Evite esses hábitos que transformam dor de cabeça em enxaqueca m4t1f
Fatores como uso excessivo de medicamentos, estresse e distúrbios do sono estão entre os principais vilões 4i5e3o
Uso excessivo de remédios, estresse, cafeína e distúrbios do sono podem agravar enxaquecas, mas tratamento especializado e mudanças de hábito ajudam na prevenção e melhora da condição.
A enxaqueca é muito mais do que uma simples dor de cabeça. Trata-se de uma doença neurológica crônica que afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo considerada a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade. 65r57
“No entanto, o que pouca gente sabe é que essa condição pode se tornar ainda mais debilitante quando se transforma em enxaqueca crônica — um quadro em que o paciente sente dores de cabeça por 15 ou mais dias por mês, durante pelo menos três meses consecutivos. Esse agravamento está diretamente relacionado a fatores conhecidos como ‘cronificadores da enxaqueca’”, explica Tiago de Paula, médico neurologista especialista em Cefaleia pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP), membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).
O médico explica que os cronificadores da enxaqueca aumentam o risco de evolução da enxaqueca. Entre os mais comuns estão: uso excessivo de medicamentos analgésicos ou triptanos; distúrbios do sono, como apneia obstrutiva; e consumo de cafeína ou álcool. O uso de analgésicos por mais de 10 dias por mês está diretamente associado à cronificação.
“O uso excessivo de medicações é o cronificador mais frequente, responsável por alterar a resposta dos receptores de dor no cérebro e gerar um ciclo de dependência e piora progressiva da condição, causando um efeito rebote. Esse efeito funciona dessa forma: a pessoa toma a medicação para a crise, tem um alivio momentâneo, pouco tempo depois, a dor volta (reaparece mais cedo e com mais frequência) e ela toma outro comprimido e, quando percebe, já está tomando comprimido quase todos os dias. O paciente toma remédio para dor achando que está tratando a enxaqueca, mas o uso contínuo dela faz com que os receptores fiquem ‘menos sensíveis’ e, com o tempo, o cérebro precisa de doses maiores para obter o mesmo efeito, aumentando assim a quantidade de remédios consumidos e a frequência das crises”, explica o neurologista.
“O consumo de cafeína de forma diária, por exemplo, funciona como o remédio de crise, podendo ter infelizmente esses mesmos efeitos. Um exemplo clássico de dor rebote pela cafeína se dá quando o paciente deixa de tomar por um dia o café que toma diariamente e tem uma dor de cabeça, e então toma o café para melhorar”, completa ele.
O neurologista explica ainda que o cérebro de quem sofre com enxaqueca já apresenta uma hiperexcitabilidade natural — ou seja, uma tendência maior a reagir de forma intensa a estímulos sensoriais, como luzes fortes, ruídos ou variações hormonais. “Fatores cronificadores ampliam essa reatividade, modificando circuitos cerebrais relacionados à dor e dificultando o retorno ao padrão normal”, diz o médico.
A boa notícia é que a cronificação é prevenível e reversível em muitos casos. “É importante saber que remédios de crise só estão remediando um problema e não tratam a doença e que, além disso, podem piorá-la. A campanha ‘3 é demais’ da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) orienta o tratamento da doença quando o paciente apresenta três ou mais crises no mês, o que já causaria um impacto no controle dessa doença. Sabemos que 44.2% das pessoas com enxaqueca não procuram tratamento por achar que já estão tratando com remédios de crise; elas acabam procurando ajuda quando esses remédios param de funcionar, mas nesse caso já estão com a doença crônica e com uso excessivo de medicamentos. Reconhecer e tratar os cronificadores precocemente pode evitar anos de sofrimento. O acompanhamento multidisciplinar, com neurologistas, psicólogos e nutricionistas, traz excelentes resultados”, afirma ele.
Como tratar, de fato, a enxaqueca? 5q3x4h
O médico explica que um tratamento de primeira linha é formado pelos medicamentos orais como anticonvulsivantes e betabloqueadores como propranolol, além dos monoclonais Anti-CGRP, primeiros medicamentos desenvolvidos, do início ao fim, para enxaqueca.
“Eles bloqueiam o efeito do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que contribui para a inflamação e transmissão de dor e está presente em maiores níveis em pacientes com enxaqueca”, detalha o neurologista, que acrescenta que, em pacientes com enxaqueca crônica, a combinação da toxina botulínica com os anti-CGRPs tem se mostrado mais eficaz do que o uso isolado dessas terapias em pacientes mais graves.
“A toxina botulínica é aplicada em pontos nervosos específicos para reduzir a hiperexcitabilidade modulando receptores cerebrais da periferia do sistema nervoso central para região toda encéfalo, ajudando, assim, no controle da enxaqueca. Mas o mais importante é buscar um médico especialista para que o tratamento seja conduzido da melhor maneira”, finaliza.
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