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Donald Trump enfraquece influência global dos Estados Unidos ao abandonar soft power 6cm6d

Desde que voltou à Casa Branca em 20 de janeiro, Donald Trump promoveu uma guinada radical na política externa dos Estados Unidos. Saída de acordos internacionais, desprezo pelo multilateralismo, cortes em financiamentos culturais e científicos: o presidente norte-americano ataca diretamente os pilares do soft power, peça-chave da influência global dos Estados Unidos há décadas. 5pw60

29 abr 2025 - 11h28
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Desde que voltou à Casa Branca em 20 de janeiro, Donald Trump promoveu uma guinada radical na política externa dos Estados Unidos. Saída de acordos internacionais, desprezo pelo multilateralismo, cortes em financiamentos culturais e científicos: o presidente norte-americano ataca diretamente os pilares do soft power, peça-chave da influência global dos Estados Unidos há décadas. 5pw60

O ex-presidente Donald Trump fala com jornalistas após desembarcar no Aeroporto Internacional de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, no domingo, 16 de fevereiro de 2025.
O ex-presidente Donald Trump fala com jornalistas após desembarcar no Aeroporto Internacional de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, no domingo, 16 de fevereiro de 2025.
Foto: AP / RFI

Para Maud Quessard, diretora de pesquisa do Instituto de Pesquisa Estratégica da Escola Militar da França (IRSEM) e especialista em estratégias norte-americanas, esse recuo autoritário pode enfraquecer de forma duradoura a posição dos Estados Unidos no cenário internacional.

Conceito definido por Joseph Nye nos anos 1990, o soft power se refere à capacidade de um país de atrair e influenciar sem recorrer à força. Uma ideia alheia a Donald Trump, cuja visão das relações internacionais segue uma lógica de confronto.

"Trump despreza o que enxerga como sinal de fraqueza. Para ele, suavidade é coisa de perdedor", resume Maud Quessard, entrevistada pela RFI. Para ela, o slogan "America First", no centro de seu discurso, perde força sem uma estratégia estruturada de influência cultural ou diplomática, como havia no governo Reagan.

"Se olharmos para Trump e aqueles que o acompanham, especialmente seu vice-presidente JD Vance e os ideólogos que o apoiam, eles desprezam a fraqueza e a suavidade. O que eles querem transmitir é força — ou, pelo menos, a imagem da força. O jeito de Trump é: 'Eu chego, fico com tudo, e vocês ficam com nada'", aponta a pesquisadora.

Reagan e o soft power 5x3l

"Eu faria uma ressalva, porque essa expressão "America First" aparece em dois momentos importantes da história dos Estados Unidos, e vale observar especialmente o período dos anos 1980, durante o governo Reagan. Trump ira essa época e, ao mesmo tempo, entra em contradição com ela", diz a especialista.

"Dizer que se defende o 'America First' enquanto se aposta no 'nation branding' — ou seja, na promoção da nação como uma marca — faz parte do vocabulário do soft power. É a ideia de vender o país como se fosse uma marca. Donald Trump entra em conflito com isso, porque um presidente como Ronald Reagan entendeu bem a importância de apresentar os Estados Unidos como uma marca no cenário global", avalia.

"Reagan investiu pesadamente em instrumentos de soft power, principalmente nos meios de comunicação, como satélites e redes de televisão. As agências ligadas ao governo que promoviam a ideologia e o modelo norte-americano no exterior receberam amplos recursos durante sua istração", sublinha.

Queda na atratividade dos Estados Unidos 4x4u4s

Cem dias após reassumir o poder, os efeitos já são perceptíveis. "Os Estados Unidos deixaram de ser vistos como modelo", avalia a pesquisadora. "Alianças tradicionais estão fragilizadas e a confiabilidade de Washington é questionada", continua.

A atratividade do país também caiu entre investidores estrangeiros, agora receosos diante da instabilidade institucional. "O soft power americano se apoiava em pilares robustos: universidades de excelência, mídia internacional, programas culturais e ações humanitárias. Todos esses elementos estão em declínio", analisa.

"E, além disso, para voltar a uma reflexão mais geopolítica, hoje em dia, não se confia mais no aliado americano. Considera-se mesmo os Estados Unidos não como um aliado, mas como um adversário", diz Quessard. "Nesse sentido, o poder de atração e a confiabilidade das instituições do país, sua solidez, também podem ser medidos pelo desmantelamento ou enfraquecimento das alianças promovido pela istração Trump", considera.

"A atratividade dos Estados Unidos também pode ser avaliada pelo fato de que os investidores agora podem pensar que o soft power norte-americano não garante mais instituições que funcionam. Quando se é um investidor, não se investe mais em um país que não tem instituições sólidas, pois isso não é bom para os negócios", avalia.

Desmonte de influência 2b5c5c

A istração Trump cortou verbas de universidades, enfraqueceu programas de intercâmbio como o Fulbright e desmontou instituições simbólicas como a Voice of America e a USAID, agência de ajuda ao desenvolvimento.

"São ferramentas de projeção do modelo norte-americano que estão desaparecendo", alerta Quessard. A suspensão de recursos para universidades como Columbia e Harvard também ameaça o futuro da pesquisa científica e incentiva a fuga de talentos, ainda segundo a especialista.

Uma diplomacia autoritária e coercitiva c1w5o

No exterior, a política dos EUA se torna mais agressiva. A guerra comercial com a China atinge níveis extremos, com tarifas que chegam a 145%. "A economia está sendo usada como arma, em vez de ser instrumento de cooperação e prosperidade", analisa Quessard. "Essa postura fortalece a China, paciente e estratégica, que se beneficia enquanto os EUA se desgastam", resume.

"É isso também que descredibiliza totalmente os Estados Unidos sob o governo de Trump. Ele fez a escolha de se cercar de conselheiros econômicos que são verdadeiros ignorantes em matéria de pensamento econômico", diz a pesquisadora.

"Ele escolheu subordinados dispostos a criar teorias econômicas sem fundamento para tentar justificar como a política tarifária adotada poderia beneficiar — e não prejudicar — o consumidor norte-americano. Não é preciso ter estudado no MIT para perceber que isso é completamente contraproducente", ironiza.

"Os chineses estão comemorando. São os campeões mundiais da paciência estratégica. Só precisaram esperar Trump colocar sua 'estratégia' em prática. A fraqueza do poder chinês é sua baixa atratividade política. Mas esse ponto acaba sendo atenuado pela política adotada por Donald Trump", avalia.

Oportunidade para regimes autoritários 4k2b4u

"O soft power deixou de ser prioridade para o governo Trump", lamenta a especialista. "Pior: a política atual aproxima Washington de regimes autoritários, como o de Viktor Orbán, na Hungria", contextualiza.

"As democracias liberais se tornaram minoria no mundo. O afastamento dos EUA enfraquece instituições internacionais criadas após 1945, como a ONU, e abre espaço para seus adversários: China, Rússia, Irã, Coreia do Norte."

Longe do lema "Make America Great Again", os Estados Unidos de Trump parecem cada vez mais isolados e desvalorizados. Uma mudança estratégica profunda, com sérias consequências para a ordem mundial.

RFI A RFI é uma rádio sa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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