Mandragora: Whispers of the Witch Tree mistura gêneros em uma jornada desafiadora 2c205r
Combate punitivo, progressão ível e ambientação sombria definem a nova aposta da Primal Game Studio y5w2e
Mesmo com tantos jogos tentando unir gêneros desafiadores, poucos conseguem equilibrar bem suas influências. Mandragora: Whispers of the Witch Tree é mais um título que aposta nessa combinação, misturando o combate punitivo dos soulslike com a exploração interligada dos metroidvanias. Ambientado em um mundo corrompido pela Entropia, o jogo busca entregar uma experiência sombria, densa e carregada de escolhas. e6r4b
Com direção de arte marcante e um sistema de progressão que oferece liberdade ao jogador, o título da Primal Game Studio tenta encontrar seu espaço entre dois públicos exigentes. Mas com tanto peso em suas inspirações, o desafio maior é fazer tudo isso funcionar de forma coesa sem comprometer a identidade própria da obra.
Uma caçada em meio à Entropia 3x213b
Em Mandragora: Whispers of the Witch Tree, controlamos um inquisidor cuja missão é capturar uma bruxa, após ele ter eliminado outra que estava sendo torturada em meio à multidão. Por ter desobedecido à vontade do clérigo rei, agora estamos encarregados de encontrar e levar uma bruxa viva até ele, já que todos em Faelduum foram ensinados a sentir ódio e repulsa por tudo o que não é considerado humano.
Durante a jornada, somos apresentados a outro problema que ameaça esse universo. A Entropia é uma fenda entre dois mundos que está permitindo a invasão de monstros por todo o reino. Nosso personagem precisa enfrentar essas criaturas, cumprir a missão que lhe foi imposta por compaixão a uma bruxa e, ao mesmo tempo, lidar com um segredo que começa a persegui-lo — uma voz em sua mente que questiona suas escolhas e diz o que é certo ou errado.
A história é até bem construída para um metroidvania com elementos de soulslike. Boa parte das cenas conta com diálogos dublados, inclusive as conversas opcionais e os personagens que oferecem missões secundárias. Outro destaque são as cenas principais, algumas são apresentadas em sequências de artes animadas que aparecem quando a trama atinge momentos-chave. Durante os diálogos, os personagens surgem nos cantos da tela com ilustrações feitas à mão, todas de excelente qualidade.
Com o ar da história, certos personagens cruzam o nosso caminho, e é possível convencê-los a ir para o nosso acampamento, localizado na Árvore da Bruxa. Esses personagens nos ajudam a criar novas armas, roupas, órios, aprimoramentos com runas e também oferecem missões de recompensa, geralmente focadas em eliminar um número específico de inimigos. Além disso, é possível conversar com eles para saber o que pensam dos outros que estão no acampamento, e em certas ocasiões eles também disponibilizam missões secundárias, além das que encontramos ao longo da jornada.
O sistema de aprimoramento e criação de itens no acampamento é bem simples, a maioria dos nossos companheiros já vende os materiais necessários para a criação, o que facilita bastante, evitando que seja preciso sair explorando à toa atrás de recursos. Outro ponto positivo é que os personagens que estão no acampamento são realmente interessantes de interagir, com destaque para Shirin, Gerald e Rhys.
O melhor de dois mundos 6p553t
O alicerce ao longo do jogo é o combate. Enfrentamos criaturas dos mais diversos tipos, como ratos gigantes, esqueletos, vampiros, além de inimigos humanos, como magos e bandidos. Por ter um estilo 2.5D, é um pouco curioso ver que o combate se baseia na série Souls, com inimigos que retornam para os mesmos lugares sempre que descansamos na Pedra da Bruxa, que funciona como a bonfire. Quando perecemos, precisamos voltar ao local da queda para recuperar os pontos usados na evolução, chamados aqui de essência em vez de almas. As lutas contra inimigos comuns e mini-chefes acabam ficando cansativas com o tempo e, dependendo da classe escolhida no início, podem até se tornar rápidas demais.
As batalhas contra chefes seguem uma linha tênue entre não serem desafiadoras e, ao mesmo tempo, parecerem injustas. Os golpes são fáceis de prever, mas, ao sofrer qualquer ataque, é quase impossível reagir. Resta apenas gastar todo o vigor tentando se recuperar durante o combate. Outro problema é a presença de chefes que invocam criaturas adicionais em arenas muito pequenas, o que torna as lutas confusas e frustrantes. Em vez de criar confrontos memoráveis, o estúdio parece ter optado por inflar artificialmente o tempo de jogatina.
A árvore de talentos é bastante extensa, com seis tipos de magias que contêm habilidades únicas, além de ivas que melhoram nossos atributos. No meu caso, optei por seguir com o agente das chamas, que utiliza magias de fogo, como a criação de escudos, muralhas e o dano contínuo em inimigos. Mas o título não te limita apenas à primeira escolha: ao alcançar o nível 25, as outras árvores de talentos são desbloqueadas, permitindo a criação de dezenas de builds diferentes ao longo da trama.
Sobre o metroidvania, ela é bem simples e direta. O mapa é bastante intuitivo para saber quais locais ainda não exploramos. Na nossa base, quando achamos pedaços de mapas e entregamos para o Gerald, ele marca pontos de interesse respectivos à região, onde é possível saber onde há mini-chefes, altares, baús, minerais e outros itens que servem para aprimorar e construir equipamentos.
Embora o metroidvania seja simples e bem estruturado, algo que pode não agradar aos fãs mais exigentes do gênero é a possibilidade constante de utilizar a viagem rápida, sem precisar encontrar uma Pedra da Bruxa para se deslocar entre os locais. Isso pode ar a sensação de que a exploração não é tão recompensadora, já que voltar a áreas anteriores se torna muito fácil. Ainda assim, vale a pena explorar os caminhos a pé. Revisitar os cenários continua sendo divertido, e o trabalho da Primal Game Studios em criar as regiões vistas ao longo da história é gratificante, com paisagens dignas das melhores histórias de fantasia.
Um problema constante, no entanto, é o som. A trilha sonora, quando funciona, é maravilhosa, com coros musicais, solos de violão e músicas épicas durante batalhas contra chefes. Mas ela desaparece do nada em diversos momentos e, quando não está sumindo, o áudio engasga como se fosse um carro tentando pegar no tranco. Mesmo após várias atualizações, esse problema ainda persiste.
Considerações 5d506d
Mandragora: Whispers of the Witch Tree é uma mistura ambiciosa de gêneros que, apesar de tropeçar em alguns aspectos técnicos e de design, entrega uma campanha sólida e cheia de personalidade. O combate exige atenção, a progressão é satisfatória, e o mundo criado pela Primal Game Studio impressiona pela ambientação e direção de arte. Com ajustes pontuais, principalmente no áudio e no balanceamento de chefes, o título pode facilmente conquistar ainda mais fãs dos dois gêneros que homenageia.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree está disponível para PC, PlayStation 5, Switch e Xbox Series X|S.
Esta análise foi feita no Xbox Series S, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela ID@Xbox.