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Desafio do desodorante faz nova vítima: como proteger seu filho? 4n6q8

O caso reacende um debate necessário: até que ponto as plataformas digitais estão cumprindo seu papel em proteger os usuários? 2a62b

18 abr 2025 - 04h59
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Educação digital não é apenas sobre proibir. É acompanhar, orientar, participar, ajudar na criação de  filtros e estar sempre próximo.
Educação digital não é apenas sobre proibir. É acompanhar, orientar, participar, ajudar na criação de filtros e estar sempre próximo.
Foto: istock

Mais uma tragédia provocada por um vídeo divulgado nas redes sociais chocou o país. Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, morreu na última semana em Ceilândia (DF) após inalar desodorante em um suposto desafio veiculado no TikTok. A prática já havia sido tema de um texto aqui. 167158

Semanas atrás, após a morte de uma outra garota de 11 anos em Pernambuco, quando falamos dos riscos dos jogos virais entre crianças e adolescentes e da urgência em se promover uma educação digital ativa e responsável.

O caso reacende um debate necessário: até que ponto as plataformas digitais estão cumprindo seu papel em proteger os usuários mais vulneráveis? E qual é a responsabilidade das famílias diante do que os filhos consomem online?

Segundo a Polícia Civil do DF, a menina teve morte cerebral após sofrer uma parada cardiorrespiratória. A investigação aponta que ela pode ter participado do chamado “desafio do desodorante”, que consiste em inalar o produto até perder a consciência. Substâncias presentes nos aerossóis são altamente tóxicas e podem causar falta de oxigênio no sangue, arritmias, parada cardíaca, convulsões e danos neurológicos irreversíveis.

O pai da menina responsabilizou o TikTok pela tragédia e pediu justiça. A polícia apura agora se criadores de conteúdo podem ser responsabilizados penalmente pela divulgação desse tipo de material. O celular da vítima foi apreendido, e a plataforma será acionada para colaborar com as investigações.

Esse não é um episódio isolado. Muitos desses desafios — do desodorante, da rasteira, do blackout, da baleia-azul — estão longe de ser inofensivos. Eles seduzem os jovens pela adrenalina, pela promessa de aceitação em um grupo e pela possibilidade de “engajamento”, mas escondem riscos reais, concretos e imediatos.

Mais do que nunca, é urgente falar sobre alfabetização digital desde a infância, criar ambientes de diálogo em casa e estimular que crianças e adolescentes desenvolvam senso crítico diante dos conteúdos que circulam nas redes.

A escola, principal palco de interação entre os jovens, também tem um papel central no estabelecimento de limites e na avaliação de riscos. Educar jovens para a vida hoje implica trabalhar necessariamente as questões que circulam pelo mundo digital. Os perigos não estão apenas nas ruas, mas nas telas que não saem das mãos das crianças e adolescentes.

Importante lembrar que quanto mais novos, menor maturidade, equilíbrio emocional e experiência para lidar com pressões que podem chegar por todos os cantos. Entender a vulnerabilidade nessa fase ajuda os pais a terem maior controle sobre o que, quando e como os conteúdos mais sensíveis podem ser ados.

Educação digital não é apenas sobre proibir. É acompanhar, orientar, participar, ajudar na criação de  filtros e estar sempre próximo. Não é missão fácil! Por isso a importância do trabalho em rede com as escolas, as plataformas digitais e os órgãos reguladores e fiscalizadores. Está mais do que na hora de trabalharmos juntos.

Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra.

Fonte: Jairo Bouer
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