Kingdom Come: Deliverance 2 é o RPG a ser batido em 2025 406736
Henry continua sua jornada de vingança e aprendizado pela Boémia medieval 54526
Tive o privilégio de jogar o primeiro Kingdom Come: Deliverance pouco antes do lançamento da sua continuação. Isso significa que cheguei com toda a história do plebeu Henry e suas desventuras pela Boémia fresquinha na minha mente. 1e6y5g
O jogo original é uma joia bruta, repleto de mecânicas experimentais e muito foco na imersão. Faltava apenas um pouquinho mais de polimento e experiência do estúdio, Warhorse, para alcançar a glória. E tudo isso veio com sobras em “KCD 2”, o RPG a ser batido em 2025.
Nova jornada, mesmos objetivos 70911
Para falar sobre a ótima narrativa de KCD 2 é preciso entrar em território já explorado pelo primeiro jogo. Ou seja, se você ainda não jogou o título de 2018, há spoilers a seguir.
A jornada aqui começa meses após o final onde Henry descobriu que Radzig Kobyla era seu pai. A guerra pela região da Boémia continua a escalar, com Sigismundo tomando cada vez mais territórios e influenciando a chamada liga dos nobres a seguir com seus planos de poder. Henry já não é o jovem indefeso de antes e continua em busca de vingança pela morte da família na fina Skalitz.
Embora a conexão entre as histórias seja bem direta, não é necessariamente uma exigência ter jogado KCD para aproveitar a continuação. O tutorial cumpre um papel muito digno de apresentar o universo criado pela Warhorse e os principais personagens que vão protagonizar a aventura. É quase como começar The Witcher logo pelo terceiro jogo. De qualquer forma, quem jogou o antecessor vai pegar mais referências e ter mais apego aos personagens já icônicos da franquia, então vale a pena partir do princípio se você tiver tempo disponível.
Henry e o hilário lorde Hans Capon - talvez o melhor personagem da saga - partem para a região de Trosky com a missão de trazer mais aliados nobres para a causa do rei Wenceslau, que continua preso e sem pulso para comandar a nação. Pouco antes de sequer chegarem ao castelo de destino, são atacados por bandidos e sobrevivem por muito pouco, com ferimentos letais que só são curados graças à intervenção de uma curandeira local, uma das primeiras personagens apresentadas nesta nova campanha.
Esse ferimento foi a desculpa que a Warhorse encontrou para tirar o que Henry aprendeu na jornada ada, exigindo aprender tudo sobre combate, alquimia, furtividade e toda a miríade de atributos presentes novamente. Ou seja, de volta a vida de camponês que precisa se virar em um mundo hostil, inclusive sem armaduras ou armas chiques e até sem o seu companheiro canino, que some após a emboscada e precisa ser resgatado em uma das primeiras missões.
Gameplay robusto e gratificante 6h663x
O processo de progressão do personagem continua tão gratificante quanto no antecessor, onde tudo que o jogador faz gera algum tipo de experiência para Henry. Falar com NPCs vai melhorar a lábia, lutar obviamente melhora sua perícia com a arma que tiver usando, além dos atributos mais originais, como adestramento para o seu cão.
O que muda mesmo aqui é o nível em que tudo é elevado, sem aquela sensação de mecânicas inacabadas ou com falhas que comprometem a imersão proposta. Alquimia, por exemplo, continua na mesma pegada do primeiro, onde é preciso ler a receita, usar uma mesa e adicionar os ingredientes da forma correta, com uma base, caldeirão com temperatura e destilação correta no final. É complexo, mas agora está mais intuitivo e fácil de navegar, com resultados menos frustrantes. É possível errar e criar uma poção um pouco mais fraca, ou acertar de forma perfeita e criar uma versão ainda mais poderosa que a normal.
O combate segue a mesma lógica, mas recebeu muito mais carinho. O primeiro tinha todas as ideias inovadoras e legais para gerar imersão ao mesmo tempo que divertia, mas acabou pecando no balanceamento de algumas habilidades e em como os inimigos se comportam, deixando todo mundo meio dependente dos chamados “Golpes Mestre” para avançar em algum momento. Agora tudo parece no lugar. Combos são interessantes e poderosos, mas exigem habilidade. Os inimigos são inteligentes, mas abrem brechas na postura que você pode aproveitar. Tudo é imersivo, exigente e diferente do que há por aí na indústria, mas dessa vez é divertido, responsivo e recompensador.
A grande novidade nesta parte é a possibilidade de criar suas próprias armas e alguns equipamentos na forja, algo que tem tudo a ver com o ado do Henry. O mini game é tão profundo quanto o de alquimia, mas muito mais divertido. É preciso aquecer a base da arma na fornalha, bater com o martelo no tempo e posições corretas e ir repetindo o processo até formar o machado, espada ou mesmo uma convencional ferradura da forma desejada. O processo é sempre muito divertido e me tomou horas e horas de dedicação sem ver o tempo ar. As armas mais poderosas são desafiadoras de forjar e o resultado é sentido no combate, com dano massivo nos inimigos. Como tudo aqui, é exigente mas recompensador.
Personagens marcantes 4x3g37
O mundo e as mecânicas não foram os únicos elementos que foram elevados nesta continuação. A campanha e seus personagens são tratados com muito esmero, polimento no ápice.
As cutscenes são dignas dos melhores jogos que você conhece, com ótima captura das expressões faciais e corporais, dando brilho ao trabalho dos atores que dão vida a esses personagens. Muitos deles celebridades da dramaturgia Tcheca, onde o jogo foi desenvolvido.
Henry se junta com um bando local para conseguir sua missão de atrapalhar o avanço de Sigismundo na jornada, e todo esse grupo brilha. Theresa fica em pé de igualdade com Hans Capon no quesito ser memorável e participa da parte oculta da guerra com maestria, levando aos momentos de reviravolta mais empolgantes da jornada. O padre Godwin retorna e continua hilário, numa mistura de mestre com experiência e o arquétipo de velho bêbado e cheio de sacanagem na mente, quase um mestre Kami nas proporções permitidas por um mundo realista medieval.
Por falar em guerra, desta vez há muitos conflitos maiores e épicos. Em um deles logo no início, na defesa de um castelo, é possível ver o potencial da cinematografia em conjunto com o gameplay da Warhorse. O número de inimigos é gigantesco, eles invadem as ameias por todos os lados. A batalha colossal gera efeitos devastadores no grupo de Henry e as cutscenes entre os embates vão dando toda a tensão e drama necessários para te fisgar. O jogo segue esse nível de qualidade do início ao fim, com qualidade técnica impressionante e exigindo decisões fortes e impactantes para o jogador, que cobram o seu preço sempre em um momento mais a frente.
Considerações 5d506d
Kingdom Come: Deliverance 2 acerta em todos os pontos que coroam um RPG como épico e memorável. Combate, sistemas, atividades pelo mundo aberto e a história de Henry são profundos, cheios de camadas e permitem uma liberdade ímpar. Tudo isso, desta vez, com um polimento exemplar e sem abrir mão da diversão. Se KCD era uma joia bruta, sua continuação é a realização do potencial.
Você pode jogar Kingdom Come: Deliverance 2 no PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Deep Silver.