Padres de periferia celebram Leão XIV como “um alívio e nova esperança” 6r4s4p
Religiosos brasileiros veem continuidade do legado de Francisco e destacam compromisso social do novo pontífice 175m3z
A eleição do norte-americano Robert Francis Prevost como papa Leão XIV é vista com bons olhos por líderes de igrejas católicas nas quebradas do país. Padres destacam a escolha do nome e a expectativa de uma atuação cada vez mais próxima dos pobres e excluídos.
Além da surpresa, padres de periferias brasileiras avaliam positivamente a eleição de Robert Francis Prevost. Eles gostaram do primeiro discurso, que exaltou o legado de Francisco; do nome adotado, Leão XIV, que indica intenções populares; e do fato do novo pontífice ter atuado no Peru, país periférico, embora seja norte-americano. 1b5k4y
“Foi um alívio e encheu meu coração de esperança, ele tem sensibilidade para a questão social e da dignidade do trabalho”, comemora o padre Mauro Luiz da Silva, responsável pela paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, no bairro Renascença, em Belo Horizonte. O padre é curador do primeiro museu de favela de Minas Gerais, o Muquifu.
Ele explica que o Papa Leão XIII, que tem seu nome continuado, escreveu e encíclica Rerum Novarum, um documento que orienta a igreja. O título da encíclica significa “das coisas novas” e foi escrita em 1891, tratando da condição dos operários.
O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, diz que “o novo Papa é muito bem-vindo e a escolha do nome é surpreendente porque Leão XIII é o grande propagador da doutrina social da igreja”.
De Curitiba ao Rio de Janeiro, novo pontífice é celebrado 2n1y23
Em Curitiba, capital paranaense, o padre Joaquim Parron, 65 anos, atua em sete ocupações de moradias nas periferias. Ele gostou do novo pontífice ter feito carreira no Peru, país periférico, e das referências ao Papa Francisco no discurso de posse. “Ele evoca a dimensão social da evangelização, é um novo ânimo na luta social a favor dos empobrecidos.”
No Rio de Janeiro, Divino Lopes da Silveira, 62 anos, do Morro dos Prazeres, é do Centro de Estudo de Pesquisa Leitura Popular da Bíblia (CEBI). Atuou em praticamente todas as favelas cariocas, como Maré, Rocinha, Vidigal, além da Baixada Fluminense.
“Ficava apreensivo de vir alguém que não tinha nada a ver com o Papa Francisco. Mas a expectativa foi evoluindo e, graças a Deus, pelas primeiras palavras de Leão XIV, deu para perceber uma igreja peregrina, ao encontro do povo”, diz Divino.
Na Paróquia de São José Operário, no Conjunto Habitacional José Bonifácio, a Cohab 2, em Itaquera, zona leste de São Paulo, o padre José João da Silva, 53 anos, expressou “emoção e alegria”, tendo ficado “cheio de esperança” com o Leão XIV, que vai “conduzir a barca de Pedro até a eternidade” – segundo a tradição católica, Pedro foi o primeiro Papa.
Nordeste comemora escolha de Leão XIV 704o3f
Na primeira paróquia quilombola do Brasil, São Roque Matinha dos Pretos, em Feira de Santana (BA), o padre queniano Ibrahim Muinde saudou a eleição de Leão XIV. Coordenador da Pastoral Afro-Brasileira, ele está à frente de treze comunidades quilombolas, reunindo cerca de 16 mil famílias.
Para o padre, a eleição de novo pontífice “nos dá segurança e alegria de que, realmente, ele vai ter esse olhar para os quilombos, para os afrodescendentes, para todos os que até agora são deixados à margem”.
Em Paulo Afonso (BA), na paróquia Sagrada Família, no Tancredo Neves, complexo de três bairros populares, o padre Ronnes Santana aprovou a escolha de um pontífice americano, além da primeira fala de Leão XIV e da escolha do nome, que “expressa preocupação com a questão social”.
No último bairro de Caruaru, segunda maior cidade de Pernambuco, com pouco mais de 400 mil habitantes, o padre Jerffeson Adelino Gomes, 37 anos, comemorou a eleição de Leão XIV na Paróquia de São Paulo Apóstolo, no bairro São João da Escócia. “Vai seguir um pouco a linha do Papa Francisco, mas a seu modo”, resume.