Paulistano deixou o Brasil para ser chef na Itália e hoje fatura quase R$ 1 milhão 4h1ng
Marcelo Cafaldo cozinhou para celebridades e até nobres; Ele é dono do seu próprio restaurante na Itália 6y6h5w
Marcelo Cafaldo, chef paulistano que deixou o Brasil após traumas, superou desafios financeiros e construiu uma carreira de sucesso na gastronomia italiana com o restaurante "L'Officina," hoje com faturamento anual de € 700 mil.
No centro histórico de Roma, na Itália, em meio a edificações seculares e pontos turísticos famosos no mundo inteiro, existe um reduto brasileiro, no mínimo, fascinante. Um dos restaurantes que compõem a gastronomia da região, o L'Officina, tem como chef e Marcelo Cafaldo, de 52 anos --um brasileiro, paulistano e de raízes periféricas. w3g1z
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A vida de Marcelo, com certeza, renderia um livro inspirador: menino da periferia, com poucas aspirações, mas que resolveu remar contra a maré e tem um faturamento anual próximo de R$ 1 milhão --algo em torno de 750 mil euros.
“Eu nasci no Brás, mas logo meus pais mudaram para Itaquera. Cresci a vida toda na periferia. Foi um dos períodos mais importantes da minha vida; foi quando me formei como pessoa, acompanhando minha mãe, uma costureira, e meu pai, que trabalhava na Telesp", relembrou em entrevista exclusiva ao Terra.
Durante conversa por vídeo com a reportagem, ele enumera algumas vezes em que presenciou sua mãe, a quem considera uma pessoa "humanista", ajudando vizinhos, dando de comer a jovens do bairro, sendo ativa na doação de roupas, entre outros exemplos.
Quanto à paixão pela culinária, não foi algo nato para Marcelo Cafaldo. Dá para dizer que foi um amor construído aos poucos, baseado em suas vivências --como na escola, onde ele trocava sanduíches para descobrir sabores, e em casa, onde pegou gosto por fazer bolos. Quase nunca eram bem elaborados, mas, por um tempo, foi um ritual familiar bastante agradável.
'Sofri diversos assaltos e me cansei do Brasil' 2w503r
Quando Marcelo chegou à adolescência, a família resolveu investir em um restaurante. Nessa época, ele pegou um pouco mais de gosto pela profissão da cozinha, principalmente porque tinha uma namorada e gostava de surpreendê-la com gestos gastronômicos.
A decisão de morar fora do Brasil surgiu nos anos 2000, quando, já com 26 anos, Marcelo Cafaldo sofreu alguns assaltos traumáticos --um deles à mão armada, na porta de sua casa. “Foi algo horroroso, bem pesado. [...] Fui jogado no chão, chutado. Aquilo me traumatizou de forma profunda. Naquele mesmo ano, resolvi ir embora do Brasil. E nunca mais voltei.”
Com poucas economias, ele viajou para a Itália, onde ficou de 2000 a 2007. Nesse período, fez de tudo para sobreviver: entregador, faxineiro e ajudante de cozinha. Neste último trabalho, finalmente se viu inspirado e decidiu investir na carreira gastronômica.
Em 2007, viajou para a Inglaterra para estudar e trabalhar. Foi empregado na Shell e, por lá, aprendeu com grandes mestres e serviu celebridades internacionais, como Gordon Brown (ex-primeiro-ministro do Reino Unido), Boris Johnson (também ex-primeiro-ministro britânico), Princesa Anne (filha da Rainha Elizabeth II), Michael Schumacher (heptacampeão mundial de Fórmula 1) e até o brasileiro Felipe Massa.
'A virada de chave e os R$ 500 mil de dívidas' 3a303i
Em meados de 2015, Marcelo Cafaldo foi avisado por amigos próximos que um dos restaurantes em que trabalhou na Itália estava sendo vendido, pois o chef enfrentava problemas financeiros. Ao conversar com o ex-patrão, ele topou assumir o estabelecimento sob a promessa de assumir a dívida de 75 mil euros --algo em torno de R$ 500 mil.
Na época, ele já se relacionava com uma italiana, que hoje é sua esposa, e, após conversa, decidiram virar sócios no empreendimento. A dívida alta chegou a balançar o relacionamento.
“Nós não estávamos preparados pra isso, de jeito nenhum. Mas nós tínhamos uma reserva de dinheiro pra poder sobreviver por um bom tempo sem ter que depender do restaurante. [...] Em 11 meses, nós conseguimos sanear o restaurante. E depois, no 12º mês, exatamente depois de um ano, o restaurante começou a ganhar alguma coisa. [...] Hoje, o nosso restaurante tem um faturamento anual de € 700 mil. Claro, tem custos, funcionários, fornecedores... Mas conseguimos ter uma economia legal.”
Aos interessados em conhecer o L'Officina, um estabelecimento que "serve comida do mundo inteiro", como o próprio chef diz, e o ticket médio é de 16 euros no almoço e 35 no jantar.