Guaidó convoca greves na Venezuela 4i6m6q
Presidente autoproclamado pede paralisação geral na istração pública do país como parte de operação para derrubar governo. 6x68w
Milhares de manifestantes saíram às ruas nesta quarta-feira (1) em várias cidades da Venezuela contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Os protestos foram convocados pelo líder oposicionista Juan Guaidó um dia depois do levante que não conseguiu derrubar o governo. 4d1l6t
Guaidó discursou aos manifestantes que estavam reunidos em Caracas. O autoproclamado presidente interino do país convocou uma greve progressiva na istração pública a partir de amanhã como novo o da chamada Operação Liberdade, que visa derrubar Maduro.
"Amanhã vamos acompanhar a proposta de greve escalonada", disse Guaidó diante de milhares pessoas que se concentraram no leste da capital. "Se o regime acreditava que tínhamos chegado ao máximo de pressão, se equivocaram. Vamos continuar nas ruas até conseguir a liberdade da Venezuela", declarou.
O opositor também comemorou o fato de que milhares de pessoas estejam nas ruas protestando, "apesar da intimidação" que atribui ao governo de Maduro. Guiadó não se referiu expressamente a ao levante fracassado da terça-feira, no entanto, afirmou que continuará convocando protestos até conseguir o fim da "usurpação", que é a forma como se refere ao mandato de Maduro.
Guaidó disse ainda que o chavismo "vai tentar aumentar a repressão" contra as manifestações e, apesar disso, pediu aos cidadãos que usem uma faixa azul como as que empregaram os militares rebeldes que desafiaram o governo.
Sob um sol escaldante, os manifestantes batiam tambores e carregavam cartazes com a inscrição "liberdade". Em outros pontos da capital, grupos entraram em confrontos com integrantes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).
As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes, que respondiam jogando pedras e coquetéis molotov. Os confrontos deixaram pelo menos 27 feridos.
Violentos protestos ocorreram nos arredores da base aérea de La Carlota, local onde Guaidó iniciou na terça-feira levante contra Maduro. Manifestantes encapuzados enfrentaram os policiais por mais de três horas. Os agentes dispararam em várias ocasiões para conter o avanço dos opositores.
As manifestações populares contra o governo também aconteceram em várias cidades do interior do país.
Movimento de apoio a Maduro 1n301i
Os chavistas também saíram às ruas em apoio a Maduro. Em Caracas, o grupo se concentrou no centro e no oeste da cidade para participar dos atos convocados pelo governo para o Primeiro de Maio.
No ato, Maduro acusou os Estados Unidos de terem comando o levante "contra a democracia venezuelana" e afirmou que a Justiça está procurando os responsáveis pela revolta. "Mais cedo ou mais tarde, pagarão com a prisão pelo crime de traição", ressaltou.
Maduro afirmou ainda que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi enganado quando disseram que ele tinha intenção de fugir para Cuba assim que começou a revolta militar em Caracas. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse na terça-feira que o líder venezuelano desistiu de deixar a Venezuela após ser convencido pela Rússia
Após a convocação de greve de Guaidó, o dirigente chavista Diosdado Cabello, pôs em dúvida que a proposta tenha sucesso e disse que o opositor fala "muitas bobagens". Cabello, uma das principais figuras do chavismo, ironizou ainda as declarações do enviado dos Estados Unidos para o país, Elliott Abrams.
Mais cedo, Abrams afirmou que membros do alto escalão do governo da Venezuela que estariam negociando com a Casa Branca a saída de Nicolás Maduro do poder desligaram os celulares. Ele disse ter ficado frustrado com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, e o comandante da Guarda de Honra Presidencial, Iván Rafael Hernández Dala. "Falaram, falaram e falaram e quando chegou o momento da ação não estavam dispostos a fazer", criticou.
Considerado o "número 2" do chavismo, Cabello acusou o enviado americano de estar mentindo e afirmou que era preciso fazer uma homenagem ao ministro da Defesa pela rápida resposta ao levante militar.
Operação Liberdade 1x734z
A oposição venezuelana vem há meses realizando grandes protestos contra Maduro, mas ainda não conseguiu tirá-lo do poder. As manifestações desta quarta-feira ocorrem um dia depois de uma ousada tentativa revolta militar comandada por Guaidó, que não conseguiu romper o respaldo do alto comando militar ao governo.
O levante foi marcado por confrontos em Caracas entre opositores e forças leais ao regime, que deixaram pelo menos 80 feridos e mais de 100 pessoas presas ontem, de acordo com dados não oficiais. Apesar de não ter conseguido atingir o objetivo pretendido, Guaidó insistiu que "Maduro não tem apoio nem respeito das Forças Armadas, muito menos do povo da Venezuela".
Diante da incerteza, a revolta levou dezenas de venezuelanos a fugiram para o Brasil na terça-feira. Segundo dados do governo, 850 venezuelanos entraram no país a pé, quase o triplo da média que a atravessa a fronteira diariamente.
Enquanto o líder oposicionista foi apoiado como presidente interino por cerca de 50 países, as Forças Armadas mantiveram seu apoio a Maduro, que ainda conta com o apoio de aliados como Rússia, China e Cuba.
Maduro classificou o levante convocado por Guaidó de uma "escaramuça golpista que foi derrotada" e disse que o regime continua contando com o apoio dos comandos militares.
A crise venezuelana aumentou ainda a tensão entre Estados Unidos e Rússia. Pompeo acusou Moscou de desestabilizar a Venezuela ao apoiar Maduro e afirmou que Washington está preparado para intervir militarmente no conflito, se necessário.
Já o ministro russo do Exterior, Sergey Lavrov, criticou a interferência dos Estados Unidos na crise venezuelana. Em comunicado, Lavrov disse ter conversado por telefone com Pompeo e ressaltou que a interferência de Washington em assuntos internos de um país é uma violação do direito internacional. O ministro alertou ainda que a escalada da agressão pode ter consequências sérias.