas somente três chegaram à fase final de testes. Além disso, embora existam exames laboratoriais para diagnóstico, a OMS alerta que muitos países ainda carecem de infraestrutura e profissionais qualificados, o que compromete a detecção precoce.

Segundo Martinez, a melhor forma de prevenção é o controle rigoroso em ambientes hospitalares. "Higiene, equipamentos de proteção individual, e o não compartilhamento de materiais são fundamentais. E, mesmo sem vacinas específicas para fungos, manter a vacinação em dia fortalece o organismo contra outras doenças, o que facilita o diagnóstico e a recuperação", orienta.

*Com a informação Jornal da USP

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