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Sob tensão política, a marcha mundial pelo orgulho LGBTQ+ acontece na capital americana p2n29

Neste sábado (7), Washington, D.C. sedia pela primeira vez a WorldPride, a maior celebração LGBTQ+ do mundo. O evento, que coincide com os 50 anos do Capital Pride — a tradicional parada da cidade — deveria ser um marco de festa e visibilidade, mas acontece sob um clima de forte tensão política. 6tb24

6 jun 2025 - 09h05
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Neste sábado (7), Washington, D.C. sedia pela primeira vez a WorldPride, a maior celebração LGBTQ+ do mundo. O evento, que coincide com os 50 anos do Capital Pride — a tradicional parada da cidade — deveria ser um marco de festa e visibilidade, mas acontece sob um clima de forte tensão política. 6tb24

Os pilares do Pórtico Sul da Casa Branca são decorados com as cores do arco-íris enquanto os convidados participam da celebração do Mês do Orgulho da Casa Branca no gramado sul da Casa Branca em Washington DC, em 26 de junho de 2024, para mostrar as contribuições da comunidade LGBTQI+.
Os pilares do Pórtico Sul da Casa Branca são decorados com as cores do arco-íris enquanto os convidados participam da celebração do Mês do Orgulho da Casa Branca no gramado sul da Casa Branca em Washington DC, em 26 de junho de 2024, para mostrar as contribuições da comunidade LGBTQI+.
Foto: AFP - SAUL LOEB / RFI

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Em seu segundo mandato, o presidente Donald Trump tem promovido uma série de medidas que impactam diretamente a comunidade LGBTQ+, em especial pessoas trans e não-binárias. A atual istração dos EUA baniu mulheres trans do esporte feminino, proibiu cuidados de afirmação de gênero para menores de 19 anos e retirou pessoas trans das Forças Armadas. Além disso, Trump assinou ordens executivas para encerrar programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em agências federais — ações que vêm gerando insegurança até para turistas LGBTQ+.

A política do governo também teve efeitos diretos sobre o evento. Artistas e patrocinadores recuaram: a cantora Shakira cancelou sua participação no show de abertura e grandes empresas como Starbucks, Delta, JPMorgan e T-Mobile — tradicionais apoiadoras de paradas anteriores — optaram por não patrocinar esta edição. Um levantamento da Gravity Research apontou que mais de um terço das empresas da Fortune 1000 planejam reduzir o apoio a eventos do Orgulho em 2025, temendo retaliações governamentais, especialmente aquelas que têm contratos com o governo federal.

A organização da WorldPride, liderada pela Capital Pride Alliance, reconhece o momento difícil. "Somos trans, pessoas de cor, imigrantes, pessoas com deficiência. O ambiente atual impacta diretamente na decisão de quem vai participar", disse June Crenshaw, vice-diretora da entidade, à NPR.

Serão mais de 300 eventos 2k283s

Apesar da tensão, o festival mobiliza a cidade com mais de 300 eventos espalhados por três semanas, desde festas, mostras de cinema e atividades culturais até conferências de direitos humanos e encontros voltados a militares LGBTQ+. O encerramento neste fim de semana inclui um desfile no sábado e um show com Jennifer Lopez, Cynthia Erivo e Doechii. A expectativa é de que centenas de milhares de pessoas compareçam, mesmo com a redução do público internacional.

E o impacto nas delegações estrangeiras é visível. Corais LGBTQ+ de outros países, por exemplo, decidiram cancelar a participação no festival de música que ocorre paralelamente à WorldPride. "As políticas anti-trans e anti-queer do governo fizeram muita gente lá fora se sentir indesejada", disse à NPR Zac, integrante do Coro Gay de Washington. Funcionário federal, ele preferiu não divulgar seu sobrenome por medo de represálias.

Washington, D.C., tem tradição de envolvimento político nos eventos LGBTQ+ — e este ano não é exceção. A escolha da capital americana como sede da WorldPride carrega um peso simbólico ainda maior em 2025. No início do ano, Trump anunciou que assumiria o comando do Kennedy Center, um dos principais centros culturais da cidade. A organização da WorldPride reagiu rapidamente e transferiu os eventos que aconteceriam lá para outros locais, após ouvir preocupações da comunidade trans e drag, que disseram não se sentirem mais bem-vindas no espaço.

Outro episódio controverso foi a tentativa do Serviço Nacional de Parques (NPS) de fechar o DuPont Circle durante o fim de semana do desfile — uma área central para a vida queer de D.C. e palco tradicional das manifestações de orgulho. A justificativa era "preservar monumentos históricos", com base em uma ordem executiva do próprio Trump. A decisão, no entanto, foi revertida em menos de 24 horas, após reação imediata de autoridades locais.

A chefe da Polícia Metropolitana, Pamela Smith, afirmou em entrevista coletiva que o plano de segurança do evento está em construção há mais de um ano. Ele inclui o aumento da presença policial em toda a cidade, unidades especializadas e o apoio de forças de segurança de distritos vizinhos.

A WorldPride 2025 em D.C. acontece, assim, como um reflexo direto da polarização nos Estados Unidos — em que a resistência da comunidade LGBTQ+ se mistura ao receio, à retirada de apoios e a uma vigilância constante do cenário político. Ao mesmo tempo em que celebra a diversidade, o evento deste ano expõe as fragilidades institucionais em torno da proteção dos direitos humanos no país que se apresenta como líder democrático global.

RFI A RFI é uma rádio sa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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