‘Três segundos de eternidade’: grávida de seis meses, fui surpreendida pelo papa Francisco durante visita ao Brasil 1b5q
Em julho de 2013, o argentino esteve em Aparecida (SP) e no Rio, quatro meses após ser eleito para comandar a Igreja Católica 5q6g3
Quando o papa Francisco esteve no Brasil, em julho de 2013, eu tive a oportunidade de vivenciar não só uma das experiências mais marcantes da minha carreira como também uma das mais profundas da minha vida. 58476p
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Devoto da Padroeira do Brasil, Papa Francisco visitou o Santuário Nacional de Aparecida, no dia 24 de julho de 2013, quatro meses após ser eleito para comandar a Igreja Católica e antes de partir para o Rio de Janeiro, para a sua primeira Jornada Mundial da Juventude.
Naquele dia frio e chuvoso, eu me levantei às 3h30 com a missão de percorrer 199 km para fazer a cobertura desse importante momento. Lembro-me até hoje do frio na barriga que tomou conta de mim desde quando fui comunicada por meu editor sobre a viagem. Mas, em todas as projeções feitas em minha cabeça sobre aquele dia, jamais imaginei o que o destino preparava para mim.
Após quase três horas de viagem, cheguei a Aparecida, que estava tomada de carros, policiais e muitos fiéis. Enquanto percorria boa parte da cidade a pé --já que todas as ruas estavam bloqueadas--, era possível ver a empolgação no olhar de cada uma das pessoas que estava ali. Terços e faixas com o nome de Francisco estampados eram órios comuns. Lágrimas e sorrisos se mesclavam com muita frequência e, até quem não era católico –como eu— não conteve a emoção.
Ao fim da missa, a missão era correr para o Carmelo de Santa Teresinha Do Menino Jesus, onde Francisco se encontraria com as carmelitas. Tentei me antecipar a multidão, mas muitos já faziam campana em frente à corda que delimitava o percurso do papamóvel. Aos mais atrasados, sobraram as árvores.
Na porta do convento, eu esperei pacientemente ao lado dos demais jornalistas que ali estavam. Eu até tentei pedir permissão para entrar no local, mas o pedido foi em vão. Continuei aguardando, até que um dos seguranças notou que eu estava grávida –algo que eu mesma já tinha esquecido em meio à adrenalina de uma intensa cobertura.
Ele então me chamou e permitiu que eu ficasse do lado de dentro da corda, um lugar muito privilegiado. Mas não sabia o que esperar. De repente, surge o papamóvel bem devagar. Eu fiquei atônita. Sem qualquer reação. O papa Francisco olhou dentro dos meus olhos –em um olhar penetrante, que invade a alma— e abençoou a minha barriga. Estava no 6º mês da primeira gestação. O momento durou uns 3 segundos, mas para mim pareceu uma eternidade. Que momento!
Mas, logo, esqueci novamente que estava grávida e saí correndo atrás do papamóvel para conseguir pegar registros dele pegando uma criança no colo e continuar cobertura, que deu sequência no Rio de Janeiro, local onde puder ver bem de pertinho o papa em mais duas ocasiões –que me causaram tanta emoção como a primeira.
Foram dias de muito trabalho, perrengue e andanças, que me fizeram entender a unanimidade causada pelo argentino, que transbordava amor pelo
olhar, pelas palavras e pelos gestos. Era tido como um símbolo de esperança por todos com quem conversei --e olha que não foram poucos os entrevistados-- desde a sua eleição em março de 2013.